Sarjeta do Terror #35 – Monstro do Pântano (parte 2 de 2)

Na segunda e última parte da matéria sobre o Monstro do Pântano, conheça um pouco da fase do personagem após a saída de Alan Moore, além dos seus caminhos por outras mídias.

A Era pós Moore

Após a saída de Alan Moore da revista Swamp Thing, o cargo foi dado para Rick Veitch, que manteve o título por dois anos, com a complicada responsabilidade de manter o nível definido pelo autor britânico pelos quatro anos posteriores. Apesar de não serem histórias geniais, Veitch conseguiu segurar muito bem o título enquanto esteve à frente dele, inclusive trazendo suas próprias contribuições para o personagem. Durante a fase escrita por Veitch, o Parlamento das Árvores, acreditando que o Monstro havia morrido, cria o Broto, uma espécie de “Monstro do Pântano 2.0”.

Mas ao descobrir que ele estava vivo, o Parlamento deu ao Monstro as opções de matar o broto ou abandonar a Terra, uma vez que não era possível a convivência dos dois sem graves conseqüências para o planeta. Enganando o destino, o broto acabou se tornando o filho do Monstro com Abby Cable. Em meio a essa fase, a DC passou pelo evento Invasão, e os acontecimentos dessa saga acabaram por jogar o Monstro do Pântano no passado, fazendo com que ele tivesse que literalmente atravessa o tempo para voltar ao presente. Durante esse período, encerra-se a fase de Veitch à frente do título, e o personagem passa a ser escrito por alguns autores temporariamente (inclusive Neil Gaiman), até a chegada do próximo escritor regular.

Então a DC Comics trouxe o roteirista Doug Wheeler, que teve uma responsabilidade ainda pior do que a de Veitch: além da sombra de Moore nas suas costas, havia também a de Veitch e de outros autores, com Neil Gaiman, antes dele. Apesar da qualidade nitidamente inferior, o autor conseguiu se manter relativamente bem no cargo. As histórias nessa fase giraram basicamente em torno do nascimento do Broto, que o Monstro e Abby batizaram de Tefé Holland.

 

No selo Vertigo

Depois de Wheeler a DC Comics escalou a romancista de terror Nancy Collins para cuidar do título após a saída de Veitch. A autora trouxe de volta diversos elementos pré Moore, como Anton Arcane e a corporação Sunderland, além do tom adotado por Len Wein no início do título. O título voltou a interessar os leitores, e a revista Swamp Thing finalmente passa a ser, oficialmente, do selo Vertigo.

Após Nancy Collins, um na época desconhecido Mark Millar assume o título, inicialmente em parceria com Grant Morrison (no primeiro arco apenas), e aumenta consideravelmente o interesse dos leitores. A principal contribuição de Millar para a mitologia do Monstro do Pântano foi a descoberta de que existiam outras espécies de elementais no planeta. O Monstro do Pântano, à essa altura, já era algo tão além da humanidade e acaba se tornando o elemental da própria Terra, juntando-se ao Parlamento dos Mundos. Com isso, a segunda série da revista do Monstro do Pântano (iniciada com Martin Pasko) chegava ao fim.

 

Terceira série

A DC ainda tentou uma terceira série, escrita por Brian K. Vaughan (que anos depois escreveria Ex-Machina) que tinha como foco a filha do Monstro, Tefé Holland, mas o resultado foi decepcionante. As histórias foram tão ruins que não alcançaram o público desejado. Mesmo assim, definiu alguns conceitos próprios. O principal deles dizia respeito ao fato de que, devido ás circunstâncias que geraram Tefé, ela tinha poder sobre as plantas e também sobre a carne. A série durou apenas 20 edições e foi cancelada.

Em 2004, uma nova série foi lançada, que começou escrita por Andy Diggle, mas não havia muito o que se pudesse fazer para manter o interesse no personagem. A série vendeu pouco e foi cancelada após pouco mais de dois anos, tendo posteriormente Will Pfeifer e Joshua Dysart nos roteiros. No entanto, ela trouxe o Monstro do Pântano de volta às suas raízes como Elemental e tornou Tefé numa simples mortal e sem poderes.

 

Retorno ao Universo DC

Monstro do Pântano retorna ao universo DC regular durante os eventos da megassaga A Noite Mais Escura e sua série consequente, O Dia Mais Claro, onde o personagem foi corrompido por Nekron, o vilão da saga e passa a acreditar que é o próprio vilão, semelhante ao que aconteceu com ele quanto pensava que era Alec Holland. Com a ajuda de diversos heróis, Aquaman e Desafiador construíram um novo corpo para o monstro, baseado no corpo de Alec Holland, o que fez com que esta versão, ao invés de apenas pensar ser Alec Holland, podia ser ele (!). O Monstro do Pântano corrompido foi derrotado pelo novo Monstro do Pântano e tudo voltou ao normal.

