Filme: Batman [Review]

Acredito que o Homem Morcego foi o super-herói com mais encarnações no cinema, mas esta nova versão veio prometendo entregar coisas que muitos fãs queriam há tempos. Batman mantém a atmosfera dark de seus antecessores, em um filme de investigação com foco no morcegão e no impacto do mesmo na cidade de Gotham.

Atuando como Batman há dois anos, Bruce Wayne (Robert Pattinson) se tornou uma representação do medo para os criminosos e um aliado indesejado para a polícia. Durante a campanha eleitoral para a prefeitura de Gotham, ele se vê desafiado por um serial killer conhecido como Charada (Paul Dano), que começa a atacar figuras públicas e poderosas enquanto deixa mensagens direcionadas ao próprio Batman. Em meio a resolução dos casos, Bruce vai mergulhando nas entranhas da cidade e descobrindo como a podridão é mais profunda do que ele imaginava. No elenco estão Zoe Kravitz, John Turturro, Colin Farrell e Andy Serkis.

O impacto da trilogia de Batman feita por Christopher Nolan foi gigante, e a encarnação do personagem vivida por Ben Affleck surgiu como uma substituta que pudesse se encaixar dentro do universo estabelecido por Zack Snyder para a DC no cinema. Com o passar do tempo o universo de Snyder foi perdendo força, e até mesmo o longa solo do Morcego que seria dirigido e protagonizado por Affleck saiu dos planos, mas o longa do Coringa mostrou que nem todo filme precisa estar conectado a um universo principal para fazer sucesso, o que trouxe novas possibilidades para a Warner.

Surge Matt Reeves com uma nova abordagem, em uma obra com foco maior na investigação e extensas 2h55 para trabalhar isso sem demora. Por mais que possa parecer um exagero, o diretor consegue distribuir a trama muito bem, dedicando tempo na medida para que cada cena desenvolva o que precisa, tudo no seu ritmo. A atmosfera do filme é pesada, com uma violência presente mas disfarçada através dos ângulos ou desfoques (o que permite driblar a classificação indicativa). Os crimes seguem uma linha no estilo Seven, misturada com uma trama de máfia e corrupção urbana em uma metrópole que se sustenta na cabeça dos mais miseráveis. Gotham é grandiosa, opulenta, mas a sujeira e podridão estão sempre na tela para nos mostrar que por dentro é um fruto podre. Não é exagero dizer que a cidade é um personagem, já que boa parte do desenvolvimento da história está conectada às engrenagens que fazem o sistema dela funcionar.

Por ainda estar em início de carreira, vemos uma forma ainda bruta do super-herói, alguém que está descobrindo seu método de ação e que não controla muito bem suas emoções, partindo com fúria e de forma impetuosa para cima de seus adversários (o vermelho escolhido como identidade visual condiz com isto). A imagem estranha e durona que ele passa é tão marcante aos olhos dos outros que me remeteu muito ao Robocop clássico, uma figura temida e destoante dos demais. Esta analogia também remete aos movimentos lentos e pesados do Batman, reforçados pelo tilintar de sua armadura ressoando na escuridão. Este recurso do som e do peso também foi aplicado ao novo batmóvel que, mesmo não parecendo um tanque de guerra como os mais recentes, surge como uma extensão do Batman, uma criatura ameaçadora cuspindo fogo para todo lado. A cena de perseguição é voraz, mas senti falta de planos mais abertos que valorizassem o design do carro, sem falar que o excesso de planos fechados junto a chuva torrencial causou um pouco de confusão visual.

Houve uma relutância de muitos fãs ao anúncio de Pattinson como Batman, principalmente pela atuação do mesmo na saga Crepúsculo, mas há anos o ator vem se provando em novos papéis, provando ser capaz de ir além de um vampiro galã que brilha no Sol. O ator entrega a carga dramática exigida por um roteiro que tem o Batman como ponto central de tudo, diferente de filmes passados onde o herói muitas vezes se tornava coadjuvante da própria história. Por trás da postura de durão, os olhos do ator são o foco da emoção, e a câmera busca o tempo todo valorizá-los, o tipo de coisa que um filme acelerado não teria tempo de fazer. É possível ver o crescimento de Wayne, como ele vai aprendendo a cada erro e se tornando aos poucos a figura que deveria ser. A sua conexão com os coadjuvantes é bem estabelecida em sua maioria, principalmente na ação com Gordon, que quase vira um sidekick do Morcego, e na relação com a Mulher Gato, ao qual a química entre os dois passa a ideia de um sentimento terno de preocupação e ao mesmo tempo lascivo.

Outro ator que merece destaque é Colin Farrell, que dá vida a um Pinguim bonachão e bufão que rouba a cena quando aparece. A escolha do diretor foi ousada pois seria muito mais fácil pegar um ator com as feições do personagem do que jogar uma maquiagem para mudá-lo, mas o trabalho ficou tão bem feito e a atuação de Farrell entrega tanto que tudo pareceu um grande acerto. Paul Dano apresenta uma versão serial killer do Charada bem interessante, com motivações pertinentes e conectadas ao mundo atual. As linhas de diálogo entre ele e o Batman trazem passagens e observações muito legais sobre o Morcego que já até foram abordadas nas HQs, mas nunca antes no cinema, enriquecendo o enredo.

Em contrapartida, o Alfred vivido por Andy Serkis não me passou a conexão emocional que eu esperava entre o personagem e Bruce. Assim como a Tia May de Homem-Aranha vem ficando mais jovem a cada filme, o Alfred vai se tornando mais brucutu em cada encarnação. Eu entendo a função narrativa disto, tendo em vista que ele é um ex-agente do MI6 e que aqui o treinamento do Batman veio dele, mas acho que o próprio filme trabalha pouco o laço dos dois. Ainda que tenha uma cena de conexão entre os dois, acho que faltou mostrar mais intimidade na relação deles.

