LEGIÃO DOS SUPER-HERÓIS – HISTÓRIAS DE UM PASSADO QUE AINDA VIRÁ – Parte 13 – Morto ao chegar

LSH043AA primeira versão do vilão Starfinger (batizado no Brasil de Zoroastro em sua roupagem mais contemporânea) trazia certo mistério para os quadrinhos. Afinal, tudo indicava que ele era um dos legionários disfarçado. A brincadeira aqui era adivinhar quem deles era a possível ameaça, que surgiu em Adventure Comics 335, de Agosto de 1965, criado pelo escritor Edmond Hamilton e pelo desenhista John Forte.

O novo vilão surge com seu uniforme especial e de seus dedos saem uma enorme combinação de raios capazes de derrotar todos os legionários. Na verdade, os raios por si não são o único problema, já que Zoroastro os usa de uma forma como se conhecesse muito bem as fraquezas de cada herói. Isso se torna mais evidente quando surge a suspeita de que se trata de um legionário. Consegue, por exemplo, deter Superboy com um raio de kriptonita e quase mata o herói Astron, sendo que este só e salvo graças à intervenção de Mon-El.

LSH043BAparentemente agindo como um ativista, o vilão começa a atacar as sete maravilhas do século 30. Cada uma dessas maravilhas já desperta curiosidade suficiente nesta história. Temos, por exemplo, uma cidade INTEIRA que se desloca por trilhos gigantescos pelos mares. Outra maravilha é uma cachoeira reversa, criada graças a um equipamento que drena a água do mar e a joga para cima de uma encosta com pressão o suficiente para dar a impressão de que ela está indo na direção inversa do que seria uma queda. De maravilha em maravilha, Zoroastro vai ludibriando os legionários.

Por fim, descobre-se que o vilão é na verdade… Relâmpago! Mas… como e por que ele teria se tornado um vilão? Tudo é explicado quando se revela que o médico que cuidava do herói (o mesmo que lhe criou o braço mecânico quando o natural foi amputado), com sua sede por experimentos científicos, desejava roubar um novo minério capaz de rejuvenescer qualquer ser vivo. Para distrair a Legião, o cientista hipnotiza Relâmpago e cria os raios em seu braço. Junto com o conhecimento sobre o grupo (afinal, por ser médico particular de Relâmpago, tinha certa intimidade com todos), seu plano iria bem até ser descoberto como o verdadeiro Zoroastro.

Mas, enquanto novos vilões surgiam de forma insidiosa, velhos vilões ganhavam aliados perigosos demais até para eles mesmos.

LSH045AA bela e vilanesca Glorith surgiu como uma espécie de auxiliar do vilão Mestre do Tempo, em Adventure Comics 338, de 1965, criada por Jerry Siegel e John Forte. Apesar disso, seus poderes eram tão vastos que rivalizavam com os do seu líder. Além de sua beleza (maléfica, mas ainda assim muito evidente), sua mais poderosa arma era uma ampulheta capaz de fazer quem a segurasse rejuvenescer, tornando-se jovem, depois criança, depois bebê… até se tornar uma espécie de ameba involuída. Pois é essa arma que o Mestre do Tempo pretende usar contra seus inimigos da Legião dos Super-Heróis.

Glorith arma uma emboscada para a maioria dos legionários e eles acabam sendo transformados em versões crianças. Tudo acontece em um parque de diversões onde vemos a Legião Criançada se divertir. O escritor Jerry Siegel é esperto (ou malandro) o suficiente para explicar que os uniformes se adaptaram aos corpos reduzidos devido a serem feitos de um tecido futurista que se adapta ao crescimento de quem usa (no caso, encolhimento de quem usa).

O Mestre do Tempo, julgando-se vitorioso, aparece no parque e trai Glorith. Acontece que a ampulheta não funciona contra a vilã por ela usar um par de luvas especiais que anulam seu efeito. O vilão pede para que ela tire uma das luvas e faz com que toque a ampulheta. Glorith, dessa forma, rejuvenesce até a forma de ameba.

Após o ato de traição, Mestre do Tempo tem outra utilidade para os ingênuos mini legionários ao invés de transformá-los em ameba. Prometendo doces e brinquedos para a criançada, faz com que usem seus poderes para, inocentemente, cometerem pequenos grandes crimes. Os únicos que ficam de fora, por não terem caído na armadilha, são Brainiac 5 e Superboy. Esses na verdade, ficam presos por uma barreira temporal criada pelo vilão.

