A Marvel e principalmente a DC têm lançado diversos longas-metragens animados, muitos deles baseados em histórias famosas dos quadrinhos, como Planeta Hulk ou DC: A Nova Fronteira. Porém, ainda há espaço para novas ideias, como prova Os Novos Vingadores: Heróis do Amanhã (Next Avengers: Heroes of Tomorrow).
Lançada em 2008 nos EUA, a animação só chegou recentemente ao Brasil pela Flashstar, tendo direção de Jay Oliva e roteiro por Chris Yost, Craig Kyle e Greg Johnson. Embora use diversos elementos tradicionais do Universo Marvel, a história apresenta vários novos personagens.
Na trama, o vilão robótico Ultron dominou o planeta, matando os Vingadores e eliminando todos os humanos que encontra pelo caminho. Mas alguns Vingadores sobreviveram, caso de Tony Stark (o Homem de Ferro), que se esconde para criar os filhos de seus companheiros: James (filho do Capitão América com a Viúva Negra), Pym (filho de Gigante e Vespa), Torunn (a filha de Thor) e Azari (filho do Pantera Negra comTempestade, que na verdade nunca aparece ou é citada pelo nome na produção).
Os garotos crescem num ambiente seguro, onde são treinados para se defenderem. Depois que um acidente chama a atenção de Ultron, o quarteto de jovens heróis precisa, junto dos restos do vingador-robô Visão, tomar a iniciativa para recuperar o controle da Terra, no caminho encontrando um novo Gavião Arqueiro (filho do original) e até mesmo um envelhecido, mas ainda muito perigoso Hulk.
Tendo crianças como protagonistas, é claro que o desenho é um pouco mais leve do que a maioria das produções adaptando quadrinhos famosos, mas não chega a ser uma história infantil. É só lembrar que já na introdução somos informados da morte dos maiores heróis da Terra.
A criação de novos personagens, misturados com elementos já estabelecidos da Marvel, funciona muito bem, sendo atrativa para velhos fãs ao mesmo tempo em que deixa espaço para novas situações. Algumas ideias são adaptadas de HQs famosas, como os Vingadores de Ferro de Terra X, ou mesmo o Hulk, que lembra muito o Maestro (a versão velha do Hulk na história Futuro Imperfeito). Há ainda o caso de Capitão América e Viúva Negra juntos, algo que reflete o romance dos desenhos dos Supremos, mas que ainda assim lembra os quadrinhos, já que James “Bucky” Barnes, o atual Capitão, namora a Viúva e, vejam só, tem o mesmo nome do filho do casal no desenho.
Uma grande mudança foi a origem de Ultron, nesta versão criado por Tony Stark e não por Henry Pym (o atual Vespa nos quadrinhos, mas no desenho sendo ainda o Gigante). Embora possa decepcionar alguns fãs mais radicais, essa mudança faz muito sentido, tendo em vista as especialidades científicas de cada um dos inventores.
As cenas de ação são bastante dinâmicas, com uma movimentação muito bem trabalhada, porém, não há um clímax real para o embate entre os Vingadores e Ultron, o que quebra muito o ritmo da história, já que a luta final deixa a desejar. A trilha sonora é curiosa, misturando elementos dos desenhos dos Supremos com outros que lembram muito a trilha do filme Stargate.
Vale a pena assistir aos créditos finais, que apresentam os rascunhos dos personagens, onde podemos ver que o Gavião Arqueiro original poderia ter aparecido já velho e que Pym poderia ter sido uma mulher.
O maior mérito deste filme animado é conseguir apresentar um grupo totalmente novo de personagens, mesmo que tendo raízes em alguns dos mais tradicionais heróis da Marvel. Os simpáticos novos heróis parecem ter conquistado seu espaço, já que nos EUA já surgiram também nos quadrinhos, aparecendo em histórias de seus pais. Mas isso é um assunto que fica para daqui a alguns meses, quando a história em questão for publicada no Brasil…
Vozes originais: Noah Crawford, Dempsey Pappion, Aidam Drummond, Brena O´Brien, Adrian Petriw, Tom Kane. Roteiro: Chris Yost, Craig Kyle e Greg Johnson. Direção: Jay Oliva.