Mesmo usando de base conceitos de outros filmes para compor sua atmosfera, este novo Batman consegue renovar com sucesso a imagem do personagem, entregando algo de qualidade e visualmente empolgante. Agora é aguardar para ver se o vindouro Flashpoint não vai bagunçar tudo e tentar misturar estes universos separados em um só.

Obs.: O filme não tem uma cena pós créditos, só uma “piadoca”, a verdadeira cena pós créditos aparece no final do filme.

Filme: Coringa [Review]

Com tanto filme baseado em quadrinhos saindo, as produtoras passaram a tentar inovar dentro do subgênero com outras abordagens, uma delas é o “filme de vilão”. Contrariando outros que seguiram essa linha mas transformaram o vilão em anti-herói, Coringa pega pesado e cria uma origem insana para um dos vilões mais clássicos das HQs.

Com todo descaso, violência e desigualdade social, a cidade de Gotham não é um ambiente fácil pra ninguém, ainda mais para Arthur Fleck (Joaquin Phoenix). O palhaço que mora e cuida de sua mãe doente, possui severos transtornos mentais, incluindo um que o faz dar risadas incontroláveis quando nervoso, mas ainda assim ele sonha em seguir a carreira de stand-up comedy. Após Arthur ter que usar a violência para se defender de alguns garotos ricos que estavam o agredindo, ele acaba sem intenção desencadeando um movimento de revolta em Gotham da população contra os ricos, que passam a usar a imagem de um palhaço como símbolo. O impacto do evento em Arthur o torna mais confiante, porém uma suposta questão de paternidade o torna obsessivo por respostas. No elenco Robert De Niro, Zazie Beetz, Brett Cullen e Frances Conroy.

Ainda que muitos atores tenham encarnados ótimas e diferentes versões do personagem ao longo do tempo, o atual panorama instável dos filmes da DC Comics com a Warner e a má impressão deixada pelo Coringa de Jared Leto instaurou uma dúvida na cabeça das pessoas quanto a necessidade de um filme solo do personagem, ainda mais com a ausência de seu principal oponente, o Batman. Devido a isso, o diretor Todd Phillips apostou em uma versão própria só personagem, não usando como base algum quadrinho específico e focando na transformação de uma pessoa com traumas e problemas em um dos mais perigosos criminosos da ficção. Fica evidente a inspiração em filmes de Martin Scorsese como Taxi Driver e o Rei da Comédia (ambos com De Niro), no entanto existe uma certa atmosfera surreal no filme, seja nas percepções insanas de Arthur ou mesmo na depressão em massa de uma metrópole devastada como Gotham.

Eu tinha medo que o filme colocasse o supervilão como um anti-herói, ou mesmo como um vilão “gostável” para que o público ficasse ao seu lado. Porém, fica evidente e claro que o personagem está indo por um caminho ruim, que os fatores que o transformaram nisso tem a ver com seus traumas e doenças mentais, e que a sua influência nas pessoas se dá devido ao desespero, desinformação e situação crítica – um paralelo ao panorama atual onde pessoas com atitudes extremas e discursos cruéis angariam cada vez mais seguidores que anseiam por qualquer mudança, nem que seja na base da violência.

A mídia é um personagem importante no longa, pois através dela se constrói a mítica sobre o personagem aos olhos das pessoas, e é apresentada ao público a cidade e a repercussão dos acontecimentos. Como vemos tudo pelos olhos transtornados de Arthur, em muitas vezes ele vira um “narrador não confiável”, já que seus transtornos de algum modo afetam seu entendimento das coisas. Isso também é muito bem representado pelas cores da fotografia, a trilha sonora que incomoda quando necessário com ruídos persistentes, ou mesmo com o jogo de luz e sombra, o ocultando no começo e colocando em evidência na ascensão.

A escolha de Phoenix para o papel principal foi muito assertiva, tendo em vista a carga que o ator conseguiu colocar no personagem. A jornada de Arthur não fica evidente apenas pelo avanço do roteiro, mas pela interpretação do ator, os trejeitos e características construídas que vão se transformando ao longo da película. Um dos pontos mais marcantes é a risada, um elemento já tão pertinente ao personagem mas aqui apresentada como um transtorno incontrolável que se manifesta em momentos de tensão, medo, aflição, etc. Justo uma pessoa atormentada que teve sequer um dia feliz na vida, dá gargalhadas constantes nos piores momentos possíveis. A imagem de Phoenix para Arthur passa a ideia de alguém doente, magro, que não se cuida, que está sempre curvado para frente demonstrando introversão. Ainda assim ele insiste em querer alegrar os outros e até se dedica a estudar comediantes para tentar criar suas próprias piadas.

A construção da persona Coringa ocorre de forma gradual, conforme ele passa a ver o efeito de seus atos no mundo e como na verdade ele existe – tornando esse um dos motes do mesmo a partir de então. Ele passa a exibir uma postura mais confiante, uma certa arrogância, impetuosidade e eu diria até uma vaidade na escolha do vestuário e da própria maquiagem. Se tiver que fazer um paralelo a outras encarnações do personagem no cinema, acredito que uma referência evidente foi a atuação de Jack Nicholson no Batman de 89, não só na postura mas também no uso da dança como forma de exercer sua liberdade.