LSH045BMas, Mestre do Tempo descobriria que não basta ser vilão, tem que participar! As crianças, que pensavam estar pegando guloseimas, percebem que alguns objetos que roubaram não são exatamente doces prometidos pelo Tio Mestre do Tempo (acreditem, ele chega a chamar a si mesmo dessa forma!). O mini Transmutador, capaz de transformar a matéria, usa seu poder para que a nave do vilão se torne um enorme caramelo… inclusive (adivinhem) a máquina que criava a barreira temporal que impedia Superboy e Brainiac 5, que chegam para dar uma sova no inimigo.

Quase enlouquecido com a birra dos fedelhos, Mestre do Tempo fecha um acordo de fazê-los voltar ao normal em troca de ser deixado em paz. Brainiac 5 (sob protestos do Superboy) aceita a chantagem e seus colegas voltam ao normal.

Mas, Brainiac 5, ao contrário do que imaginavam, não ia deixar barato. Antes do acordo, percebe que o mini Astron quer o que pensa ser um brinquedo nas mãos do Tio Mestre do Tempo. Era nada menos do que um controlador portátil da barreira do tempo… que Brainiac ajusta para barrar a nave do vilão… deixando-o preso no planeta onde pousou. E, num trocadilho sem dó nem piedade, os legionários terminam essa aventura concluindo que foi fácil… como tirar o doce de uma criança.

Mas longe desse clima leve está a história que apresenta um dos membros mais obscuros da Legião dos Super-Heróis, apresentada em 1965, na revista Superboy n° 125, escrita por Otto Binder e desenhada por George Papp.

LSH046AChamar Psíquico de herói soa até meio estranho, mesmo que isso se justifique. Confesso que o pouco que conhecia do personagem era sua breve (e bota breve nisso) participação na saga Crise Nas Infinitas Terras. Até aí, mais me parecia um personagem que usava turbante e foi criado meramente para… sei lá… cumprir a cota de indianos (desculpem o estereótipo preconceituoso) dentro do mundo dos super heróis. Mal sabia eu que aquele “turbante” escondia segredos que desafiavam minha ignorância.

O herói de turbante conhecido como Psíquico surge em Smallville e mostra ser muito útil ao ajudar o Superboy. Seus poderes faziam com que fosse capaz de produzir uma espécie de campo de força poderosíssimo que ele usava das mais diversas e criativas formas. Até aí, começo a rir do estereótipo do indiano de turbante e o poder “psíquico” que remete a um misticismo transcendental.

LSH046BIntrigado, Superboy conhece um pouco mais desse heroico ajudante. Ele usava turbante para esconder a deformidade em seu crânio (e é aqui que paro de rir), já que nasceu com um cérebro enorme, o que provavelmente seja a fonte de seus poderes. A origem dessa deformidade deve-se aos seus pais, astronautas, terem ficado expostos à radiação durante uma missão.

Vindo do futuro, Psíquico teve a chance de demonstrar seu eficiente poder a Legião dos Super-Heróis. No entanto, mesmo se mostrando utilíssimo (seu campo de força conseguia deter vários legionários ao mesmo tempo)… misteriosamente ele é… rejeitado! Indignado com o resultado da seleção, o jovem herói volta ao passado e procura Superboy, a inspiração do surgimento da Legião, para que esse possa, pelo menos, conseguir uma satisfação do porque de sua rejeição. Superboy, que também está surpreso com a decisão de seus colegas, decide viajar ao futuro e conseguir a resposta.

Diante dos legionários, Superboy questiona o porquê de não terem aceitado alguém com um poder que é tão útil. É então (e aí vem o tiro de misericórdia em mim, que já me sentia culpado por ter rido no começo) que aparece o boletim médico de Psíquico. Nele, os exames mostram que a cada vez que ele usasse seu poder… perderia um ano de vida! O jovem, mesmo sabendo de seu destino, diz que deseja servir a Legião… nem que isto custe sua vida. Tocados pela coragem do herói, os legionários decidem torná-lo um membro reserva, utilizando seus poderes apenas se uma grave crise ocorresse.

Agora, me deem licença, pois acho que vou ali lavar meus olhos, que parecem ter sofrido o ataque de micro cebolas…

LEGIÃO DOS SUPER-HERÓIS – HISTÓRIAS DE UM PASSADO QUE AINDA VIRÁ – Parte 12 – Um raio não cai no mesmo lugar, já o relâmpago…

LSH040AChega a ser engraçado como o legionário Relâmpago sofre a piores consequências dentro do grupo. Foi o primeiro legionário a morrer em combate, mas nem o “descanso eterno” durou tanto para mantê-lo longe de encrencas. Logo, ele foi ressuscitado e tudo ia bem… até agora. Dessa vez, Relâmpago não morreu, mas sofreu uma gravíssima mutilação que marcaria o personagem nas histórias futuras, graças ao escritor Edmond Hamilton e o desenhista John Forte, na revista Adventure Comics 335, de Maio de 1965.

