Túnel do Tempo – O Estigma do Superman

A linha de publicação Túnel do Tempo – saudosa tradução da Editora Abril para o original Elseworlds – é um selo da DC Comics onde os heróis que conhecemos são retirados do seu contexto habitual e colocados em locais ou épocas diferentes. Nesta coluna do Dínamo encontraremos algumas das versões mais exóticas e incríveis dos nossos personagens favoritos.

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O Estigma do Superman (Edição Especial), 52 páginas, Editora Mythos, 2001.
Publicada originalmente em Realworlds: Superman (2000) – DC Comics

tuneldotempo01Com roteiro de Steve Vance e desenhos de José Luis García-López, O Estigma do Superman não é exatamente um Elseworld comum, pois pertence a uma linha de especiais intituladas Mundo Real (Realwords), que “conta histórias de seres humanos normais, cujas vidas são extraordinariamente afetadas por ícones do Universo DC”. Ou seja, não se trata de outra versão do Superman, mas sim de uma história ambientada no mundo “real”, com personagens humanos, onde os heróis dos quadrinhos são personagens fictícios.

A edição é ambientada nos EUA por volta dos anos 60, onde conhecemos a vida de Eddie Dial, nosso protagonista, um típico “loser” ou nerd americano, com um emprego detestável, dificuldade com as mulheres, que sofre com os valentões do bairro em que reside. Eddie tem um senso de justiça apurado e um amor platônico por Betty, que por sua vez namora Pete, líder da gang que o inferniza. Num desengonçado ato de heroísmo, para defender a imagem de sua amada, Eddie acaba provocando Pete e seus amigos, decisão que terminar por alterar os rumos de sua vida medíocre.

Em resposta a sua afronta, o icônico símbolo do herói krypitoniano é tatuado pelos valentões no peito do nerd. A tatuagem, então, passa ser a responsável pela demissão do jovem Eddie, uma maior perseguição por parte dos vizinhos, ocasionando uma grande sede de vingança. Vendo sua vida ruir, o jovem Eddie tenta revidar o mal causado pelos seus antagonistas, porém, como jovem desastrado que é, acaba preso e frustrado, afundando de uma vez a sua vida.

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Na prisão Eddie passa por uma mudança drástica, sempre guiado por seu desejo de vingança. Neste segundo ato da história vemos um novo homem e a tatuagem – a marca do Superman – funciona como catalisador das mudanças na vida do protagonista. Talvez este seja o ponto alto do especial, seus autores cumprem bem a proposta, e o Homem de Aço está sempre lá participando da história mesmo que indiretamente. Mesmo sendo um personagem fictício, o seu “mito” está impregnado na sociedade – especialmente à americana. É interessante como os autores, num exercício de metalinguagem, tocam os diversos aspectos da figura do Superman que de certa maneira “agem” no mundo real, indo do ícone de heroísmo que ele representa, à figura “pop” espalhada em camisetas, bonecos, canecas, etc.. Mas a história não perde seu foco, continua sendo sobre a trajetória de Eddie, sobre sua queda e sua redenção.

Aqui no Brasil o especial foi publicado pela Editora Mythos e, assim como outros que veremos por aqui, tem um formato diferente (15 x 24,5 cm), o que não favorece a HQ e me parece uma escolha ruim. Ao ler está edição temos a sensação de estar assistindo a um filme de ação policial, que, apesar do pouco espaço, prende a atenção do leitor, com uma trama interessante, – com três atos bem delimitados – narrativa e desenhos muito bem executados. O Estigma do Superman é uma HQ bem diferente e inusitada, pois forçou os seus autores a trabalhar com o mito do Superman de maneira singular, com o grande acerto de não que deixar de lado a diversão, ação e surpresas que esperamos de uma boa história de super-heróis.

Por Fernando Fidalgo, especial para o Dínamo.

Autor: Amanda Paiva

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