Filme: Dragon Ball Super – Broly [Review]

Poucos animes são tão populares mundialmente quanto Dragon Ball, que desde a década de 80 vem se renovando e conquistando novas gerações. A obra de Akira Toriyama volta em Dragon Ball Super – Broly, resgatando em um grande “retcon” um personagem não canônico muito popular entre os fãs.

Banido ainda quando criança do planeta Vegeta por ter um nível de força acima do normal, o jovem Broly e seu pai são encontrados pelo exército de Freeza, que oferece auxílio aos dois para terem sua vingança sobre o príncipe Vegeta, atualmente na Terra junto ao grupo de Son Goku. Quando Freeza vem à Terra em busca das Esferas do Dragão, acaba trazendo Broly e seu pai que encontram Vegeta e Goku, iniciando um combate de proporções inimagináveis.

Eu conheci Dragon Ball no começo dos anos 90, quando um amigo do meu irmão recebia os episódios em VHS do Japão enviados pelo pai ou os filmes especiais em Laser Disc. Um desses LD era Dragon Ball Z Movie 8: Moetsukiro!! Nessen – Ressen – Chōgekisen, onde era apresentado o Saiyajin psicopata e descomunalmente poderoso Broly, que apesar de não entrar no canonê se tornou marcante devido a sua brutalidade, poder e tamanho. Após todos estes anos e algumas outras ocasionais aparições, Broly é apresentado de forma definitiva em um filme que também aproveita para trabalhar melhor o passado de Dragon Ball e da raça Saiyajin. Logo no começo eles apresentam um pouco mais dos Saiyajins em seu planeta, a sua relação com Cold e seu filho Freeza e até um pouco da tecnologia e hierarquia social é explorada. O filme re-apresenta o evento que fez o pai de Goku enviar seu filho para Terra ao perceber que seu planeta seria destruído (Alguém disse Superman?) e este é o gancho que traz a história para os tempos atuais.

Apesar de manter a mesma base do filme antigo (Broly e seu pai em busca de vingança contra a família Vegeta) temos muitos pontos díspares entre ambos. pra começar a própria época em que o filme se passa, pois o antigo provavelmente se passava antes da saga Cell e usava como alívio cômico personagens como Mestre Kame, Kuririn e Oolong, além de ter os Saiyajins apenas com suas primeiras transformações de poder, enquanto o novo da fase Super já não conta com todos estes personagens, introduzindo novos e também se valendo das múltiplas transformações de poder que os guerreiros alienígenas de cabelo espetados ganharam com o tempo.

Definitivamente uma das principais mudanças está em Broly, o núcleo da história em ambos os filmes. Em sua primeira versão o personagem era apresentado como um rapaz magro e quieto com pouco poder de luta, que na verdade estava sendo contido pois era um psicopata com sede de destruição, um poder imensurável e um ódio cego por Goku. O Broly deste filme é um garoto ingênuo criado pelo pai em um planeta selvagem, sem toda a psicopatia do anterior mas com um poder tão grande quanto – também selado pelo seu pai para que ele não perca o controle. Esta nova visão do personagem tira a carga de vilão cruel que ele tinha e, através de algumas cenas, apresenta um lado mais humano do mesmo para que o público crie empatia por ele. Particularmente acho que a versão anterior apresentava um grau de periculosidade e ameaça maior, fazendo o público temer mais pelos protagonistas.

A produtora Toei apresenta uma boa qualidade nas animações, com personagens expressivos e cenas de ação muito bem coreografadas. Infelizmente um dos pontos negativos é a interação das animações com cenários e objetos de computação gráfica, pois a diferença técnica entre ambos acaba te tirando um pouco da cena. Os efeitos aplicados nos poderes também ficaram péssimos, longe da simplicidade dos clarões de luz bem empregados no passado. O ponto forte da trilha sonora é fazer referência a temas clássicos da série, porém volta e meia aplica batidas com gritos no meio do som que destoam totalmente das cenas.

Tendo em vista que o próprio Dragon Ball Super segue uma linha diferente da fase Z, com um foco mais leve na violência e efeitos mais elaborados, Dragon Ball Super – Broly introduz bem o personagem a este contexto. A nova versão do vilão pode causar estranheza e incomodo aos fãs das antigas, mas o filme vale pela diversão, nostalgia, cuidados na produção e pelas cenas de ação empolgantes.