Imaginem uma história futurista, com planetas alienígenas e naves espaciais, apresentando uma versão de Moby Dick. Tudo bem, baleias no espaço seria absurdo demais… então o jeito era transpor apenas a essência da obra de Herman Melville para os quadrinhos, certo? É… certo… Mas o escritor Edmond Hamilton preferiu seguir pelo caminho do “absurdo demais”, ou seja, voltemos à ideia de uma baleia no espaço.

A Moby Dick…ou melhor dizendo… a Super-Moby Dick Espacial (lembrando os filmes antigos de monstros) era uma criatura com o formato de baleia e asas que lembravam um morcego. Ah, sim e voava pelo espaço normalmente. Alimentava-se de minérios e atacava naves espaciais para devorar suas cargas. Relâmpago é o primeiro herói a tentar atacar o monstrengo, mas não imaginava como o corpo dele reagiria ao receber uma descarga de seus raios. É então que o herói recebe uma forte descarga em seu braço, que fica dolorido, piora, gangrena… e precisa ser amputado, acabando por receber uma prótese mecânica como lembrança da malfadada aventura.

LSH040BAté aqui a tragédia segue a risca a fonte literária, mostrando Relâmpago obcecado em se vingar, tal qual o Capitão Ahab da obra de Melville. Essa obsessão começa a preocupar os outros legionários e também vai contra a constituição do grupo, que rege que a vida é sagrada e não deve ser tirada de forma alguma… independente da criatura que os ameace. Nem mesmo Superboy é capaz de agir, pois a criatura comeu kriptonita o suficiente para afetá-lo.

Após várias tentativas de capturar o monstro, a Legião finalmente vê Relâmpago chegar perto dele… e disparar um raio diretamente de seu braço mecânico. Surpresos, eles, que esperavam a morte certa da baleia, a veem diminuir de tamanho. Acontece que o braço mecânico do herói foi incrementado com raios positivos pelo mesmo cientista responsável pelo crescimento do animal.

E ainda que o universo das histórias da Legião estivesse cheio de criaturas bizarras como baleias espaciais, o mascote do grupo ainda continuava sendo o mais bizonho de todos, valendo até mesmo uma história que se passava entre seus conterrâneos, em Adventures Comics 334.

LSH042AA Legião persegue um maléfico cientista até o planeta de Proty II, a gosma mutante que serve de bichinho de estimação do Camaleão. Lá, descobrem que as criaturas semelhantes à Proty II, que também são capazes de tomar a forma do que imaginarem, estão a serviço do vilão.

Para revelar quem pode ser uma criatura que muda de aparência, Brainiac 5 cria uma espécie de spray que anula essa capacidade. Ao demonstrar sua criação, Camaleão e Proty II, os únicos que poderiam mudar de forma e ajudar mais efetivamente naquele ambiente hostil, acabam sendo borrifados e tendo suas capacidades anuladas temporariamente.

Os legionários acabam em desvantagem, mas são salvos por um misterioso herói com máscara de chumbo que prefere não revelar sua identidade. O novo personagem é tão misterioso que nem mesmo Satúrnia, ao usar seus poderes telepáticos para revelar sua identidade, é capaz de localizar algum memória passada. Chamam-no, assim, de Desconhecido.

Desconhecido tem poderes como superforça, supervelocidade e visão de raios x, muito parecidos com os de Superboy. O próprio Superboy não sabe quem ele é. Sua visão de raios x não penetra chumbo e, portanto, não pode ver através da máscara. Por falar em chumbo, chega à conclusão de que também não se trata de Mon-El, que tem poderes semelhantes mas é envenenado ao contato com esse metal. Também descarta a possibilidade de ser o Ultra Rapaz, uma vez que esse só pode usar um poder por vez.

LSH042BJuntamente com esse novo aliado, conseguem libertar os Legionários presos e desbaratar o controle do vilão, que se dizia um descendente do cientista que foi capaz de dar poderes camaleônicos aos proteanos.

