Sarjeta do Terror #39 – Os quadrinhos de terror no Brasil: parte 2

Neste mês, a segunda parte da matéria sobre os quadrinhos de terror no Brasil. Nesta segunda parte, cobrimos as editoras dos anos 80 até os dias de hoje.

Os quadrinhos de terror começaram nos EUA como um subgênero do pulp, mas especificamente o “weird manace”, e só no final dos anos 40 que se tornaram um gênero à parte, consolidando-se nos anos 50. Mas o horror sempre foi amigável a outros gêneros, com destaque para ficção científica e fantasia. No Brasil, o erotismo era um aspecto recorrente das histórias, tanto de algumas hqs trazidas de fora (especialmente as hqs italianas de terror) quanto nas produções nacionais.

Neuros, da editora Grafipar

Por isso, é importante lembrar da Grafipar, clássica editora sediada em Curitiba e que fez história nos quadrinhos nacionais. Fundada em 1977 por Faruk El-Katib, a Grafipar tinha como característica hqs produzidas no Brasil destinadas ao público adulto, com temática erótica, misturada a outros gêneros, inclusive o terror. Incialmente produzidas por Claudio Seto, Liessenfeld, Kussumoto, Ataíde, Julio Shimamoto, Magno, Eros Maichrowicz, Val Ferreira e Sebastião Seabra, seu sucesso permitiu abrir as portas para uma porção de outros artistas e veteranos da época, entre eles Franco de Rosa, Flávio Colin, Walmir Amaral, Itamar, Rodval Matias, Mozart Couto, Luis Saidemberg, Paulo Hamasaki, Bonini e Watson Portela. Em 1984, a editora fechou as portas, mas não sem antes fazer história nos quadrinhos nacionais. Entre as muitas hqs publicadas pela Grafipar, destacam-se Eros (1978), Próton (1978), Neuros (1978), Perícia (1979) e Volúpia (1980). A história da Grafipar pode ser conferida no livro Grafipar – A Editora que saiu do eixo, de Gian Danton.

Frustrados com a falência da Grafipar, J. B. Guimarães e Sergio C. Guimarães fundaram a Press, que originalmente era para ser “Maciota”, mas este nome acabou sendo reservado para o selo de sexo e humor picante da editora. É na Press que Franco de Rosa finalmente assume o posto de editor-chefe. Dentre as produções de terror, destacaram-se as revistas Mundo do Terror (1985), Spektros (1985), Vampiro (1985), Medo (1985), Gritos de Terror (1986) e Horror (1986).

Gritos de Terror, da Press, e Calafrio, da D-Arte

Vale destacar também a editora D-Arte, de Rodolfo Zalla e Eugeno Colonnese, criada em 1967. Inicialmente, a D-Arte era um estúdio que prestava serviços a outras editoras. Além dos fundadores, a D-Arte tinha uma equipe de peso, formada por artistas como Luis Meri, Rubens Cordeiro, Maria Helena Fonseca, entre outros. A qualidade das histórias e embasamento histórico e visual criada dentro de prazos que outros artistas não eram capazes de cumprir garantiu a sobrevivência do estúdio até 1969. Em 1981, Zalla e Colonnese retomam a D-Arte, agora como editora, passando a se focar especialmente na produção de terror, com as as hoje clássicas revistas Calafrio (1981) e Mestres do Terror (1983).

A independente animal trouxe Ranxerox para o Brasil

Os anos 80 foram acabando, mas o fôlego das hqs de terror continou. Enquanto a Abril trazia arcos clássicos de personagens como Monstro do Pântano e Sandman, personagens do gênero de super-herói que flertavam com o terror, produções underground como Porrada!, Special e Animal também trabalhavam de vez em quando com o tema. Em 1987, a L&PM republica O Estranho Mundo de Zé do Caixão, e a Catânea compila diversas das histórias de Eugenio Colonnese no álbum Histórias de Terror de Eugênio Colonnese.