Acho importante comentar aqui sobre a polêmica ao redor da violência do filme e a possível influência que ele pode causar nas pessoas. Ainda que inspirado no universo do Batman e tendo um super-vilão como foco, Coringa passa longe do sub gênero de super-herói, caindo mais no gênero drama, e dos bem pesados e melancólicos. Existe muita violência presente, mas boa parte dela nem é a física, e sim psicológica. Arthur sofre muito, bastante, as vezes gratuitamente, ativando gatilhos que reforçam um comportamento psicótico de uma pessoa doente. No filme ele vira um símbolo para as pessoas que estão cansadas do caos instaurado em Gotham, mas mesmo aclamado pelo povo ele não é colocado pelo roteiro no posto de herói. Claro que terão imbecis ocasionais que vão fazer merdas inspirados pelos filmes, mas acredito que essas pessoas já possuem um comportamento instável e verão ali apenas um gatilho para por pra fora. Se você é sensível ou está numa fase meio deprê no momento, melhor ver este filme em outra hora.

Com previsão de boa bilheteria, este filme só reforça a ideia da DC em não fazer mais universos compartilhados, dando liberdade para cada diretor produzir peças sem amarras ou compromissos com material já feito. Phillips disse que não pretende fazer uma sequência para Coringa, e eu espero de verdade que essa decisão se mantenha, pois o filme é redondinho e entrega o que se propõe: a origem de um dos mais populares vilões dos quadrinhos. Agora é ver se este tipo de película vira tendência, e se Joaquin Phoenix recebe ao menos uma indicação pela atuação dedicada e forte como o palhaço do crime.

Filme: LEGO Batman: O Filme [Review]

A LEGO escapou da falência ao apostar em produtos multimídias como games e animações, fazendo parcerias com diversas produtoras como a Warner. Esta parceria que já rendeu um ótimo filme traz agora LEGO Batman: O Filme, uma divertida homenagem ao Homem-Morcego que mesmo sendo para crianças, trabalha aspectos interessantes do personagem.

Mais uma vez a cidade de Gotham é atacada por sua corja de vilões, e cabe ao Batman salvar o dia com muita pose e estilo. O Coringa fica decepcionado quando Batman diz que ele não é seu arqui-inimigo, e começa a bolar um plano para provar que o morcego está errado. Ao mesmo tempo, Batman tem problemas com a nova comissária Bárbara Gordon e o órfão Dick Grayson, ao qual adotou enquanto estava distraído em uma festa.

Um dos pontos altos de Uma Aventura LEGO (que já comentei AQUI) foi a aparição de Batman como coadjuvante, que diferente da sua versão soturna tradicional, aparece com uma personalidade egocêntrica e fanfarrona. Não fiquei surpreso quando mais tarde anunciaram um spin-off com o personagem, mas o que me espantou foi o desenvolvimento que deram a ele e a abordagem de alguns aspectos do mesmo, como por exemplo o fato dele não construir relações por medo de perder as pessoas como perdeu seus pais. Por mais que pareça algo cabeça demais pra uma animação infantil, a Warner provou no filme passado que consegue trabalhar temas profundos em equilíbrio com a diversão, e desta vez não foi diferente.

Em diversos momentos o filme presta homenagem a todo o legado do Homem-Morcego na cultura pop, como referências diretas a antigas animações, filmes e séries. Ao contrário da Marvel que tem o direito de seus personagens espalhados por diversas empresas, a Warner pode usar todo o acervo da DC Comics sem preocupação (e seu próprio acervo de produções também), trazendo uma bagagem de elementos já conhecidos do grande público para o filme, e permitindo piadas que fariam o Deadpool da Fox morrer de inveja. Por falar em Deadpool, existem alguns momentos pontuais de quebra na quarta parede que talvez tenham sido inspirados nele.

Em tempos de incertezas no próximo longa do morcegão, LEGO Batman: O Filme mostra o quanto ele é um dos personagens mais versáteis da cultura pop, se encaixando em todo tipo de proposta, sejam elas densas ou apenas divertidas. Acredito que vai agradar do “bat-fã” mais xiita até a criança que nunca ouviu falar dele. A dublagem tem piadas regionalizadas e está ótima, mas se fosse uma versão Feira da Fruta seria perfeita.

Batman: Lendas do Cavaleiro das Trevas – Alan Davis


Lançado em dois volumes, o especial Batman: Lendas do Cavaleiro das Trevas – Alan Davis traz as participações marcantes do desenhista a frente do Cruzado Encapuzado, aparições quase sempre clássicas, apesar de serem do baixo número em comparações com tantos outros artistas recorrentes do Morcego. A primeira das histórias reúne a equipe criativa formada pelo homenageado desenhando, pelos roteiros de Michael W. Barr e arte final de Paul Neary. A união entre os três se alastraria pela maioria das histórias mostradas, e resgataria uma face mais escapista do herói, distanciando-o da figura concebida por Frank Miller no mesmo ano de 1986, em O Cavaleiro das Trevas.

Qualquer resenha de quadrinhos deve levar em conta a face que Barr escolhe para Batman, associando-o a um personagem mais vívido e falante, diferenciando-se demais da figura sombria que alguns fãs costumam idolatrar. Seu comportamento é repleto de cores, acompanhado de seu sidekick, que distribui sopapos e frases de efeito de modo indiscriminado, e que tem intimidade suficiente até para discutir com seu parceiro sobre seus envolvimentos amorosos com a Mulher-Gato.

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O foco deste arco é na relação entre o trio de justiceiros, e a tentativa do Coringa em tentar corromper o ethos da felina, que estava agora alistada junto a bat-família. A trama começa por Detective Comics #569 e mostra Jason Todd como um Robin não tão rebelde quanto o visto em Morte em Família, ao contrário, seu comportamento é submisso, ainda que já flerte com alguns indícios da puberdade em ebulição. É curioso como essa confusão hormonal faz uma combinação com a lavagem mental que sofre a vigilante Selina Kyle, após uma intervenção do Coringa, que tenta adequá-la a sua insana e torpe psique bandida.