No final da aventura, revela-se que o Desconhecido era ninguém menos que… Supergirl!!!!!!!!! Tudo aconteceu quando a heroína voltava ao passado e esbarra em uma nuvem de kriptonita vermelha. Com isso, sua memória desaparece e ela tem sua visão de raios x alterada, capacitando-a de ver através de chumbo. Com o pouco de memória que lhe resta (e a dica em um bilhete em sua capa), a heroína, que teme por sua identidade uma vez que não sabe que os legionários são seus amigos, cria a misteriosa nova identidade e volta ao futuro para ajudá-los.
Mesmo com o mistério resolvido, e a memória da Supergirl retornando, os legionários criam uma estátua em homenagem ao Desconhecido, pois foi esse herói que simbolizou a vitória contra mais essa ameaça.

LEGIÃO DOS SUPER-HERÓIS – HISTÓRIAS DE UM PASSADO QUE AINDA VIRÁ – Parte 8 – Pede pra sair!

Finalmente, depois de novamente salvar a Terra anonimamente, a Legião dos Heróis Substitutos recebem o reconhecimento da Legião dos Super-Heróis, que lhes dá uma chance de ouro. A proposta é que, após uma série de testes monitorada pelos legionários oficiais, um dos substitutos seja aceito no grupo. Essa prova aconteceu em Dezembro de 1963 em uma história escrita por Edmond Hamilton e desenhada por John Forte (equipe criativa das aventuras do grupo na época), na edição 315 da revista Adventure Comics.

Todos os testes são escolhidos em ambientes onde as situações são adversas aos estranhos poderes dos Substitutos. Cada um deles é acompanhado por um legionário que, com seu poder, resolveria a situação. Ou seja, teriam que provar ser tão dignos ou melhores do que os legionários, resolvendo situações que seriam facilmente solucionadas pelos heróis oficiais.

Polar tem que descongelar cientistas que foram petrificados no frio do espaço. Para isso, usa seu poder de congelamento (sim, algo muito estranho na situação) para levá-los para dentro de um vulcão. O poder congelante protege a todos do calor. O teste, bem sucedido, é acompanhado por Solar.

Noturna, com sua superforça que só funciona na escuridão, tem que enfrentar um ditadora que tem superforça devido à luz do Sol. Apesar da óbvia surra inicial, consegue organizar o povo oprimido para que criem uma fogueira alimentada por rochas negras, que gera uma enorme fumaça que cobre a claridade, deixando a ditadora mais fraca e, consequentemente, aumentando a sua. O teste é acompanhado por Superboy.

O Garoto Clorofila, com seu poder de acelerar o crescimento de plantas, tem que rachar uma montanha ao meio. Encontrando vegetação rasteira no topo dela, ele tem uma ideia. Planta um tipo de árvores no topo e acelera o crescimento das mesmas até que a montanha se parta. O teste é acompanhado por Relâmpago.

Ígneo, capaz de cuspir fogo, tem que ajudar o povo de um planeta, onde chove eternamente, a acender pelo menos uma tocha. Seu poder inflamável não é páreo para a torrencial chuva que cai o tempo todo. Mas, já desanimado, senta-se ao lado de um rio e percebe manchas negras saindo da água. É então que, utilizando o cinturão de voo da Legião e saltando ao lado do rio, faz pequenos buracos por onde começa a jorrar petróleo. Com seu poder acende pequenas tochas do líquido que brota da terra. O teste é acompanhado por Saltador.

Por último, Pétreo, capaz de ficar imóvel e duro feito uma pedra, tem que deter um enorme réptil de destruir uma aldeia. Ele fica imóvel, distraindo o bicho por alguns momentos. Mas esse logo o esquece e parte para atacar os habitantes da aldeia. Satúrnia, legionária capaz de controlar mentes e que acompanhava o teste, consegue deter a criatura controlando-a mentalmente, apesar do desespero de Pétreo diante do perigo.

No final, o grande vencedor é… Pétreo????? O único que, aparentemente falhou. Acontece que Satúrnia pôde ler a mente do inocente herói substituto, e sentir o desespero e preocupação com os habitantes da aldeia diante do perigo. Com isso, ele venceu a prova para entrar para a Legião que, afinal, prezava mais o caráter do que os atos heroicos. Mas Pétreo é tão “certinho” que recusa a vaga para continuar ao lado de seus companheiros substitutos.

