Filme: O Predador [Review]

Existem franquias que começam bem mas acabam não conseguindo manter a qualidade em suas sequências, inevitavelmente sofrendo um remake/reboot ou mesmo uma sequência/reboot, algo comum hoje em dia. O Predador segue essa linha, trazendo os alienígenas caçadores em uma trama com muita violência, humor e ação.

Durante uma missão com seu esquadrão, o militar Quinn McKenna (Boyd Holbrook) acaba se deparando com uma estranha criatura que mata todos os seus homens e, por precaução, pega alguns equipamentos alienígenas como provas do ocorrido. Quando estes equipamentos colocam seu filho em perigo, ele se une a um grupo de ex-soldados desajustados para proteger o garoto, enfrentando uma ameaça altamente letal. No elenco Olivia Munn, Keegan-Michael Key, Sterling K. Brown, Trevante Rhodes, Yvonne Strzechowski e Thomas Jane.

A ideia inicial era “rebootar” a franquia, começar novamente, mas o diretor Shane Black (que atuou e ajudou no roteiro do primeiro) preferiu não ignorar os filmes passados, mas ainda assim abrindo espaço para incluir novos elementos neste universo. Procuram expandir mais as motivações das criaturas e seus objetivos (afinal, não dá pra ser uma raça de bichos que só pensam em se divertir caçando entre planetas). Me incomodou a forma como eles trabalharam os predadores, que nos primeiros filmes são mostrados como caçadores sorrateiros, que usam de estratégia para pegar suas presas, mas aqui eles são só caras grandes e fortes com armamento tecnológico. Houveram muitas oportunidades para explorar esses elementos que caracterizam o monstro. A grande violência (que elevou a classificação etária para 18 anos aqui no Brasil) é muito caricata e mal consegue impressionar, parecendo mais cenas de algum game. No geral a ação é bacana, mas no terceiro ato começa um festival de forçação que destoa do que havia sido apresentado até então.

Holbrook entrega bem o protagonista canastrão que Shane Black gosta de colocar em seus filmes, mas ele perde em carisma para os outros parceiros de jornada. Aliás, a franquia costuma apostar em um grupo de personagens cheio de particularidades para acompanhar o personagem principal, e aqui capricharam muito bem, mesmo que nem todos sejam bem explorados. Este tipo de estrutura lembra muito um grupo de RPG, e isso nas mãos de Black é um prato cheio pra bastante humor. Olivia Munn começa como cientista toda entendida dos assuntos, mas do nada e sem explicação sai pegando arma e correndo pra ação e, ainda assim, faz pouca coisa. No fim tudo se resume a um festival de clichês e canastrices tentando emular o espírito da década de 90 (tem até a “criança gênio”) o que é divertido mas ainda assim parece faltar algo.

Por mais que reúna elementos que remetem ao clássico e, assinaturas da direção e roteiro de Shane Black que sempre valem a pena, O Predador contenta-se em ser um pipocão esquecível, desperdiçando todas as oportunidades que tinha para ser o épico que a franquia merecia. O filme vale o ingresso e diverte, mas espero que as próximas produções que queiram resgatar franquias inovem mantendo a essência do original.

Autor: Róger

Criador da serie de quadrinhos Dragão Escarlate, trabalhou com sketch cards da Marvel e da DC Comics, ilustrações para a revista Dragon Slayer ligadas a RPG, além de arte-final para Smallville Season 11 (DC Comics). Atualmente produz a série de webcomics Offline e escreve reviews de cinema para o site do Dínamo Estúdio.