Curioso como os eventos que ocorrem pouco tem consequências práticas, mesmo com rompimentos que em um drama adulto, seriam bastante sérios. Os roteiros não passam do ordinário, na verdade valem menção pelo traço fino de Alan Davis, e por poucas referências, como a previsão da morte de Jason Todd, em um pequeno chiste após uma luta com o Espantalho.

Em O Livro do Juízo Final, há uma homenagem ao cinquentenário da Detective Comics, reunindo detetives do cânone da cultura pop, mostrando o modo de operar dos investigadores. A narração começar por Mister Bradley, um detetive particular que faz referência direta as novelas noir, que obviamente influenciaram Bob Kane e Bill Finger na criação do Cruzado Encapuzado. As partes da história mudam de equipe artística frequentemente, exibindo um caráter despretensioso, que tem o mérito de referenciar Sherlock Holmes de modo muito reverencial, em um momento emocional no desfecho do primeiro volume.

LENDAS_ALAN_DAVIS_4Os registros dão sequência a uma aposentadoria forçada do Chapeleiro Louco, após um tratamento psiquiátrico cuja terapia era ligada a sublimação de sua obsessão por chapéus. Logo o paradigma muda e ele retorna a vida de crimes, engendrando um ataque que quase mata Jason Todd. O acontecimento serve basicamente para retomar a relação com Leslie Thompkins, e também, para relembrar os laços afetivos entre a mãe adotiva e o pequeno Bruce Wayne, recém órfão e tão afeito a marginalidade quanto foi a história de Jay Todd.

O volume segundo inicia o arco que foi posteriormente denominado Ano Dois, já que pela ideia original de Mike W, Barr não o era. O único volume desenhado por Alan Davis marcou o fim de seu primeiro ciclo em Detective Comics, ainda inconcluso o trabalho narrativo. O retorno se daria na saga Full Circle, lançada em 1991, até então inédita em edições brasileiras. Círculo Completo tem um tom um pouco mais acinzentado que as outras histórias de Barr e Davis, assim como foi em Batman Ano Dois e mais próximo do visto nas histórias do roteirista que remontam a disputa ideológica entre o Morcego e Ras All Ghull, inclusive mostrando um paralelo com o antagonista, vista no proto-Batman que seria a figura do Ceifador e seu alter ego, semelhante até fisicamente com o Cabeça de Demônio.

O tom retorna ao sombrio, ainda que haja um tom de amálgama entre o herói calado e o escapismo típico da dupla de autores a frente das histórias do cruzado. O retorno do Ceifador resgata a discussão do ultra-moralismo e do fascismo derivado dessa caça indiscriminada a vilões e marginalizados, quase sempre punindo os personagens que tem no sexo e na promiscuidade o cerne de seus comportamentos.

A narrativa tenta justificar alguns dos estranhos conceitos vistas em Ano Dois, como a união entre Joe Chill e Batman, com uma interessante trama de legado, com o filho de Joe envolvido diretamente com a trama de banditismo, envolvendo também um laço familiar, que faz eco na paternidade adotiva de Wayne com Dick Grayson. A história acaba por ter mais significado a partir do momento em que foca em resgatar os traumas de infância dos personagens, uma vez que se investiga a motivação de vingança de cada um, separando bem o que ocorreu como Wayne e Chill, pondo-os em lados opostos da lei, mas igualmente cegos, graças a dor da perda que ambos tiveram.

De certa forma a ação do menino prodígio faz lembrar a trama vista no resgate do Robin de Chris O’Donnell em Batman Eternamente, que também salva o herói sem a sua “autorização”, ainda que a receptividade na revista seja muito mais positiva do que no filme de Joel Schumacher, até porque o efeito na ação do vigilante foi de inspiração, para que ele saísse da armadilha e finalmente enfrentasse fisicamente seu opositor.

O tomo é bastante violento, até para os padrões de Michael W. Barr, compondo assim uma ótima despedida de Alan Davis do título, conseguindo imprimir uma história final interessante e de tom diferenciado. O volume dois termina com uma breve história em preto e branco, denominada Saideira no McSurley’s, que também possui uma temática de violência urbana, fugindo da pecha de história escapista, que em suma, mostram a versatilidade de Alan Davis em produzir histórias de teor tão diferentes.

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Superalmanaque DC #1 – Origens Secretas

Formatinho, 228 páginas, 1990.

Era 1990 (no Brasil).

IMG_20141222_120140-1Os tenebrosos anos da “Era Image” já batiam os calcanhares das majors dos quadrinhos norte-americanos mas para um leitor como eu estava tudo muito bom (mesmo).

As histórias da DC Comics publicadas pela Editora Abril tinham dois anos de atraso, mas estavam no auge do frescor e criatividade. Eram tempos da Mulher Maravilha de George Pérez, do Batman escrito por Alan Grant, do Superman de John Byrne (que mesmo com toda a controvérsia era sim um sucesso de vendas) e do Flash Wally West já escrito por Bill Messner-Loebs.

“Superalmanaque DC #1 – Origens Secretas” foi um compilado lançado pela Abril para utilizar histórias backup inseridas em títulos do Batman (em sua maioria) falando da origem dos inimigos clássicos do homem morcego. E como era comum nas diretrizes da editora inseriram também outras pequenas histórias do Flash e da vários heróis que então faziam parte Liga da Justiça cômica meio que para encher lingüiça mas que no geral criou um resultado bem interessante.

