A onda de filmes baseados em contos de fadas deu uma esfriada, mas ainda assim uma franquia retornou retirando um dos seus elementos mais controversos – e também principais. O Caçador e a Rainha do Gelo dispensa a Branca de Neve de Kristen Stewart e consegue trazer um filme de aventura divertido.
Sete anos após ter ajudado a Branca de Neve a conquistar o reino da feiticeira Ravenna (Charlize Theron), o caçador Eric (Chris Hemsworth) é solicitado para ajudá-la novamente. O espelho de Ravenna começou a causar efeitos nocivos a Branca de Neve, sendo enviado para um local seguro mas nunca chegando a seu destino. Para complicar a situação, a noticia de que o espelho está por aí chegou aos ouvidos da irmã de Ravenna, Freya (Emily Blunt), Rainha do Gelo que vive ao norte e tem uma conexão com o passado de Eric. Agora o espelho precisa ser levado a seu destino antes que Freya o alcance e use seu poder para aumentar a força de seu exército de caçadores. O elenco ainda conta com Jessica Chastain e Nick Frost.
No começo do filme é apresentada a origem do caçador e sua ligação com a rainha do gelo, para depois avançar aos eventos pós Branca de Neve, uma forma inteligente de expandir o universo ao redor dos personagens. O espelho ganhou uma áurea de poder muito similar ao “Um Anel” de Tolkien, influenciando a todos que olharem para sua superfície e sendo um objeto de poder desejado por muitos, funciona bem como elemento condutor de trama. A Rainha de Gelo apresentada tem pouco a ver com a do conto de Hans Christian Andersen ou mesmo da animação Frozen, mas é uma personagem que teve seu “coração congelado” e pune severamente aqueles que demonstrarem amor no seu reino.
Além das críticas a atuação de Kristin Stwart, outro fator que provavelmente tirou ela e o diretor Rupert Sanders da sequência foram as polêmicas fotos em que ambos apareciam se agarrando nos bastidores da produção. O novo diretor é Cedric Nicolas-Troyan, que foi diretor de segunda unidade e supervisor de efeitos especiais no filme anterior, e conduz um filme com clima aventureiro de fantasia antiga, como os que víamos na década de 80. Este clima ajuda quebra um pouco o tom soturno e sombrio estabelecido no filme antecessor. Outro fator que me remete aos filmes antigos de fantasia é a falta de profundidade nos coadjuvantes, mantendo a expectativa constante para uma cena onde eles possam brilhar, mas não correspondendo a isso. Dou como exemplo os anões que estão ali somente para alívio cômico e mais nada.
Chris Hemsworth novamente interpreta um Thor sem a postura divina, e que serve a história como o cara da força e não do cérebro, mas que ainda sustenta carisma. Destaque vai para Charlize que mesmo aparecendo pouco brilha na tela, e para Jessica Chastain (suspiro) que está linda demais como a caçadora Sara. Jessica e Chris tem uma química muito legal e funcionam bem como casal na tela (muito melhor do que o par romântico que ele fazia com Kristen e até o que ele faz com Natalie Portman na franquia da Marvel).
Acredito que nem todos os filmes de fantasia precisam ser épicos com batalhas entre grandes exércitos, podendo sim ser apenas aventuras honestas, uma diversão com clima de Sessão da Tarde. O Caçador e a Rainha do Gelo não é um filme perfeito, mas supera seu antecessor e entrega o que se propõe, recomendo que assista de maneira descompromissada que certamente irá se divertir.
ArgCast 