LEGIÃO DOS SUPER-HERÓIS – HISTÓRIAS DE UM PASSADO QUE AINDA VIRÁ – Parte 13 – Morto ao chegar

LSH043AA primeira versão do vilão Starfinger (batizado no Brasil de Zoroastro em sua roupagem mais contemporânea) trazia certo mistério para os quadrinhos. Afinal, tudo indicava que ele era um dos legionários disfarçado. A brincadeira aqui era adivinhar quem deles era a possível ameaça, que surgiu em Adventure Comics 335, de Agosto de 1965, criado pelo escritor Edmond Hamilton e pelo desenhista John Forte.

O novo vilão surge com seu uniforme especial e de seus dedos saem uma enorme combinação de raios capazes de derrotar todos os legionários. Na verdade, os raios por si não são o único problema, já que Zoroastro os usa de uma forma como se conhecesse muito bem as fraquezas de cada herói. Isso se torna mais evidente quando surge a suspeita de que se trata de um legionário. Consegue, por exemplo, deter Superboy com um raio de kriptonita e quase mata o herói Astron, sendo que este só e salvo graças à intervenção de Mon-El.

LSH043BAparentemente agindo como um ativista, o vilão começa a atacar as sete maravilhas do século 30. Cada uma dessas maravilhas já desperta curiosidade suficiente nesta história. Temos, por exemplo, uma cidade INTEIRA que se desloca por trilhos gigantescos pelos mares. Outra maravilha é uma cachoeira reversa, criada graças a um equipamento que drena a água do mar e a joga para cima de uma encosta com pressão o suficiente para dar a impressão de que ela está indo na direção inversa do que seria uma queda. De maravilha em maravilha, Zoroastro vai ludibriando os legionários.

Por fim, descobre-se que o vilão é na verdade… Relâmpago! Mas… como e por que ele teria se tornado um vilão? Tudo é explicado quando se revela que o médico que cuidava do herói (o mesmo que lhe criou o braço mecânico quando o natural foi amputado), com sua sede por experimentos científicos, desejava roubar um novo minério capaz de rejuvenescer qualquer ser vivo. Para distrair a Legião, o cientista hipnotiza Relâmpago e cria os raios em seu braço. Junto com o conhecimento sobre o grupo (afinal, por ser médico particular de Relâmpago, tinha certa intimidade com todos), seu plano iria bem até ser descoberto como o verdadeiro Zoroastro.

Mas, enquanto novos vilões surgiam de forma insidiosa, velhos vilões ganhavam aliados perigosos demais até para eles mesmos.

LSH045AA bela e vilanesca Glorith surgiu como uma espécie de auxiliar do vilão Mestre do Tempo, em Adventure Comics 338, de 1965, criada por Jerry Siegel e John Forte. Apesar disso, seus poderes eram tão vastos que rivalizavam com os do seu líder. Além de sua beleza (maléfica, mas ainda assim muito evidente), sua mais poderosa arma era uma ampulheta capaz de fazer quem a segurasse rejuvenescer, tornando-se jovem, depois criança, depois bebê… até se tornar uma espécie de ameba involuída. Pois é essa arma que o Mestre do Tempo pretende usar contra seus inimigos da Legião dos Super-Heróis.

Glorith arma uma emboscada para a maioria dos legionários e eles acabam sendo transformados em versões crianças. Tudo acontece em um parque de diversões onde vemos a Legião Criançada se divertir. O escritor Jerry Siegel é esperto (ou malandro) o suficiente para explicar que os uniformes se adaptaram aos corpos reduzidos devido a serem feitos de um tecido futurista que se adapta ao crescimento de quem usa (no caso, encolhimento de quem usa).

O Mestre do Tempo, julgando-se vitorioso, aparece no parque e trai Glorith. Acontece que a ampulheta não funciona contra a vilã por ela usar um par de luvas especiais que anulam seu efeito. O vilão pede para que ela tire uma das luvas e faz com que toque a ampulheta. Glorith, dessa forma, rejuvenesce até a forma de ameba.

Após o ato de traição, Mestre do Tempo tem outra utilidade para os ingênuos mini legionários ao invés de transformá-los em ameba. Prometendo doces e brinquedos para a criançada, faz com que usem seus poderes para, inocentemente, cometerem pequenos grandes crimes. Os únicos que ficam de fora, por não terem caído na armadilha, são Brainiac 5 e Superboy. Esses na verdade, ficam presos por uma barreira temporal criada pelo vilão.