 

 

 

Na década de 90

A partir dos anos 90, os quadrinhos de super-herói tomam conta das bancas e passam a dividir espaço com a explosão dos mangás, mas os quadrinhos de terror não foram esquecidos – embora as produções nacionais começassem a perder espaço para o material vindo de fora. Mesmo não sendo considerados exatamente terror, merecem destaque a publicação no Brasil de Akira (1990), pela editora Globo, e Crying Freeman (1990), pela Nova Sampa editora. A Nova Sampa publicaria também, em 1996, À Meia-Noite Levarei Sua Alma, adaptação do filme de 1967 protagonizado pelo Zé do Caixão. Pouco antes, a editora havia contribuído para o gênero com Drácula – A sombra da Noite (1985), Horas de Vampiro (1986) e Mistérios das Trevas (1986).

Kiss – Psycho Circus, da Abril e HQ -A revista do quadrinho brasileiro, da Escala

A L&PM publicou, nesta época, algumas hqs de terror, como Macumba Macabra (1990), Bradbury – O Papa-defuntos (1990) e Bradbury – O Pequeno Assassino (1991), estes últimos compilando histórias de Ray Bradbury adaptadas pela E.C. nos anos 50. A Abril seguiu publicando material do gênero: lançou Deadman (1990) e Hellraiser (1991), além de ter começado a publicar os títulos da Vertigo, como Hellblazer (1995), Santo dos Assassinos (1996) e Morte – O Grande Momento da Vida (1996). A Abril publicaria também outras hqs que misturavam heróis e horror, como Spawn (1996) e Kiss – Psycho Circus (1999). A editora Record, existente desde os anos 40, entrou no terror apenas nos anos 90, quando trouxe Dylan Dog (1991) para o Brasil e editou Cripta do Terror (1991), republicando as histórias clássicas da E.C. Tanto Dylan Dog quanto Cripta tiveram vida curta, mas o primeiro ainda seria publicado de forma irregular durante as décadas subsequentes.

A revista Spektro foi relançada por Ota em 1994, sem muito sucesso. Ota seguiu no terror em 1995, na Ediouro, com a Coleção Assombração, que trazia veteranos como Flávio Colin, Julio Shimamoto e Mozart Couto, além de novos artistas. Hellboy chega ao Brasil em 1998 pela Mythos Editora. Do lado dos nacionais, HQ – Revista do Quadrinho Brasileiro foi publicada pela Escala e trazia histórias de diversos gêneros, incluindo terror. Teve vida curta, assim como a versão brasileira da Heavy Metal e sua irmã, Metal Pesado.

 

As hqs de terror do Brasil no século XXI

Com títulos de super-herói que flertavam com o horror encontrando caminho por aqui, além do selo Vertigo e suas histórias voltadas para leitores adultos, a editora Atlantis tentou trazer títulos da Chaos Comics, como Lady Death e Chastity. Infelizmente, a iniciativa não durou muito.

Morto do Pântano, reeditado pela Opera Graphica, e Fikom, da Kalaco

Uma editora que merece destaque no início do novo milênio é a Opera Graphica. Um braço da banca que logo se tornaria a hoje bastante conhecida Comix Comic Shop, a Opera Graphica começou como um selo, em 1998, fundado por Carlos Mann, dono da Comix, e Franco de Rosa. De início, o selo trabalhava principalmente para a editora Escala, até que se tornou uma editora ela mesma.

Como editora, a Opera Graphica reeditou obras clássicas do horror brasileiro com a coleção Opera Horror, que trouxe Morto do Pântano, de Eugenio Colonnesse e No Reino do Terror, de R.F Luchetti (2005). Além disso, trouxe também material estrangeiro, em especial diversos materiais da Vertigo e outras publicações de super-heróis DC. A Opera Gráphica operou até 2009, quando encerrou suas atividades. Após o fim da Opera Graphica, Franco de Rosa fundou a Kalako, em 2010, cujas contribuições para o gênero incluem Fikom – O herói do Universos dos Sonhos (2012), uma reedição das histórias do clássico personagem criado por Fernando Ikoma, e Zumbis e Outras Criaturas das Trevas (2013).