A essa série de eventos se seguiu uma minissérie chamada “The Search for the Swamp Thing”, onde John Constantine, com a ajuda de Zatanna, Batman e Superman, buscam descobrir o que mudou no Monstro após O Dia Mais Claro.

 

Os Novos 52

Na mais recente revisão dos seu universo, a DC cria uma nova mitologia para o Monstro do Pântano, não muito diferente do que foi feito anos antes com os lanterna verdes. Não só o Monstro do Pântano passa a ser parte do “Verde”, como o Homem Animal passa a ser parte do “Vermelho” e ambos precisam enfrenta “O podre”. Como deixei de acompanhar a DC a partir dos Novos 52, ficarei devendo mais detalhes – mas se alguém puder me explicar porque diabos o Monstro do Pântano agora tem asas, eu agradeço.

Atualmente, Monstro do Pântano é personagem recorrente dentro do universo DC, tendo participado direta ou indiretamente dos principais eventos do universo atual da editora.

 

Monstro do Pântano em outras mídias

Monstro do Pântano também ganhou outras mídias. O primeira adaptação do personagem foi um filme de 1982, Swamp Thing. Dirigido por um dos mais reconhecidos diretores de terror da época, Wes Craven (A Hora do Pesadelo, Quadrilha de Sádicos, Pânico), a história segue a premissa original do cientista Alec Holland que sofre um acidente em seu laboratório e acaba se tornando uma criatura vegetal humanoide. Apesar de não ser um sucesso, o filme conseguiu a façanha de ganhar uma sequência, chamada “The Return of the Swamp Thing”, em 1989, dirigido por Jim Wynorski.

O fiasco que foi The Return of the Swamp Thing não impediu que outros tentassem emplacar o personagem. Nos anos 90, Swamp Thing – The Series tentou trazer de volta o personagem em um tom mais sério do que o do último filme, utilizando-se de alguns personagens das películas, mas ignorando algumas outras coisas. A série teve um total de 3 temporadas com relativo sucesso, por assim dizer.

Monstro do Pântano também se aventurou pelo mundo da animação. Em 1991 estreava um desenho animado para a TV do personagem, que durou apenas 5 episódios. A animação visava pegar carona na onda ambientalista dos desenhos da época, junto com Capitão Planeta e As Tartarugas Ninja. Um game (muito ruim) com o personagem foi lançado em 1992 para Nes e Gameboy, que teve péssima recepção.

O personagem também fez rápidas aparições em episódios do desenho Liga da Justiça e Liga da Justiça Sem Limites e teve uma participação mais sólida na animação Liga da Justiça Dark. Um filme live action da Liga da Justiça Dark está nos planos da Warner Bros e tinha Doug Liman (Sr. e Sra. Smith, No Limite do Amanhã) na direção até recentemente, quando o diretor se afastou do projeto. Além disso, Monstro do Pântano é personagem jogável no game Injustice 2, lançado recentemente.

Curiosidades:
– O principal motivo da saída de Rick Veitch do título foi uma história censurada pela DC e proibida de ser publicada. Nela, O Monstro do Pântano encontrava Jesus;
– A mudança que Mark Millar impôs ao personagem, de torná-lo um Elemental da própria Terra e praticamente um Deus, foi a mudança mais importante para o personagem desde a fase escrita por Alan Moore.
– Se você está pensando como o Monstro do Pântano engravidou Abby sendo, bem, uma planta, vale informar que, na verdade, ele tomou o corpo de John Constantine, que fez o “trabalho sujo”, por assim dizer (mas não imagino ele reclamando);
– As adaptações (filmes, série e animação) tem uma coisa em comum: Todas ignoraram a fase escrita por Alan Moore, e se detiveram na mitologia do personagem desenvolvida originalmente por Len Wein;
– O orçamento do primeiro Swamp Thing foi de apenas 3 milhões de dólares (Em nível de comparação, um filme considerado de baixo orçamento atualmente fica em torno de 30 milhões);
– Jim Wynorski também foi o diretor de Vampirella (1996);
– The Return of the Swamp Thing é estrelado por Heater Locklear (Abby Arcane);
– O Monstro do Pântano sempre foi interpretado pelo mesmo ator, tanto nos dois filmes quanto na série de TV.

 

Dica: O podcast Uaréva 167, parte da Iniciativa Vertigo do site Quadrimcast, recebeu este que voz escreve e Delfin (Terra Zero) para falar sobre o Monstro do Pântano (Ouça aqui). O Arg!Cast também participou desta iniciativa, falando sobre WE3 (ouça aqui).