LSH045BMas, Mestre do Tempo descobriria que não basta ser vilão, tem que participar! As crianças, que pensavam estar pegando guloseimas, percebem que alguns objetos que roubaram não são exatamente doces prometidos pelo Tio Mestre do Tempo (acreditem, ele chega a chamar a si mesmo dessa forma!). O mini Transmutador, capaz de transformar a matéria, usa seu poder para que a nave do vilão se torne um enorme caramelo… inclusive (adivinhem) a máquina que criava a barreira temporal que impedia Superboy e Brainiac 5, que chegam para dar uma sova no inimigo.

Quase enlouquecido com a birra dos fedelhos, Mestre do Tempo fecha um acordo de fazê-los voltar ao normal em troca de ser deixado em paz. Brainiac 5 (sob protestos do Superboy) aceita a chantagem e seus colegas voltam ao normal.

Mas, Brainiac 5, ao contrário do que imaginavam, não ia deixar barato. Antes do acordo, percebe que o mini Astron quer o que pensa ser um brinquedo nas mãos do Tio Mestre do Tempo. Era nada menos do que um controlador portátil da barreira do tempo… que Brainiac ajusta para barrar a nave do vilão… deixando-o preso no planeta onde pousou. E, num trocadilho sem dó nem piedade, os legionários terminam essa aventura concluindo que foi fácil… como tirar o doce de uma criança.

Mas longe desse clima leve está a história que apresenta um dos membros mais obscuros da Legião dos Super-Heróis, apresentada em 1965, na revista Superboy n° 125, escrita por Otto Binder e desenhada por George Papp.

LSH046AChamar Psíquico de herói soa até meio estranho, mesmo que isso se justifique. Confesso que o pouco que conhecia do personagem era sua breve (e bota breve nisso) participação na saga Crise Nas Infinitas Terras. Até aí, mais me parecia um personagem que usava turbante e foi criado meramente para… sei lá… cumprir a cota de indianos (desculpem o estereótipo preconceituoso) dentro do mundo dos super heróis. Mal sabia eu que aquele “turbante” escondia segredos que desafiavam minha ignorância.

O herói de turbante conhecido como Psíquico surge em Smallville e mostra ser muito útil ao ajudar o Superboy. Seus poderes faziam com que fosse capaz de produzir uma espécie de campo de força poderosíssimo que ele usava das mais diversas e criativas formas. Até aí, começo a rir do estereótipo do indiano de turbante e o poder “psíquico” que remete a um misticismo transcendental.

LSH046BIntrigado, Superboy conhece um pouco mais desse heroico ajudante. Ele usava turbante para esconder a deformidade em seu crânio (e é aqui que paro de rir), já que nasceu com um cérebro enorme, o que provavelmente seja a fonte de seus poderes. A origem dessa deformidade deve-se aos seus pais, astronautas, terem ficado expostos à radiação durante uma missão.

Vindo do futuro, Psíquico teve a chance de demonstrar seu eficiente poder a Legião dos Super-Heróis. No entanto, mesmo se mostrando utilíssimo (seu campo de força conseguia deter vários legionários ao mesmo tempo)… misteriosamente ele é… rejeitado! Indignado com o resultado da seleção, o jovem herói volta ao passado e procura Superboy, a inspiração do surgimento da Legião, para que esse possa, pelo menos, conseguir uma satisfação do porque de sua rejeição. Superboy, que também está surpreso com a decisão de seus colegas, decide viajar ao futuro e conseguir a resposta.

Diante dos legionários, Superboy questiona o porquê de não terem aceitado alguém com um poder que é tão útil. É então (e aí vem o tiro de misericórdia em mim, que já me sentia culpado por ter rido no começo) que aparece o boletim médico de Psíquico. Nele, os exames mostram que a cada vez que ele usasse seu poder… perderia um ano de vida! O jovem, mesmo sabendo de seu destino, diz que deseja servir a Legião… nem que isto custe sua vida. Tocados pela coragem do herói, os legionários decidem torná-lo um membro reserva, utilizando seus poderes apenas se uma grave crise ocorresse.

Agora, me deem licença, pois acho que vou ali lavar meus olhos, que parecem ter sofrido o ataque de micro cebolas…

Autor: Amanda Paiva

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