Canalha, da Brainstore e Manga of the Dead, publicada pela JBC

No fim do primeiro milênio, também surgiu a editora Brainstore, que começou publicando a Turma do Senninha e logo passou a variar sua cartela de hqs. Publicou diversos especiais da Vertigo, incluindo histórias do universo de Sandman, Monstro do Pântano, Preacher, além de publicações como Hell Eternal – Inferno em Vida (1999), Ao Cair das Sombras (2001) e A Brigada dos Encapotados (2003), entre outras. Além da Vertigo, também publicou material da DC, como especiais do Batman e a revista Dark Heroes (2002), que trazia personagens como Desafiador, Vingador Fantasma, Espectro, Solomon Grundy, entre outros, e outros materiais relacionados ao gênero, como A Estranha Turminha de Zé do Caixão (1999), a alternativa Canalha (2000) e a autoral Noite de Caça (2004). A Brainstore encerrou as atividades em 2005.

No lado oriental, a editora JBC tem publicado, até hoje, um número respeitável de mangas de horror. Criada originalmente em Tóquio como uma redistribuidora de jornais em língua portuguesa no Japão, passou a publicar seu próprio jornal em 1993 e, em 1997, lançou sua primeira publicação no Brasil, a revista Made in Japan. Entre as diversas publicações nipônicas de horror ou relacionadas, podemos destacar Samurai X (2001), Death Note (2007), Hellsing (2008), Neon Genesis Evangelion (2010), a antologia Manga of the Dead (2013), All You Need is Kill (2014), a adaptação de Gou Tanabe para histórias do H.P. Lovecraft em O cão de Caça e Outras Histórias (2015), Blade – A Lâmina do Imortal (2015) e O Homem que Foge (2017), entre outros.

Suicide Club, publicado pela New Pop, e Alena, pela Avec

Ainda dentro dos Mangas, podemos citar também a editora New Pop, que publicou, entre outras obras Dark Metrô (2008), Vampire Kisses – Laços de Sangue (2009), hqs baseadas na série Supernatural como A Origem (2009), Os Caça-Fantasmas (2009), Corpse Party: Musume (2014), Don Drácula, (2015), Helter Skelter (2015) e Suicide Club (2017). Outras editoras publicaram, esporadicamente, mangas de horror, inclusive alguns dos clássicos, como a Conrad, que publicou Uzumaki, de Junji Ito (2006), a Zarabatana, que publicou A Serpente Vermelha, de Hideshi Hino (2007), a Panini, que publicou Hideout (2010) e a editora Astral, que publicou a coletânea sobre yokais Anormal (2014).

A Avec Editora, fundada em 2014 por Artur Vecchi, segue o legado da família que, décadas antes, fundou uma das editoras mais importantes para os entusiastas do terror nacional, a Vecchi. Embora não publique apenas histórias em quadrinhos e nem apenas obras de terror, a editora já conta com publicações respeitáveis do gênero, como Beladona (2014), Carnívora (2015), Dionísio (2015), Galícia: A Casa Na Árvore (2016) e a fantástica obra sueca Alena (2017).

O Rei Amarelo em Quadrinhos, da Draco, e Fragmentos do Horror, pela Darkside Books

A editora Draco também tem sua contribuição para os quadrinhos de terror ou obras que flertam com o gênero, como a alternativa Imaginários em Quadrinhos (2013), Terra Morta (2014), Cortabundas – O Maníaco do José Walter (2014), O Rei Amarelo em Quadrinhos (2015), o Despertar do Cthulhu em Quadrinhos (2016) e Fome dos Mortos (2017). Outras editoras que também valem destacar são a HQM, que publica Os Mortos-Vivos (2006), além do primeiro volume de Necronauta, de Danilo Beyruth (2011), e a New Order, que publicou a versão nacional de The X-Files Classics, que traz as hqs baseadas na série Arquivo X publicadas pela Topps Comics nos anos 90 (2016).

A editora mais recente que tem se destacado no gênero de Terror é a Darkside Books, que lançou a antologia de horror de Junji Ito Fragmentos do Horror, Atômica – A Cidade Mais Fria, que inspirou o filme com Charlize Theron, Meu Amigo Dahmer, Wytches e recentemente anunciou o lançamento de Creepshow, primeira hq escrita por Stephen King nos anos 80 e desenhada por Berni Wrightson. Todos esses títulos são de 2017.

