Filme: Deadpool 2 [Review]

Ryan Reynolds conseguiu convencer a Fox a fazer um filme solo do mercenário mais surtado dos quadrinhos, rendendo um filme inesperadamente divertido. Deadpool 2 aumenta a escala das piadas e referências a cultura pop, mas precisa lidar com a expectativa gerada após o sucesso do antecessor.

Enquanto lida com as consequências de popularidade de seu trabalho como mercenário, o insano Deadpool (Ryan Reynolds) faz um trabalho com os X-Men, conhecendo o jovem Russell (Jullian Dennison) um mutante com poder de fogo altamente destrutível. Ao se afeiçoar com o garoto, ele acaba no meio do caminho de Cable (Josh Brolin), um viajante do futuro que pretende matar Russell e impedir que o mesmo se torne um poderoso vilão. No elenco Morena Baccarin, Zazie Beets, Brianna Hildebrand, Terry CrewsT.J. Miller e Leslie Uggams.

Com a entrada de David Leitch no projeto, diretor do primeiro John Wick, era sabido que as cenas de ação ficariam primorosas, até porque aqui ele está livre para fazer coisas insanas que só um cenário como este pode permitir, mas infelizmente o trabalho de CG ficou estranho e tosco em alguns pontos, sem falar no ritmo. Como tentaram emplacar um arco dramático e introspectivo ao protagonista, o filme começa explorando um tema, depois muda pra outro, aí quer voltar pro um e fica bagunçado demais.

Muito bom ver como Reynolds está cada vez mais confortável no papel do herói, usando ele até para fazer piadas com sua própria carreira de ator. Desta vez ele não quebra tanto a quarta parede como no filme passado, e quando o faz acaba mais parecendo uma narração ou comentário solto. As piadas são atuais, não se limitando ao universo cinematográfico da Marvel mas também a DC, e até mesmo o criador do personagem Rob Liefeld não ficou de fora. O problema do excesso é que algumas são repetitivas, descartáveis ou apenas bobas, mas as boas valem muito a pena.

A cena pós-créditos do primeiro longa confirmava a presença de Cable, personagem ícone dos anos 90 nos quadrinhos, mas como ele tem uma origem truncada e bagunçada, simplificaram e resumiram ao extremo seu background, tornando-o basicamente um viajante do tempo vingativo. O visual que deram a Josh Brolin ficou excelente, ele sabe encarnar o cara durão e implacável, porém toda vez que ele abria a boca me lembrava do Thanos. Jullian Dennison convence como mutante revoltado, os outros atores também mandam bem, mas sem sombra de dúvidas o destaque vai para Domino. Cheia de carisma, atitude e um super-poder explorado de maneira criativa, ela se integra totalmente ao universo zoeira de Deadpool, com o único problema de ter um espaço pequeno, deixando gostinho de quero mais.

Tenho certeza que Deadpool 2 vai fazer bastante sucesso, ter uma boa bilheteria e render boas risadas do público. As melhores piadas e surpresas não foram reveladas nos trailers, mas mesmo assim ele me soa como uma excelente piada que vai cansar se vista muitas vezes (o que não acontece com o primeiro filme, graças ao estilo mais despretensioso). Assim como neste filme, os próximos terão que investir nos personagens periféricos ao mercenário, ou a fórmula vai acabar ficando repetitiva. Agora é ficar de olho pra ver o que vai acontecer com o personagem se a Disney realmente comprar a Fox.

#peideiesai

(Obs.: Algumas das melhores piadas do filme estão nas cenas pós-créditos, mas elas acontecem ainda nos “pré-créditos”, não precisa ficar até o fim das letras.)

Autor: Róger

Criador da serie de quadrinhos Dragão Escarlate, trabalhou com sketch cards da Marvel e da DC Comics, ilustrações para a revista Dragon Slayer ligadas a RPG, além de arte-final para Smallville Season 11 (DC Comics). Atualmente produz a série de webcomics Offline e escreve reviews de cinema para o site do Dínamo Estúdio.