Vemos Wally West numa consulta com o terapeuta e , aparentemente, como na fase de Mike Baron (antecessor de Messner-Loebs) o que poderia ser uma choradeira do Flash novato é uma divertida e honrosa menção ao recém-falecido Barry Allen. Falando de sua origem e buscando a causa da perda de parte de seus poderes no final de “Crise Nas Infinitas Terras” ele divaga para um psicólogo sonolento toda sua passagem como Kid Flash, a Crise propriamente dita e como Allen foi um modelo a ser seguido. Tudo termina com uma bela poesia de Rudyard Kipling.

Colada com a origem de Wally vemos Carmine Infantino (um dos criadores do Flash Barry Allen) revitalizar de forma poética a origem do herói feita pelo mesmo Infantino juntamente com Robert Kanigher e Julius Schwartz. Vemos o acidente, seus inimigos, seus amores, o jovem Wally West, o Anti-Monitor e de forma muito singela o vemos definhar na clássica cena de “Crise Nas Infinitas Terras” até desaparecer e se tornar o raio que o transformou em Flash, iniciando um vórtice sem fim. Emocionante.

A terceira história é uma nova versão da origem clássica da Liga da Justiça feita por Gardner Fox. Com argumento de Keith Giffen, diálogos por Peter David e arte de Eric Shanower vemos os então novatos Lanterna Verde Hal Jordan, Ajax, Canário Negro, Aquaman e Flash lutando separadamente contra os appelaxianos (raça alienígena invasora) e que percebem que unidos fariam tudo de forma mais fácil. O tom é leve e engraçado (herança da fase engraçada da Liga encabeçada por Giffen) e retira de forma retroativa a participação do Batman, Mulher Maravilha e Superman . Isso também seria revisto dezenas de vezes. Nada demais mas divertido.

A quarta,quinta e sexta histórias falam de forma curta de Gladiador Dourado, Senhor Milagre e Capitão Átomo (todos membros da Liga na época).

Dan Jurgens escreve e desenha o surgimento de sua cria , o Gladiador. Ele era um jogador de futebol famoso no século XXX e que por péssimas escolhas foi para a cadeia, perdeu tudo e ficou na miséria. Após sair da cadeia ele consegue um emprego como faxineiro de um museu. Lá ele decide roubar um uniforme alienígena e um anel de voo da Legião dos Super-Heróis indo de volta ao passado, nos anos 80, para usar seu conhecimento do futuro e enriquecer. Claro isso não deu certo e pouco depois ele entra para a Liga da Justiça Internacional.

O mestre Don Heck pega o Senhor Milagre de Jack Kirby e nos fala um pouco de seu passado em Apokolips como filho adotivo de Darkseid. Paralamente vemos a origem de Oberon, seu eterno amigo. Enquanto Scott Free passa por todo o duro treinamento de guerra somos apresentados para a juventude de Oberon, sua vida miserável no circo até encontrar Thaddeus Brown, um especialista em fugas. A história corre em paralelo e culmina na chegada do Senhor Milagre à Terra (fugindo de Darkseid) e encontrando Thaddeus Brown morto após um confronto com mafiosos que haviam raptado seu filho. Por algum motivo Free ajuda o pequeno homem e assume a alcunha de Senhor Milagre usando o uniforme de Brown. Logo em seguida ele traz Barda, seu grande amor de volta. Ótima história.

Cary Bates, Greg Weisman e Alan Weiss usam a fase conspiratória das histórias solo do Capitão Átomo e nos apresentam uma reunião em Las Vegas de fãs do Capitão Átomo. Vemos o acidente nuclear que o criou, uma criança doente que conseguiu a cura após um passeio cósmico com o Capitão, um casal salvo de outro teste nuclear no Pacífico e um cosmonauta russo salvo de um acidente na re-entrada. Tudo bem vai muito até percebermos que era tudo um ensaio de atores para um evento público que iria engrandecer o herói prateado. Tudo uma farsa…

Começa então a sequência dos personagens da galeria do Batman.

Jan Strnad (roteiro) e Kevin Nowlan (arte) tiveram a difícil tarefa de recontar a origem do Morcego Humano. Superar a clássica história Frank Robbins e do mestre Neal Adams seria difícil mas a dupla se dá muito bem ao contar o drama de Kirk Langstrom um cientista que procurava um soro capaz de criar um radar semelhantes ao dos morcegos e que ajudaria deficientes físicos no dia-a-dia. Mas algo dá errado e ele se torna um ser monstruoso que na verdade causa mais compaixão por seu sofrimento que repulsa. Batman tenta ajudá-lo mas tudo dá errado e nascia o personagem mais trágico da galeria do homem morcego.

Neil Gaiman conduz uma história que ligara as origens de Charada, Pinguim e Duas Caras. Vemos mais perguntas que respostas na origem de Edward Nigma, a infância de abusos e maus tratos do Pinguim e a também trágica origem do Duas-Caras onde Harvey Dent tem seu rosto atingido por ácido arremessado por um mafioso. Os artistas são muitos bons : Alan Grant e Sam Keith recriam o Pinguim, Bem 89 e M.Wagner criam as maluquices de Gaiman para (não)contar o Charada e Pat Broderick nos mostra a derrocada de Harvey Dent.

“Superalmanaque DC #1” é uma boa coletânea de um período muito fértil da DC. Seus escritores e desenhistas tinham liberdade para abordar temas mais soturnos, conspirações políticas, terror hard,etc. E é um bom experimento no quesito “mix” praticado pela Abril.

ArgCast #152 – As Gostosas do Batema!

Em meio às paternidades dos Argonautas Comandantes do ArgCast (Fabiano Silveira tornou-se pai do jovem fã de Batman, EDUARDO, e Daniel HDR pai de uma PEDRA NOS RINS de quase 1cm que exigiu internação e intervenção cirúrgica no nosso amado Argonauta quadrinista), o ARGCAST volta, com seu episódio parte da INICIATIVA BATMAN, onde os podcasts participantes dedicam-se no mês de Dezembro à falarem sobre a morcega!