O independente Mórbido, Maléfico e Maldito Gibi e Unhas, publicada pela Escrita Fina

Como menções honrosas, preciso citar também obras que fazem muito pelo terror nacional, seja pela sua inovação, pela sua qualidade editorial ou artística, porque certamente servirão de influência para muitos autores no futuro ou simplesmente por botar a cara na rua e publicar por conta própria: Prontuário 666 – Os anos de cárcere de Zé do Caixão, de Adriana Brunstein e Samuel Casal (Conrad, 2008); Mundo Paralelo, que tem histórias de Mozart Couto, Eduardo Cardenas, Watson Portela, Walter Pax, João Azeitona, Gian Danton, Fabio Cobiaco, entre outros (independente, 2012); Mórbido, Maléfico e Maldito Gibi, de Eduardo Cardenas (independente); Vigor Mortis Comics volumes I e II, de José Aguiar, Paulo Biscaia, DW Ribatski e André Ducci (Quadrinhofilia, 2011; Zarabatana Books, 2014); Dora, de Bianca Pinheiro (Independente, 2014); Unhas, de Ieda Marcondes e Olavo Costa (Escrita Fina, 2014); e Somner, de Dimítria Elefthérios (Independente, 2015).

É claro que é impossível rastrear tudo que tem saído de quadrinho de terror atualmente. O que é ótimo, pois indica que o gênero não só está mais vivo do que nunca, como há variedade suficiente para todos os gostos. Por ora, peço desculpas por qualquer negligência acidental.

Os quadrinhos de terror no Brasil continuam firmes e fortes, com muita produção vinda de fora e muitos independentes mantendo viva a chama do terror tupiniquim. Se você gosta do gênero, faça um favor a si mesmo e, periodicamente, procure nos sites de livrarias o que tem de novidade. E, se você se importa com a produção nacional, fique de olho nos independentes, seja na internet, seja em eventos do gênero, pois tem muito material bom por aí, mesmo que não publicado por editora.

 

Edições anteriores:

38 – Os quadrinhos de terror no Brasil: parte 1

37 – Apresentadores de terror (Horror Hosts)

36 – Dylan Dog

35 – Monstro do Pântano (parte 2 de 2)

34 – Monstro do Pântano (parte 1 de 2)

33 – Criadores de Terror: Bernie Wrightson

32 – Super-heróis com um “pé” no terror: Doutor Estranho

31 – Os 70 anos de Eerie #1

30 – Plantão Sarjeta do Terror – Sombras do Recife

29 – Criadores de Terror: Rodolfo Zalla

28 – Da TV para os quadrinhos: Além da imaginação

27 – Vigor Mortis Comics – Volume 1

26 – Super-heróis com um “pé” no terror: O Espectro

25 – Warren Publishing: Contornando o Comics Code

24 – Prontuário 666, os anos de Cárcere de Zé do Caixão

23 – Da TV para os quadrinhos: Arquivo X

22 – Criadores de Terror: Eugenio Colonnese

21 – Terror nas grandes editoras, parte final

20 – Terror nas grandes editoras, parte 2

19 – Uzumaki

18 – Terror nas grandes editoras, parte 1

17 – Do cinema para os quadrinhos: Evil Dead/Army of Darkness

16 – Terror no mundo real: o Comics Code Authority, parte final

15 – Super-heróis com um “pé” no terror: Doutor Oculto

14 – Terror no mundo real: o Comics Code Authority, parte 1

13 – Da TV para os quadrinhos: Elvira, a Rainha das Trevas

12 – EC Comics , epílogo: O Discurso Contra a Censura

11 – Criadores de Terror: Salvador Sanz

10 – EC Comics, parte 3: o fim

9 – Super-heróis com um “pé” no terror: Homem Formiga

8 – Interlúdio: Shut-in (trancado por dentro)

7 – EC Comics, parte 2: o auge

6 – Interlúdio: Garra Cinzenta, horror pulp nacional

5 – EC Comics, parte 1: o início

4 – Asilo Arkham: uma séria casa num sério mundo

3 – A Era de Ouro dos comics de terror

2 – Beladona

1 – As histórias em quadrinhos de terror: os primórdios

ArgCast #71 – A Era de Ouro

Numa viagem ao passado, Ana Recalde, Daniel HDR, Fabiano “Prof. Nerd” Silveira e Maurício Dias analisam a ERA DE OURO DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS!

