Filme: Missão: Impossível – Efeito Fallout [Review]

Adaptações de séries antigas para o cinema não costumam vingar, vide Esquadrão Classe A, Agente 86, A Feiticeira e Miami Vice, mas tem uma que ano após ano sempre faz sucesso. Com Tom Cruise a frente (e sempre correndo rápido) Missão: Impossível – Efeito Fallout é o sexto filme da franquia, colocando novamente os agentes da IMF em ação contra as forças do mal com seus gadgets e sorte imensurável.

Por colocar a vida de seus companheiros a frente do objetivo da missão, o agente Ethan Hunt (Tom Cruise) falha e acaba por deixar que uma mala com plutônio caia nas mãos de um grupo denominado “Os Apóstolos”, liderados por um homem misterioso que tem a intenção de estabelecer uma nova ordem mundial. Os agentes da IMF terão que correr para recuperar o plutônio antes que se tornem bombas nuclear, mas devido a falha que tiveram, serão obrigados pela CIA a levar o agente August Walker (Henry Cavill) como apoio e supervisão para que nada saia do planejado. Junto a sua equipe, Ethan se vê em uma trama cada vez mais complexa, onde além de tudo terá que lidar com alguns fantasmas e escolhas feitas no passado. No elenco Simon Pegg, Ving Rhames, Rebecca Ferguson, Angela Bassett, Sean Harris e Vanessa Kirby.

A franquia Missão: Impossível tinha o hábito de trocar de diretor a cada filme, resultando sempre numa sequência com um tom bem diferente da anterior, mas do terceiro filme em diante passou-se a estabelecer alguns elementos chaves que deveriam estar presentes em seus subsequentes: Locações exóticas, festas de gala, Tom Cruise em cenas cada vez mais temerárias sem dublês e reviravoltas, estas por sinal que aqui parecem ser executadas por um exímio ilusionista, pregando peças ao público o tempo todo. Foi se criando também uma trama cujo as consequências de um filme eram sentidas nos próximos, contrariando a maneira episódica que a franquia era tratada até então. Aqui não é diferente e o diretor Christopher McQuarrie (que também estava a frente do longa anterior, Missão: Impossível – Nação Secreta) usa com maestria um dos elementos fundamentais do sucesso das missões de Ethan – a sorte em seus improvisos.

Como um bordão, toda vez que Ethan é interpelado de como fará algo que não estava planejado repete “eu dou um jeito”, por mais absurda que seja a situação (já que os planos inicialmente idealizados carecem da mesma sorte e nunca saem como esperado). Acredito que muito do charme de Missão: Impossível está nesta “imprevisibilidade previsível” das missões audaciosas, na criatividade dos roteiristas de se superarem a cada película com cenas de tirar o fôlego, ação que vai além do protagonista e exige um trabalho de toda equipe para dar certo, tudo isso de uma forma elegante com uma fotografia de babar e pitadas pontuais de humor.

Estranhamente Cruise está mais novo neste filme que em seu antecessor, mostrando fôlego em suas tradicionais corridas e energia até nas cenas que dão errado, como quando tem que saltar de um prédio para outro e se fere de verdade, cena esta que acabou sendo incluída no corte final do filme. Para um personagem que quase saiu da franquia dois filmes atrás, Ethan é bem utilizado, e mesmo sendo phodão está mais “humano”, falhando, se ferindo e tendo que lidar com dilemas morais e pessoais. Finalmente vemos o polêmico “bicódi” que Henry Cavill não pode tirar para as gravações extras de Liga da Justiça em ação. O ator consegue entregar um personagem que apesar de raso cumpre seu papel muito bem, principalmente nas cenas de ação (destaque para briga no banheiro). Como sempre os agentes de apoio de Ethan esbanjam carisma, principalmente Simon Pegg em suas crises de ansiedade e Rebecca Ferguson, repetindo sua personagem forte que roubou a cena no filme anterior.

Apesar de não colocá-lo como melhor filme dentre os seis, acredito que Efeito Fallout mantém a qualidade da franquia nas alturas, conseguindo equilibrar diversão, ação e uma boa trama de espionagem de forma empolgante. Mesmo se valendo de clichês e auto-referências, é bom ver quando conseguem manter qualidade mesmo após tantos filmes e acredito que ainda virão mais pela frente (ao menos enquanto o Tom Cruise puder correr).

Autor: Róger

Criador da serie de quadrinhos Dragão Escarlate, trabalhou com sketch cards da Marvel e da DC Comics, ilustrações para a revista Dragon Slayer ligadas a RPG, além de arte-final para Smallville Season 11 (DC Comics). Atualmente produz a série de webcomics Offline e escreve reviews de cinema para o site do Dínamo Estúdio.