Como a Batzoeira Never Ends, Daniel HDR recebe Ivo “Hell” Kleber (MDM), Rogério DeSouza, Bruno Costa (Cinecast) e Felipe Morcelli (Terra Zero) para conversarem sobre AS GOSTOSAS DO BATEMA! Em meio a muita informação relevante e inútil, nossos argonautas relembram os amores, aventuras e desventuras amorosas do Homem-Morcego, desde sua criação em 1939 até os dias atuais.

“Ah, mas onde tá a zoeira aí? Vocês estão dizendo que o Batema é pegador! Tem zoeira nenhuma aí, não!”. Acompanhe nosso episódio, jovem mancebo, e perceberá como Bruce Wayne é um cretino com as mulheres!

E uma surpresinha no final do episódio, cortesia do Daniel HDRave.

E de quebra: quem ele deveria pegar na DC que ainda não pegou… e qual o maior homem na vida de Batman (e acreditem, ninguém listou Thomas Wayne).

FELIZ 2015, pessoal!

batman feira da fruta

E os links das imagens? Estão no mesmo lugar onde o Batema esconde o Batescudo.

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ArgCast #152 – As Gostosas do Batema! ArgCast

Sarjeta do Terror #4 – Asilo Arkham: Uma séria casa num sério mundo

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Popularmente, o terror é dito como um gênero para “dar medo”. Eu discordo profundamente dessa caracterização, por diversos motivos, dos quais vou citar apenas dois:

Primeiro, “medo” é uma emoção profunda e forte do ser humano, uma emoção negativa* que não é nem um pouco divertida. Ninguém que tem medo de altura vai achar uma boa ideia andar numa montanha russa, e ninguém que tem medo de aranhas vai achar divertido ficar trancado em um banheiro com uma delas.

É importante lembrar que, antes de tudo, o terror como gênero narrativo é, ainda assim, catarse; não é uma “realidade virtual” que reproduz fielmente o mundo real, e sim uma “experiência controlada” onde, por mais intensa que seja, sabemos que podemos sair dali quando quisermos. É como uma montanha russa, ou um trem fantasma em um parque de diversões: Nós entramos sabendo que, no fim das contas, não há risco real. O sentimento trazido pelas histórias de terror está mais para o que especialistas do gênero como Nöel Carrol chamam de “art-horror”, ou seja, uma imitação das emoções reais, não a emoção per se.

Segundo que, frequentemente, se usa a palavra “medo” nas histórias de terror como sinônimo de “susto”. Enquanto o primeiro é uma emoção real, o segundo é apenas uma ferramenta para uma história – não apenas uma história de terror – e que hoje tem sido usado como uma fórmula em filmes mais pasteurizados, em especial os filmes de terror de Hollywood. “Medo” e “susto” não são a mesma coisa.

Dito isso, as histórias de terror nas mais diversas mídias sempre balançam dentro de um espectro que vai do pueril ao “longe demais”, e talvez seja exatamente isso que torne o terror interessante: a busca por um equilíbrio entre a catarse e o sentimento real.

No caso dos quadrinhos, as duas grandes editoras (Marvel e DC) não costumavam ter a tradição de cruzar estas fronteiras e normalmente tratavam suas histórias de terror do jeito mais simplista (talvez por estarem mais acostumados com os super-heróis, um conceito pueril por natureza, mas principalmente pelas limitações instituídas pelo Comic Code Authority). Foi apenas quando essas editoras começaram a desafiar o Comic Code que começamos a ver, dentro do “mainstream”, histórias mais arriscadas em termos de conteúdo e forma. É nesse caldeirão de “subversão” do mainstream que surgiu a hq que, pra mim, é uma das melhores histórias de terror já produzidas por grandes editoras: Asilo Arkham.

Uma das grandes vantagens das histórias do Batman é a variedade de gêneros com as quais nós podemos encaixar o personagens e os elementos de sua “mitologia”. Um dos lugares que é presença constante nas histórias do homem-morcego é o Asilo Arkham, sanatório onde se encontram os mais perigosos e psicóticos vilões do personagem (não por acaso praticamente todos eles). O sanatório foi construído por Ammadeus Arkham, que teve uma vida bastante perturbada, tendo enlouquecido logo após sua família ter sido assassinada por um maníaco que posteriormente veio a ser interno do asilo.

Asilo Arkham – Uma séria casa num sério mundo (Arkham Asylum: A serious house on serious earth) é uma Graphic Novel originalmente publicada em 1989 pela DC Comics e cujo protagonista é Batman e os internos do Asilo Arkham. Escrita por Grant Morrison e Ilustrada por Dave Mckean (colaborador usual de Neil Gaiman), a Graphic Novel usa um motim dos internos do sanatório liderado pelo Coringa para fazer uma assustadora viagem pela mente humana.

A história conta com duas narrativas principais: A história de Ammadeus Arkham, o fundador do asilo, contada através de seu diário, e o motim liderado pelo Coringa, onde os vilãos têm apenas uma exigência: a presença de Batman entre eles. Batman terá então de adentrar no Asilo e acabar com o motim, antes de ser devorado pela loucura do Arkham, um lugar tão perturbador que, em dado momento, Batman precisa cortar a si mesmo para manter a sanidade.