A gênese dos Super-Heróis, o surgimento da profissão de quadrinhista, como a Segunda Guerra Mundial ajudou e quase destruiu a industria das HQS, e um rápido papo sobre Retro City, graphic novel com produção do Dinamo Studio, onde Dias presta uma homenagem a este período aureo da arte sequencial.

E de quebra, saiba de onde o Batman tira o Bat-Escudo.

E PARTICIPE DA PROMOÇÃO! Fique atento até o final do episódio e depois MANDE UM EMAIL PARA NÓS!

É isso aí, curtam o episódio e não esqueçam de colocar seus comentários!

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Era De Ouro: SECRET ORIGINS – The History of DC Universe, Action Comics #1, Vortex Cultural, ArgCast #61 – Top 5 Heróis, Eisner e Kirby em estúdio, Capitão América comics #1, Namor afundando submarinos, Superman de Para-Quedas e panfletário, All Star Squadron, Invasores, Falcões Negros (Military Comics). Fredric Wertham e o livro Sedução dos Inocentes, selo do Comics Code, Quadrinhos queimados em praça públicaArgCast #64 – Batman vs Superman.

Retro City: Resenha, Teaser promocional 1, 2 e 3, compre Retro City.

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ArgCast #71 – A Era de Ouro ArgCast

Retro City – Almanaque 1939 [resenha]

Sou amigo do Maurício Dias há muitos anos, e tive a oportunidade de conhecer um dos seus projetos ainda na sua fase de “gestação”, quando ele definia os layouts dos personagens que abrilhantariam as páginas de um conjunto de histórias que homenageariam a Era de Ouro dos quadrinhos. Lembro, inclusive, dele ter esculpido em massinha de modelar uma

réplica de Concórdia, um monumento semelhante à Estátua da Liberdade que estaria na cidade de sua história, para usar como referência para desenhá-la em diversos ângulos. Ao longo dos anos, perguntava: “E aí, Maurício? Cadê?”. Depois de duas formaturas, um casamento e uma filha (linda, por sinal), saiu!

Finalmente, “Retrô City – Almanaque 1939”, escrito por Maurício Dias, produzido pela trupe de nosso outro grande amigão, Daniel HDR, o Dínamo Studio, foi lançado na Livraria Cultura do Bourbon Country em Porto Alegre, RS. Publicado pela HQM Editora, com distribuição de nossos também queridos amigos da Jambô Editora, já se encontra à venda nas principais livrarias e lojas especializadas no gênero em todo o Brasil.

Surgido das sessões de RPG mestradas por ele, Maurício Dias nos apresenta os novos heróis Tritão, Tao, Homem-Atlante, Temporal, Futura e Liberdade, que vivem suas histórias na fictícia Retro City, até que se unem, formando o Panteão Valoroso, para enfrentar uma ameaça comum. Há uma série de referências ao mundo dos quadrinhos, como os Rio Foster, Shuster Village, Kane Ville, entre outros. Os próprios personagens são uma clara homenagem a outros super-heróis que conhecemos bem. As histórias são intercaladas por um pequeno jornal, situando o período histórico e ligando a cidade e os heróis aos fatos que estavam ocorrendo no mundo na época.

Foi um prazer ler essas histórias escritas pelo Maurício, que nostalgicamente nos lembram da simplicidade que as histórias de super-heróis podem ser. Vejam bem, simplicidade, não simplórias. As histórias são muito bem escritas e muito bem desenhadas, e mesmo não aprofundando tanto os backgrounds dos personagens, deixam com um gostinho de quero mais, com algumas coisas em aberto ainda para serem definidas nas edições posteriores. Sim, pequenos gafanhotos, novos álbuns de Retro City estão à caminho. Maurício me garantiu que já está trabalhando no volume 2.