A quase admissão de um novo membro se tornaria ainda mais importante uma vez que o fator “expulsão” seria adotado pela primeira vez em Janeiro de 1964. Procurando localizar criminosos alienígenas, os legionários descobrem que um de seus integrantes, o Ultra Rapaz, tem um passado criminoso mal resolvido. E a Legião dos Super-Heróis não perdoa! Decidem expulsar seu colega, mesmo ele tendo deixado (e escondido) sua carreira criminosa no passado e tendo provado seu valor várias vezes. Mais que isso, decidem que ele deve ser entregue as autoridades e o perseguem implacavelmente. De todos os integrantes, apenas a Garota Fantasma (futura Etérea) acredita em sua inocência (denotando até mesmo um interesse romântico pelo herói).

Com os seus agora ex-colegas em seu encalço, Ultra Rapaz e a Garota Fantasma (que tenta ajudá-lo a fugir) acabam sendo capturados pelos alienígenas criminosos que, enfim, eram a origem do problema. Surpreendentemente, o herói se alia aos criminosos e promete levá-los até a sede da Legião, entregando as armas secretas do grupo. Chegando lá, dispara uma arma congelante contra o grupo de invasores e os prende.

Após a captura dos alienígenas, Ultra Rapaz explica que tudo não passou de um arriscado plano para prender os vilões. Usando sua supervelocidade (lembrando que o herói tem praticamente os mesmos poderes que o Superboy, porém só pode usar um de cada vez), consegue alterar os registros da polícia colocando-o como um suspeito criminoso. Com isso, sabia que seria expulso do grupo e seria considerado fora da lei, o que atrairia os alienígenas para que pudessem incorporá-lo ao grupo e descobrir os segredos dos legionários.

Um arriscado e corajoso plano que destacou um pouco mais esse personagem.

E uma das mais belas futuras integrantes da Legião dos Super-Heróis surgiria no mês seguinte. Bela a ponto de causar uma pequena guerra dos sexos dentro do grupo.

Nura Nal foi uma candidata a vaga na Legião, com um poder tão peculiar que, aparentemente, seria rejeitada. Ele consistia em… sonhar. Quando a bela heroína dormia, tinha sonhos com o futuro e, assim, era possível evitar tragédias que ainda não aconteceram. No entanto, eu disse SERIA rejeitada. Isso graças a seu outro, digamos, poder: sua beleza. De fato, de tão bela, nenhum integrante masculino da Legião foi capaz de rejeitá-la. Já as meninas… Mesmo assim, como a maioria do grupo (e dos votos) vinham da ala masculina, Sonhadora foi aceita como nova Legionária.

Nas primeiras missões, demonstrando que seu poder tinha lá sua utilidade, Sonhadora começa a agir estranhamente. Seu primeiro passo (e interesse) é entender e praticamente decorar a constituição da Legião. Com isso, coincidentemente, as missões que participam levam os outros integrantes a situações onde acabam por quebrar as regras dessa constituição. Como integrante oficial, a heroína, que sabe as regras na ponta da língua, vai eliminando seus colegas por suspensão e até mesmo expulsão do grupo. Isso sem citar casos mais extremos, como o da Moça Relâmpago, que acaba perdendo seus poderes elétricos em uma missão com a nova colega.

Esse modo aparentemente vilanesco de agir é investigado por Astron (apaixonado pela nova colega), que acaba descobrindo o segredo de Sonhadora. Como ela era capaz de prever o futuro, em um desses sonhos previu a morte de sete legionários. A eliminação desses, portanto, era uma forma de tentar alterar esse futuro, uma vez que no dia da tragédia eles não estariam fazendo parte da equipe. Com essa atitude agora entendida como nobre, a desconfiança para com Sonhadora (além da dor de cotovelo das garotas) muda para a aceitação e consideração de uma nova amizade.

Mas… e a Moça Relâmpago? Como ficaram seus poderes já que eles foram perdidos em missão? Na verdade, eles mudaram. Seu poder agora é o de tornar qualquer objeto (até mesmo um edifício) superleve, sendo capaz de levantá-lo. Futuramente, esta personagem seria conhecida como Pluma, nome mais adequado a essa nova capacidade. Afinal de contas, a Legião já tinha o seu integrante com poderes elétricos, que inclusive era o irmão de Pluma, conhecido como Relâmpago.

LEGIÃO DOS SUPER-HERÓIS – HISTÓRIAS DE UM PASSADO QUE AINDA VIRÁ – Parte 7 – Vindos do passado, vindo do além

LSH024ATanto alfinetaram, tanto provocaram… que não se podia deixar o herói Relâmpago de lado. Apesar da estranheza de como o tema morte é tratado (morreu? vamos ressuscitar, ué…), a brincadeira, na edição 312 da Adventure Comics, escrita por Edmond Hamilton e desenhada por John Forte em Setembro de 1963, é saber quem vai morrer para que o herói reviva.