Embora utilize o universo do Homem-Morcego, a Graphic Novel é muito mais do que uma simples história de “herói”. É uma perturbadora visão da humanidade do ponto de vista dos loucos. A história, além de assustadora, nos faz refletir sobre uma série de aspectos estabelecidos na nossa sociedade, como a origem da loucura, o que é realmente ser louco, e mais importante: Qual “realidade” é a verdadeira: a nossa, ou a deles? Parte do sucesso da obra se deve ao fato de ter sido feita como uma resposta ao crescente “realismo” aplicado principalmente às histórias do Batman, o que tornara o personagem um psicótico atormentado. Asilo Arkham é, sem fugir à essência do personagem, uma obra complexa e psicologicamente densa, mas ainda com um caráter mítico com o qual Morrison se sente tão à vontade em trabalhar.

A Graphic Novel ainda conta com citações a Lewis Carrol e sua obra mais famosa, Alice no País das Maravilhas e lembra bastante os contos góticos de Edgar Allan Poe e o terror psicológico de H.P. Lovecraft. Leitura altamente recomendada para os fãs do Homem-Morcego, mas principalmente para os fãs de Terror. Também possui uma coleção de “frases de efeito” próprias, assustadoras e perturbadoras por si só, que já valem a leitura.

Curiosidades:

– A relação do homem morcego com o Terror não é nova; na verdade, em toda a sua história e desde sua criação, Batman foi muito influenciado por esse gênero e diversas homenagens foram prestadas em elementos da cidade, nomes ou personagens. Sua origem, segundo os próprios criadores – Bob Kane e Bill Finger – tem raízes principalmente nas histórias do Zorro e em um filme pouco conhecido de 1926 pelo público de hoje, The Bat (O morcego). Conceitos do personagem como a capa e o capuz em forma de morcego com o intuito de ser ameaçador e o Batsinal estão entre os elementos inspirados neste filme, que teve ainda duas outras versões: Em 1930, com o nome The The Bat Whispers (e dirigido pelo mesmo diretor do original) e um remake em 1959, estrelado por Vincent Price.

– Alguns dos principais vilões do Batman são inspirados por diversas obras do gênero de terror. O Coringa, por exemplo, foi inspirado em um filme de 1928 chamado The Man Who Laughs (O homem que ri), que é a adaptação de um romance pouco conhecido de Vitor Hugo.

– O “Homem-Mariposa”, famosa lenda urbana americana (que inclusive foi tema de um filme chamado “A última profecia”, tem esse nome por que lembrava (ainda que vagamente) vilão do Batman Mariposa Assassina.

– Arkham é o nome de uma cidade fictícia que aparece em inúmeros contos de H.P. Lovecraft.

Edições anteriores:

3 – A Era de Ouro dos comics de terror

2 – Beladona

1 – As histórias em quadrinhos de terror: os primórdios

Por que não gostamos dos filmes do Batman do Christopher Nolan?

Gustavo Brauner
Leonel Caldela
Ana Carolina Recalde Gomes
Salomão Barreira Santiago

Batman_BeginsBatman Begins:

O Batman dos filmes de Christopher Nolan não é um gênio.
Na verdade, passa bem longe da genialidade. De acordo com os filmes, não sabemos se Batman sequer tem inteligência acima da média. Nos quadrinhos, Batman é o ápice mental humano, repleto de diplomas e conquistas — estudou com os maiores especialistas de cada área; nos filmes, é apenas um cara médio, o verdadeiro “average guy”. Lembrem que Batman é tão “average” que a única coisa em que consegue pensar para evacuar sua mansão no final do primeiro filme é insultar os presentes…

O Batman dos filmes não é um atleta.
Tem um bom físico, é verdade, e até treinamento ninja. Mas, até aí, tem um monte de caras no mundo real que também estão em forma e têm treinamento ninja. Alguns são bons até mesmo em mais de uma arte marcial — ou em várias. O Batman dos quadrinhos é o ápice físico humano, e dominou diversas artes marciais; nos filmes, é apenas um cara que treinou em um único estilo de luta e se mantém em forma.

O Batman dos filmes não tem nenhuma habilidade especial.
Não é um cientista, não é um detetive, não é… Nada. De acordo com os filmes do Christopher Nolan, Batman é apenas alguém com dinheiro suficiente para comprar apetrechos caros que fazem todo o serviço de verdade. Sem uma calculadora, ele teria dificuldades em dividir um número por outro.

Depois de ler as razões acima, você provavelmente respondeu que “é apenas um filme; é pra ser mais realista que as histórias em quadrinhos. Se Batman fosse apresentado como o ápice físico e mental humanos, ninguém acreditaria”. É mesmo? Gostaria de saber o que você acha da próxima razão de por que não gostamos dos filmes do Batman do Chris Nolan.

batman-beginsUma das premissas dos filmes do Batman do Christopher Nolan é ser realista.
Então por que diabos um bilionário se veste como morcego e sai dando socos em bandidos nas ruas? Arriscando ser raptado, levar um tiro ou ser descoberto? No mundo real, um bilionário que busque consertar o sistema vai investir em educação, saúde, segurança, em melhorias para a vida das pessoas… Se tiver um pouco menos de respeito pela Lei e pela Justiça, vai comprar o sistema, subornando e assassinando políticos corruptos para obter as melhorias que deseja. Mas se vestir de morcego e socar bandidos? Nem um pouco realista, não é mesmo?

O Batman dos filmes usa armadura.
Nos quadrinhos, a capa e o uniforme do Batman são de materiais resistentes, porém leves — e mesmo assim conseguem até defletir balas. Mas passam longe de serem armaduras. No filme, Batman usa uma armadura pesada que, no mundo real, só atrapalharia — especialmente para socar bandidos nas ruas e realizar movimentos de artes marciais. Não esqueçam que realismo é uma das premissas da trilogia. Se nem os soldados americanos usam armadura no Iraque, por que logo o Batman precisaria de uma em Gotham City? Nas palavras de John Byrne, um famoso escritor de quadrinhos: “Como eu disse outras vezes, em muitas ocasiões, no momento em que você coloca o Batman em uma armadura, os vilões deixam de ter medo dele; afinal, um cara de armadura é apenas isso, um CARA de armadura. Só mais um ser humano. E você pode MATAR um ser humano”.

