Filme: Star Wars – Os Últimos Jedi [Review]

Há dois anos, uma saudosa franquia voltava as telonas com um despertar, e agora retorna novamente para dar sequência a uma das sagas intergalácticas mais famosas do cinema. Mesmo seguindo a cartilha de um filme que está no meio de uma trilogia, Star Wars – Os Últimos Jedi foca no desenvolvimento dos personagens e em uma trama que sabe usar a expectativa do público para criar ótimas surpresas.

Mesmo após a destruição da poderosa base Starkiller, a Nova Ordem vem ganhando mais poder na Galáxia, criando um cerco cada vez maior aos únicos que ainda se opõem ao seu domínio – A Resistência. A esperança de todos está com Rey (Daisy Ridley) que foi em busca do antigo Jedi Luke Skywalker (Mark Hamill) em busca de apoio contra seu antigo pupilo e sobrinho, Kylo Ren (Adam Driver). No elenco John Boyega, Carrie Fisher, Oscar Isaac, Andy Serkis, Lupita Nyong’o, Lara Dern e Benicio Del Toro.

Como o filme antecessor bebeu muito da fonte de “Uma Nova Esperança”, muitos acreditavam que este seguiria os moldes de “O Império Contra-Ataca”, e apesar de alguns conceitos serem próximos como a resistência fugindo de um avanço do império e o protagonista querendo treinar com um mestre, a construção do filme segue uma linha própria e bem diferente do que foi visto na franquia até o momento. O roteiro começa um pouco arrastado, ganhando força mesmo do terceiro ato em diante onde ele praticamente entra em hiperespaço em cenas literalmente épicas. O trunfo do filme está na forma como o diretor Rian Johnson brinca com as expectativas do público, seja com as coisas mostradas nos filmes passados, nos trailers ou no próprio filme. A direção de arte e fotografia é de encher os olhos, com composições lindas que fazem deste filme um dos mais bonitos da saga. Rian vai além do maniqueísmo estabelecido na franquia, dando tons de cinza para ambos os lados, o que fica evidente nos personagens de Rey e Kylo.

A jovem de Jakku está com sede de respostas, trazendo uma Daisy Ridley mais confortável no papel e tirando um pouco da inocência da personagem para acrescentar novas camadas. Kylo era um personagem com muitos conflitos no filme passado e neste ele inicia o filme da mesma forma, mas no decorrer da película ele vai se revelando um vilão digno da franquia, mostrando que não é apenas uma sombra de Vader. Ambos estão passando por transformações, e o filme explora muito a conexão deles neste ponto. Outro personagem que cresce bastante é Poe e sua busca por querer fazer a diferença dentro da guerra e o confronto com a ótima Vice Admiral Holdo, Finn passa por algumas coisas mas não tem um desenvolvimento tão grande. Interessante ver que aqui os personagens clássicos não são usados apenas para causar nostalgia, mas como figuras que ainda fazem parte daquele contexto todo e estão conectados a tudo. Dá para ver que é o mesmo Luke Skywalker que você acompanhou nos outros filmes, Hamill está melhor do que nunca e tem uma química ótima com Ridley, e está em algumas das melhores cenas do longa. As cenas de Carrie Fisher são lindas, ficando nítido que o filme quis prestar uma homenagem respeitosa a eterna princesa Leia. 

Temos aqui um humor e uma quantidade de animais variados maior que o filme passado. Sinceramente estas coisas não me incomodaram, principalmente porque Star Wars sempre teve destas coisas, está no cerne da franquia, e também porque o humor é bem pontual e os animais não chegam a incomodar ou ter grande destaque (ao contrário dos Ewoks em “O Retorno de Jedi”). Se tem algo que me incomodou foram algumas cenas que parecem ter “sobrado” na edição mas entraram no corte final mesmo assim, coisas que poderiam ter sido reduzidas, alteradas ou até mesmo cortadas pois quebram o ritmo do filme. Um exemplo é a triste cena do cassino, que parece algo tirado dos episódios 1, 2 e 3 e colocado ali por engano.

Não diria que este é o melhor filme da saga (pra mim ainda é “O Império Contra-Ataca”) mas Star Wars – Os Últimos Jedi esta entre os melhores, entregando um espetáculo visual surpreendente e encaminhado a nova trilogia para um desfecho épico em 2019. Fiquei feliz também em ver que muitas teorias merdas e supostos roteiros vazados não se mostraram verdadeiros, no fim das contas parece que a Disney está fazendo um ótimo trabalho com a criação de George Lucas – e espero que se mantenha assim.

Autor: Róger

Criador da serie de quadrinhos Dragão Escarlate, trabalhou com sketch cards da Marvel e da DC Comics, ilustrações para a revista Dragon Slayer ligadas a RPG, além de arte-final para Smallville Season 11 (DC Comics). Atualmente produz a série de webcomics Offline e escreve reviews de cinema para o site do Dínamo Estúdio.