Mon-El retorna de uma missão para descobrir uma forma de reviver o Relâmpago, mas não traz notícias muito animadoras. Satúrnia, capaz de ler mentes, acha que o companheiro está escondendo alguma informação.

Depois das notícias frustrantes de Mon-El, o grupo decide partir, cada um em uma tentativa diferente, em busca da solução para reviver seu colega. Todas as alternativas encontradas, no entanto se mostram ineficientes para resolver o problema.

LSH024BSatúrnia, ainda desconfiada de Mon-El, consegue descobrir o que o companheiro estava escondendo. Na verdade, ele encontrou sim uma solução para reviver Relâmpago. No entanto, a solução iria tirar a vida de alguém. Em um planeta devastado por relâmpagos, um desses iria atingir uma espécie de eletrodo, feito de um metal especial, que conduziria eletricidade até o legionário, porém eletrocutaria outro. Satúrnia, se sentindo culpada pela morte do colega (afinal ele se sacrificou para defendê-la em uma missão suicida), decide trapacear e levar o único eletrodo que atrairá os relâmpagos. Enquanto monta sua ferramenta, a heroína é vista pelo bichinho de estimação do legionário Camaleão, Proty, uma criatura de protomatéria, que aparenta ser feita de massa disforme e que é capaz de se moldar em qualquer formato.

LSH025AOs legionários se reúnem em volta do caixão, até que um raio finalmente atinge justamente Satúrnia e esta morre. Relâmpago revive e, antes que se desespere pelo sacrifício da colega… outra Satúrnia corre desesperada na direção dos acontecimentos. No chão, o corpo da “outra Satúrnia” volta ao normal… no formato (ou “desformato”) da criatura Proty que, em sua ingenuidade, decidiu salvá-la.

Com o retorno de Relâmpago, estava refeita a tríade dos principais fundadores do grupo. Ainda assim novos integrantes surgiriam de diferentes partes, diferentes épocas… e diferentes revistas. O jovem ruivo Jimmy Olsen foi criado para ser uma espécie de alter-ego do leitor dentro das histórias do Superman. Acabou, também, por se tornar o elemento de humor das histórias. Sem nenhum superpoder, Jimmy se valia mais de sua “xeretice” e do fato de ser considerado o melhor amigo do herói. Mesmo assim, o personagem fez sucesso o suficiente para ganhar sua própria revista, onde passava por situações esquisitas, mas dentro do contexto para o qual foi criado. Também ganhou poderes dos mais esquisitos, igualmente adquiridos de forma curiosa… para não dizer cômicas. Tornou-se, assim, um jovem com o corpo elástico, um lobisomem, um porco espinho humano, uma versão superobesa e, pasmem, um homem tartaruga-gigante (tal qual os melhores seriados japoneses de monstros). Mas Olsen tinha seus méritos…

LSH025BNa edição 72 de sua própria revista, escrita por Jerry Siegel e desenhada por Curt Swan em Outubro de 1963, já famoso, o jovem apresenta ao público todas essas transformações pela qual passou durante os anos. Curiosamente, no meio da apresentação, um alienígena, conhecido como Colecionador, invade a cena e o sequestra, alegando que ele é culpado pela destruição de grandes cidades em seu planeta, Gion-El. As radiações emitidas pelo relógio sinalizador de Jimmy, utilizado em uma frequência onde o Superman possa escutar e acudi-lo, acabaram por desestabilizar a dimensão do alienígena. Como castigo, Jimmy é levado a essa dimensão e encara… as versões transformadas de si mesmo! Nem mesmo o Superman é capaz de deter a ameaça.

LSH027ADesesperado, Jimmy atira o microfone, que utilizara na apresentação, contra o alienígena. Este, se esquiva demonstrando medo pelo aparelhinho. É então que Jimmy percebe que tudo não passa de uma espécie de pegadinha. O alienígena, na verdade, é Mon-El, da Legião dos Super-Heróis, uma vez que ele teme o chumbo contido no microfone. Igualmente disfarçados estão Colossal (como o Jimmy tartaruga-gigante), Camaleão (como o Jimmy elástico), Cósmico (como o garoto porco-espinho), Saltador (como o Jimmy superobeso) e Proty II (disfarçado como Jimmy Lobisomem), Este último é o segundo mascote do Camaleão, já que o primeiro morreu salvando a vida de Satúrnia.