O Batman dos filmes é um assassino.
Ele mata seus inimigos. Não importa se ele mata bandidos ou não. Uma das regras do personagem é: Batman não mata. Ponto. “Ah, mas ele é o Batman!”. Imagine a seguinte situação: um bando de pivetes rouba sua avó a mão armada. Você mata os pivetes? Você mataria os pivetes se tivesse a chance? Imagine agora alguém que fez um juramento de não tirar uma vida humana. “Mas é um filme, é diferente”. Se é tão diferente, por que o filme se chama Batman?

A voz do Batman dos filmes é ridícula.
Nos quadrinhos, a voz do Batman é uma oitava mais alta que a voz normal de Bruce Wayne. Nos quadrinhos, Batman não tem câncer de laringe, nem qualquer outro problema ou desvio de fala.

A Gotham City dos filmes não é “Goth”.
Para uma cidade escura, sombria, com arranha-céus enormes, catedrais gigantescas e as características estátuas de gárgula por toda parte — pelo menos nos quadrinhos! —, a Gotham dos filmes parece mais uma metrópole de país em desenvolvimento: nem um pouco histórica, e menos ainda sombria. Isso acaba com um dos principais personagens das histórias de Batman: a cidade que ele jurou proteger.

ArgCast #141 – The Best of BATMAN

E a celebração dos 75 anos de criação do Homem Morcego ganha sua segunda e ultima parte aqui no ArgCast, agora com Fabiano “Prof. Nerd” SilveiraDaniel HDRAna RecaldeRogério DeSouzaBruno Costa (Cinecast) e Leo Lopes (do Radiofobia) listam seus melhores momentos e contatos com histórias do BATMAN!!! Nos quadrinhos, nas animações, no cinema e nos games, os “Prof. Nerd” pira! Se bem que todos aqui falaram só coisas que gostam! 🙂

E este episódio você saberá mais como ter em sua prateleira esta INCRÍVEL ESTATUETA feita pelo ilustrador e escultor Marcos Caldas, com uma clássica cena do Batman e Coringa na graphic novel BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS! Quer fazer parte da promocha? Então clique AQUI!

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Links relacionados:
ArgCast #139 – PORRA, BATMAN;
ArgCast #98 – BATMAN – O CAVALEIRO DAS TREVAS;
ArgCast #110 – OS ROBINS;
ArgCast #96 – O BATMAN DE CHRISTOPHER NOLAN;
ArgCast #102 – GAMES DE SUPER-HERÓIS;

E os links das imagens relacionadas?

batman-adam-west-dancando
Vai dançando o “Batusi” enquanto espera pelos links 😉

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ArgCast #141 – The Best of BATMAN ArgCast

ArgCast #139 – PORRA, BATMAN!

Em celebração aos 75 anos de criação do Homem Morcego, Fabiano “Prof. Nerd” Silveira, Daniel HDR, Ana Recalde, Rogério DeSouza, Bruno Costa (Cinecast) e Thedy Correia (da banda Nenhum de Nós, e fã fervoroso do Baaatema) lista aqui (pra desespero do Prof. Nerd) os momentos terríveis do Batman, nos quadrinhos, no cinema, na TV… aquelas coisas que, por mais que você adore esse clássico personagem, fazem você dizer PORRA, BATMAN”!!!

E este episódio é patrocinado por AS BARATAS, que juntamente com o ArgCast, está convocando você à concorrer à um phodastico BAT-KIT na Promoção THE BAT!
Saiba mais clicando AQUI!

promoTHEBAT

Assista ao segundo HANGOUT AO VIVO do ARGCAST no YOUTUBE, com o tema “EU GOSTO DESTA MERDA DO BATMAN”. Ou você acha que não teríamos coragem de defender alguma coisa ruim feita com o Baaatema?

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Citado no episódio:
– Jason Todd: roubando pneus do Batmovel, sua morte e ressurreição;
– Batman virando Tigre, Zebra e de Papel;
Bat-Mirim e Batcão;
Jean-Paul Valley, o Batman Massavéio Cancromole;
Bane é maninho do Baaatema?
Darkseid mata Batman, e ele ressuscita viajando pelo tempo;
Batzarro;
Ben Affleck será o Batman;
Prince e o disco “Batdance”;
Michael Keaton de Batman: Criança usando roupa do pai;
Batman e Robin de Joel Schumacher – Unanimidade ou Guilty Pleasure?
Batman e Robin sensualizando no cinema dos anos 1940;
O seriado do Baaaaatema nos anos 1960;
Batman-Batuzi;
Julie Newmar (Mulher Gato) : e Ivone Joyce Craig (Batgirl): o “big deal” do seriado do Baaaatema dos anos 1960;
“Aves de Rapina” na TV: Veja sem o volume;
E a praga do Bat-Mirim voltou no desenho do Batman;
O Coringa Dente-de-Sabre Vidalouka do desenho “The Batman”;
Não éra mentira: veja a porta do escritório do Pro.Nerd;
ArgCast #110: os ROBINS;
– Daniel HDR no 20o FEST COMIX (SÃO PAULO – SP) e na KOLLECTOR (CAXIAS DO SUL – RS);

E pra você que chegou até aqui, parabéns, você vai ver vários GIFs da JULIE NEWMAR e da IVONE JOYCE CRAIG! Sim, porque elas valiam aquela série INTEIRA!

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