Filme: Megatubarão [Review]

Volta e meia eu comento aqui que filmes nem sempre precisam ser cabeça, podendo apenas ser um entretenimento para te divertir durante um período de tempo – e este filme segue exatamente este propósito. Megatubarão mistura o clima de ação dos filmes da década de 80 com uma premissa maluca de um filme do canal Syfy.

Durante uma pesquisa em uma profundidade nunca antes explorada no mar, um submarino tripulado é atacado por algo desconhecido. Para auxiliar no resgate, a equipe de oceanógrafos pede ajuda a Jonas Taylor (Jason Statham) um mergulhador traumatizado e desacreditado após ter dito que presenciou uma criatura marinha gigante no passado. Durante o resgate se descobre que o submarino foi atacado pela mesma criatura que Taylor enfrentou – um tubarão pré-histórico chamado Megalodon que possui mais de 20 metros de comprimento. No elenco Ruby Rose, Li Bingbing, Rainn Wilson, Jessica McNamee, Page Kennedy, Winston Chao e Cliff Curtis.

Por incrível que pareça, este filme é adaptação de um livro lançado em 1997 (MEG: A Novel of Deep Terror) pelo autor Steve Alten, e agora adaptado para a telona pelo diretor Jon Turteltaub. A direção de Jon é assertiva ao assumir que está trabalhando com uma temática de filme B, usando os clichês do estilo ao seu favor. Temos o herói fodão relutante, uma criatura absurda e com CG questionável (tem horas que a criatura parece não ter peso) o milionário excêntrico que está bancando tudo, os cientistas que tiram conclusões dos fatos em segundos e até a criança espertinha e cheia de carisma.

Um dos pontos altos do filme é o carisma dos personagens, que muitas vezes compensa as falhas na atuação. As pitadas de humor no roteiro são intercaladas com a tensão de câmeras em plano fechado, principalmente quando no fundo do mar, nublando a presença do animal. Raramente digo isso, mas o efeito 3D pro cinema é usado de forma decente neste filme, reforçando minha teoria de que ele foi feito com foco no entretenimento e diversão.

Por ter parceria com produtora chinesa e obviamente visando este mercado, o filme destaca bastante os atores e localidades do oriente, tornando a personagem de Li Bingbing em alguns momentos tão protagonista da ação quanto Jason Statham (apesar que ele domina as cenas maiores, como uma em slow-motion que certamente tem influência de games). A química entre os dois não é lá grande coisa, mas filha da personagem de Bingbing consegue equilibrar as coisas, ela rouba a cena quando aparece. A progressão da narrativa tenta explorar algumas cenas de diálogos entre os personagens para aprofundar um pouco que seja em suas personalidades, o que ajuda a gerar o carisma que mencionei anteriormente. Um pré-requisito indispensável para levar ao cinema é a suspensão de descrença, não só pela presença óbvia de uma criatura impossível e pelos absurdos científicos, mas também para todos os furos de roteiro que fazem a equipe ser incompetente em seus protocolos, deixando margem para o caos gerado pela criatura.

Filmes de tubarão são quase um sub-gênero por si só, e talvez este seja um dos mais robustos lançados nos últimos tempos. Recheado de tensão e suspense na medida para não ser um horror e atrair um público mais jovem, Megatubarão tem tudo para alavancar uma grande bilheteria nas telonas, mostrando que a ação dos anos 80 e 90 ainda está no páreo contra a dominância das produções de super-heróis.

Autor: Róger

Criador da serie de quadrinhos Dragão Escarlate, trabalhou com sketch cards da Marvel e da DC Comics, ilustrações para a revista Dragon Slayer ligadas a RPG, além de arte-final para Smallville Season 11 (DC Comics). Atualmente produz a série de webcomics Offline e escreve reviews de cinema para o site do Dínamo Estúdio.