A brincadeira serviu para que os legionários fizessem uma espécie de iniciação para Jimmy, já que ele estava sendo nomeado… um legionário honorário! Era uma homenagem por suas ajudas (diretas ou indiretas) ao Superman e, consequentemente, ajudando em alguns casos da Legião.

LSH027BE por falar nas viagens no tempo, que eram tão comuns nas primeiras histórias dos legionários, vale lembra que os heróis do futuro viajam pelo tempo através de uma máquina em forma de redoma transparente, chamada Bolha Temporal (ou Bolha do Tempo). Até então, apesar de utilizada em histórias anteriores, era apenas mais um artefato futurista sem um nome próprio. Na edição 314 da revista Adventure Comics, porém, essa máquina do tempo ganha destaque e é até pivô da ameaça que se abate sobre a Legião dos Super-Heróis.

Em mais uma seleção de novos heróis, a Legião rejeita os poderes de Ronn Kar (capaz apenas de ficar achatado) e de Alaktor (pois este não tem nenhum poder, valendo-se apenas de inventos que leva em um cinto). Este último, um inventor mediano, consegue tirar fotos em raios-x da sede da Legião, tendo assim o esquema de segurança do local em suas mãos.

Mais tarde, Alaktor, sabendo toda a planta da sede, consegue chegar até a sala onde se encontra uma bolha temporal e a rouba para pôr em prática seus planos vilanescos. Com a bolha, o vilão viaja ao passado e seleciona aqueles que ele considera três grandes vilões da história: o enlouquecido Nero, o assaltante Dillinger e Adolf Hitler. Levando os três ao futuro, ainda cria uma máquina que faz com que a mente destes três personagens históricos se transfiram para o corpo dos mais poderosos legionários. Dessa forma, cria uma força de ataque formada por Superboy (com a mente de Hitler), Mon-El (Nero) e Ultra Rapaz (Dillinger).

Tanta maldade reunida, enfim, não poderia acabar em uma aliança bem sucedida. Assim que os três vilões se veem com superpoderes, tratam de se livrar de Alaktor. Mas a traição não termina aí. Entre eles mesmos, há uma intenção de se “passar a perna”, voltar ao passado sozinho e dominar o mundo. Graças a essa ganância, a Legião dos Super-Heróis consegue armar uma armadilha onde cada um dos dominados atacam um ao outro com sua respectiva fraqueza (obs.: contrariando o que foi dito antes, a fraqueza de Mon-El continua sendo o chumbo, sendo que o soro que o deixa imune dura apenas 48 horas.).

Os três vilões são devolvidos a seus respectivos corpos e épocas e a bolha temporal é recuperada (apesar de terem feito uma nova para perseguir o vilão).

LEGIÃO DOS SUPER-HERÓIS – HISTÓRIAS DE UM PASSADO QUE AINDA VIRÁ – Parte 1 – Aqui começa o futuro (pois o futuro tem que começar de algum ponto)

LSH-001-AA Legião dos Super-Heróis pode parecer confusa para os leitores brasileiros devido à infinidade de personagens que a integram. Na verdade, essa aparente confusão se deve mais ao fato de que várias de suas histórias não foram publicadas por aqui e o pouco que foi se apresentou de forma confusa, com “buracos” em sua cronologia que “trapaceava” a lógica do leitor no que diz respeito à cronologia. Afinal, de uma hora para outra surgiam diversos legionários que pareciam ter sido criados repentinamente. Ledo engano, pois muitos deles eram integrados gradualmente. O que acontecia, como dito, é que as histórias em que surgiam não eram publicadas por aqui. Mas, como veremos, o surgimento da Legião é bem mais modesto do que se imagina. A começar pelo despretensioso início de suas aventuras.

LSH005BNo final da década de 50, mais especificamente em 1958, o sucesso do Superman nos quadrinhos permitia que fossem publicadas histórias fora de sua linha de revistas normais, mostrando uma série de aventuras onde ele utilizava seus superpoderes na adolescência: as chamadas aventuras do Superboy. Em uma história com clima de ficção científica (muito comum na Era de Prata dos quadrinhos), Superboy vê sua identidade secreta ser descoberta por três adolescentes… que revelam saber a verdade por terem vindo do futuro… mais especificamente do século XXX. A visita ao mítico Superboy (mítico no século XXX, é claro) se deve a um convite para que ele integre a chamada… Legião dos Super-Heróis grupo a que pertenciam Cósmico, Satúrnia e Relâmpago.
Criados em uma história escrita por Otto Binder e desenhada por Al Plastino, em Abril de 1958, para a revista Adventure Comics n° 247, o trio fundador do que seria o famoso grupo aplica uma espécie de trote no menino de aço, sabotando discretamente os testes pelo qual passa. Tudo é revelado no final da aventura e o Superboy acaba tornando-se um membro honorário (e inspiração) da Legião.