Espero que não demore muito para sair o segundo volume. Ao trabalho, Maurício! Sucesso a você e todos os amigos do Dínamo! Um trabalho de qualidade, um belíssimo álbum, muito bem editado pelo pessoal da HQM. É uma satisfação ler uma obra como essa, que abrilhanta os quadrinhos nacionais e sem sombra de dúvida, deve agradar a todos os fãs de quadrinhos. Independentemente de estarem esperando há tanto tempo como eu e muitos outros… 🙂

Editora HQM entra no terreno dos Mangás

HQM Editora criou novo selo de sua linha editorial, voltado para os mangás.

Os primeiros títulos lançados são Who Fighter e O Coração das Trevas (formato 13 x 18,5 cm, 216 páginas, R$ 14,90), de Seiho Takizawa, uma coletânea de “contos estranhos” de guerra.

As três histórias contidas no álbum exploram o tributo que o combate cobra da mente humana e as forças sombrias que são liberadas pelas recorrentes investidas da humanidade na guerra.

A editora publicará Vitral (formato 13,5 x 20,5 cm, 64 páginas, R$ 6,90) e O Príncipe do Best Seller (formato 13,5 x 20,5 cm, 56 páginas, R$ 6,90), ambas séries de produção brasileira realizadas pelo Futago Studio, das autoras Shirubana e Soni.

Previews estão disponíveis no site da editora.

The Walking Dead ganha imagem de elenco

O seriado para a TV baseado na série de quadrinhos The Walking Dead (Os Morts Vivos), criada pelo roteirista Robert Kirkman (publicada pela Image Comics nos EUA HQM Editora – no Brazil) ganhou esta semana a primeira imagem de divulgação com todo seu elenco. Ao que pode-se perceber, consegue-se identificar todos os personagens d cultuado quadrinho de terror.

Confira logo abaixo:

Com previsão de estréia para Outubro, a série será exibida pela rede de televisão AMC nos EUA, com produção de Frank Darabont (O Nevoeiro). No elenco, Andrew Lincoln (Rick Grimes), Steven Yeun (Glenn), Sarah Wayne Callies(Lori Grimes), Jeffrey DeMunn (Dale), Jon Bernthal(Shane) e Laurie Holden (Andrea).

HQ THE WALKING DEAD vai para a Televisão

A cultuada série de quadrinhos THE WALKING DEAD (Os Mortos-Vivos), escrita por Robert Kirkman, está sendo adaptada para virar uma série de televisão.

Publicada originalmente nos EUA, pela Image Comics, a série também é publicada aqui no Brasil pela HQM editora (e já teve 3 volumes lançados). The Walking Dead é centrada em Rick Grimes, um policial de uma pequena cidade de Cynthiana, Kentucky, sua família, e uma série de outros sobreviventes que uniram-se para tentar sobreviver depois que o mundo sofre uma praga zumbi.

Prato cheio para uma adaptação. E foi o que o canal AMC (EUA) apostou, comprando 6 episodios de uma hora cada da série que será produzida por Frank Darabont (O Nevoeiro).

No elenco da série: Andrew Lincoln (Rick Grimes), Steven Yeun (Glenn), Sarah Wayne Callies (Lori Grimes), Jeffrey DeMunn (Dale), Jon Bernthal (Shane) e Laurie Holden(Andrea). Diversas fotos e dois videos foram lançados para divulgação. O primeiro mostra o processo de maquiagem e figurino, e o segundo mostra um ensaio de elenco (que ficou muito engraçado), onde os atores são instruídos a simularem como zumbis devem agir.

Até o presente momento, os fãs da HQ estão muito surpresos positivamente com a fidelidade e o modo como a produção parece vir sendo tratada, tanto pela fidelidade na estética da série quanto em seu conteúdo, que pelo que já foi divulgado, não irá se poupar com o teor de realismo (também existente nos quadrinhos), o que é de se esperar, sendo o canal AMC um canal de tv por assinatura, e não de rede aberta.