O grupo fez certo sucesso e, apesar de terem sido criados apenas como personagens coadjuvantes de uma única aventura, em Dezembro de 1959 o trio da Legião dos Super-Heróis reaparece, dessa vez em uma aventura escrita por Jerry Siegel (criador do Superman) e desenhada por George Papp (co-criador do personagem Arqueiro Verde).

Já a terceira aparição deu-se na revista Action Comics, onde eram publicadas (e onde surgiu) as aventuras do Super-Homem… adulto. E de fato, viajam no tempo para uma época em que o motivo da visita é outro: encontrar a prima do herói… a Super-Moça. Estranhamente, os três legionários se apresentam como filhos dos três legionários que visitaram o Superboy no passado. A explicação estava no fato de que a Legião apenas aceitava integrantes com menos de 18 anos. Daí o motivo de procurarem a Super-Moça que, na identidade secreta de Linda Lee, era uma órfã de 16 anos.

Levada para o futuro da Legião, a jovem super-heroína conhece mais três legionários. Camaleão, capaz de alterar a própria forma física; Colossal, capaz de se tornar um gigante; e Rapaz Invisível, cujo nome já entrega qual é seu poder.

Diferente das provações pelas quais o Superboy teve que se submeter nas aventuras passadas, a Super-Moça provou seu valor agindo apenas com um auxílio mais comum. No futuro, o trânsito era tão intenso que já ocupava os céus. Para resolver esse problema, a Super-Moça utiliza seus poderes e cava um super túnel que atravessa o planeta, dando assim mais uma forma de acesso ao transporte. Mas algo dá errado… No meio das escavações, a heroína esbarra em um fragmento de kriptonita vermelha e seu corpo se torna… adulto! Como a Legião aceita integrantes com menos de 18, a Super-Mulher (como é chamada) não consegue sua vaga no grupo. Ao voltar ao passado, ela volta a ser a jovem Super-Moça, mostrando que o efeito da transformação foi temporário. Pena que seu rejuvenescimento aconteceu tarde demais e a Legião já havia voltado ao futuro.

Tempos depois surgia Starboy (que seria conhecido como Astron, no Brasil), um novo super-herói vindo do futuro e que tem poderes muito parecidos com os do Superboy. Esses poderes surgiram quando sua nave teve contato com um estranho cometa no espaço. Adquirindo invulnerabilidade, poder de voo e uma espécie de raio de calor, o jovem foi incentivado pelos próprios pais a assumir uma identidade heroica, o que lhe rendeu uma vaga na Legião.

LSH003BUm fato interessante no mundo do futuro na Legião dos Super-Heróis… é que parecia não haver ameaça alguma para combater. No início o grupo muito viajava ao passado para tentar ajudar seus amigos de outros tempos. Um recurso usado nas aparições do grupo (já que não havia o que se fazer…) era criar novos personagens que integrassem a Legião. E eles começavam a surgir em tamanha quantidade… que dava para se entender porque não havia nenhuma ameaça.

A vergonha pela qual passou a Supermoça durou pouco. Afinal, para super garotas… o certo é conversar com super amigas! Para convidá-la novamente surgem, duas novas integrantes, a Moça Fantasma (capaz de se tornar intangível e atravessar elementos sólidos e que seria conhecida futuramente como Etérea) e a Moça Tríplice (capaz de se dividir em três corpos distintos, porém idênticos).

LSH006BAs novas amigas levam Supergirl para o futuro, onde ela novamente mostra seu valor e finalmente consegue ser aceita na Legião. Também conhece outros novos legionários: Saltador (capaz de inflar seu próprio corpo até se tornar uma enorme bola saltitante), Solar (capaz de emitir rajadas de calor), Violeta Encolhedora (capaz de reduzir seu tamanho)… e Brainiac 5 que, apesar de ser descendente direto de Brainiac, um dos mais perigosos vilões do passado do Super-Homem, tem uma índole heroica. Com sua genialidade cria um cinturão que protege Supergirl dos efeitos da kriptonita. Voltando ao passado, e agora invulnerável inclusive contra kriptonita (o que lhe dá vantagem até mesmo sobre o Super Homem), Supergirl percebe que tem muito assunto para discutir com suas novas superamigas… principalmente devido ao seu interesse no bondoso e bom partido Brainiac 5.