As filmagens da série começaram este mês em Atlanta, com estréia nos EUA em outubro.

Veja abaixo algumas das fotos liberadas da produção e os dois vídeos:

http://c.brightcove.com/services/viewer/federated_f8/1119352258

http://c.brightcove.com/services/viewer/federated_f8/1119352258

INVENCÍVEL [resenha]

Lendo Invencível, não pude deixar de ter um ar de nostalgia com relação ao trabalho publicado pela editora HQ Maniacs (que possui um website com novidades sobre quadrinhos em geral). Como muitas pessoas ligadas a esta área (quadrinhos), e acompanhando a imprensa especializada, eu já ouvira falar da série Invencível, projeto desenvolvido pelo roteirista  Robert Kirkman, em parceria com os artistas Cory Walker e (em seguida) Ryan Ottley. No corre-corre dos trabalhos com HQs, as vezes o prazer na leitura da arte-sequencial se resume a rápidas olhadelas, acompanhando a continuidade básica, e em momentos de calma constatar se o que temos em mãos é uma leitura corriqueira ou algo memorável.

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Ao ler os 3 atuais volumes de Invencível, lançados pela editora aqui no Brasil, já a estética visual do trabalho de Walker e Ottley agradou-me. Como desenhista, sei que, ao contrario do que muitos acham, desenhos em linhas claras são mais difíceis do que os cheios de sombras (pois muito da arte fica exposta, sendo preciso dosar detalhes, etc). Nota-se qualidade no trabalho dos dois artistas da série. Já o roteirista estava na minha lista do “tenho-que-ler-algo-dele”. Muito elogiado pelo modo singular como trata os personagens que escreve e como encaixa-os ao conturbado universo dos comics, Kirkman é apontado como um sopro bem vindo de novidade ao gênero.

Mas a gente precisa conferir, não é? E eu fui e li. De uma vez só. O material é muito legal! Imaginem um adolescente (seu nome é Mark Grayson), que descobre ter (finalmente) super-poderes. Digo “finalmente” pois ele já esperava (por ser filho de um dos maiores super-heróis do mundo). Simples e previsível. Mas o cativante é o modo como a história é contada, em diversas camadas de interpretação. Mark leva uma vida simples, tem amigos, namorada, freqüenta a escola, trabalha (no primeiro volume da série, em uma rede de fast food – sim, ele frita batatas e salva o mundo). Acaba conhecendo heróis com sua faixa etária, combate vilões, realiza feitos incríveis. Porém tudo com uma naturalidade tamanha… que em um momento você até se pergunta – “ah, mas eu quero dramas psicológicos, mega-sagas, etc”. Mas invencível é despretensioso, e ainda oferece tudo isso. Tanto que a coisa fica pesada no volume três… tão pesada que não quero entregar o ouro, pois seria um belo spoiler, e a surpresa é inesperada mesmo. E sobre o fato da não pretensão de ser fantástica ao extremo, basta ver o modo como o personagem título encara a vida de super-herói, sendo filho do figurão dos supers, sem faniquitos psicológicos. Eu curto histórias densas,

complexas também. Mas nos três volumes de Invencível vemos um trabalho que nos lembra como este gênero pode entreter também.

A nostalgia que citei antes está por parte nas cores (aplicadas com ponderação e bom gosto por Bill Crabtree), na limpeza de traço e principalmente na narrativa. Aventuras em cores planas, como os desenhos animados que esperávamos  todas as manhãs de domingo. Coisas legais entre os personagens (emblemáticos à sua forma) como a mãe de Mark: ela é a segurança em pessoa. Em um momento expecifico, nota-se como aquela mulher é forte, e leva sua família com mais bravura que o marido e o filho super-heróis. E o personagem Robô (este é seu nome) é tão cheio de si que chega a ser propositalmente engraçado e irritante. E a Atômica, então… linda a ponto de ser um pecado colocar-lhe uma máscara quando esta usa seu uniforme.

Se você achar não achar em comics stores e livrarias, tente direto no site da editora.

Daniel HDR
Coordenador e Instrutor do Curso Dinamo HQ

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