 

Edições anteriores:

34 – Monstro do Pântano (parte 1 de 2)

33 – Criadores de Terror: Bernie Wrightson

32 – Super-heróis com um “pé” no terror: Doutor Estranho

31 – Os 70 anos de Eerie #1

30 – Plantão Sarjeta do Terror – Sombras do Recife

29 – Criadores de Terror: Rodolfo Zalla

28 – Da TV para os quadrinhos: Além da imaginação

27 – Vigor Mortis Comics – Volume 1

26 – Super-heróis com um “pé” no terror: O Espectro

25 – Warren Publishing: Contornando o Comics Code

24 – Prontuário 666, os anos de Cárcere de Zé do Caixão

23 – Da TV para os quadrinhos: Arquivo X

22 – Criadores de Terror: Eugenio Colonnese

21 – Terror nas grandes editoras, parte final

20 – Terror nas grandes editoras, parte 2

19 – Uzumaki

18 – Terror nas grandes editoras, parte 1

17 – Do cinema para os quadrinhos: Evil Dead/Army of Darkness

16 – Terror no mundo real: o Comics Code Authority, parte final

15 – Super-heróis com um “pé” no terror: Doutor Oculto

14 – Terror no mundo real: o Comics Code Authority, parte 1

13 – Da TV para os quadrinhos: Elvira, a Rainha das Trevas

12 – EC Comics , epílogo: O Discurso Contra a Censura

11 – Criadores de Terror: Salvador Sanz

10 – EC Comics, parte 3: o fim

9 – Super-heróis com um “pé” no terror: Homem Formiga

8 – Interlúdio: Shut-in (trancado por dentro)

7 – EC Comics, parte 2: o auge

6 – Interlúdio: Garra Cinzenta, horror pulp nacional

5 – EC Comics, parte 1: o início

4 – Asilo Arkham: uma séria casa num sério mundo

3 – A Era de Ouro dos comics de terror

2 – Beladona

1 – As histórias em quadrinhos de terror: os primórdios

Sarjeta do Terror #34 – Monstro do Pântano (parte 1 de 2)

Nesta edição de Sarjeta do Terror, a primeira parte da matéria sobre Monstro do Pântano, um dos personagens de terror mais reconhecidos da DC Comics.

Poucos personagens de terror nas HQs possuem tanta importância quanto o Monstro do Pântano. Um dos responsáveis por colocar editoras que antes se dedicavam mais aos super-heróis entre as grandes provedoras de conteúdo “adulto”, o personagem até hoje ocupa um lugar de respeito entre os fãs de quadrinhos.

Origens

Originalmente, o Monstro do Pântano era Alex Olsen, um cientista do inicio do século 20 que foi pego numa explosão causada por seu colega de trabalho, que queria matá-lo a fim de conseguir casar com Linda, esposa de Olsen. Ao se jogar no pântano em desespero, Olsen acabou sendo alterado pelos químicos aos quais foi submetido na explosão e pelas propriedades do pântano, tornando-se uma criatura bizarra. Olsen consegue sua vingança, matando o ex-colega antes que ele pudesse conseguir matar Linda, mas como não conseguiu fazer com que sua esposa perceba sua verdadeira identidade, vai embora, de volta ao pântano, seu novo lar.

A história foi publicada em House of Secrets # 92, em 1971. A história, escrita por Lein Wein e Bernie Wrightson, teve sucesso imediato. Alguns meses depois, uma série regular do personagem foi encomendada, mas os editores preferiram atualizar a história e tornar o personagem um pouco mais “heróico”, a fim de justificar o fato de ser protagonista da série. E então a revista Swamp Thing foi publicada, com a origem do Monstro recontada e adaptada para os anos 70.

Assim, a revista começou a contar a história de Alec Holland, um cientista que trabalhava num laboratório da Louisiana numa fórmula bio-restauradora capaz de “gerar florestas em desertos”, mas é que sabotado quando uma bomba plantada no laboratório por agentes de um misterioso Mr. E, que queria a fórmula, explode. Ao receber a explosão, Holland corre para fora do laboratório e acaba caindo no pântano, enquanto pegava fogo. Um tempo depois, Holland emerge do pântano como uma criatura humanóide-vegetal, que seria conhecida como “Monstro do Pântano”.

Len Wein foi o escritor pelo primeiro ano da revista, sendo depois substituído por David Micheline e Gerry Conway. Durante a fase de Wein, as histórias giravam geralmente em torno do sobrenatural e do insólito. Com a entrada de Micheline, as histórias passaram a contar com diversos elementos de ficção científica e aos poucos foram ficando cada vez mais parecidas com histórias típicas de super-herói. Após um bizarro e inútil arco (escrito por Gerry Conway), onde Alec Holland volta a ser humano, a revista é cancelada. A última edição da revista contava com uma história de Alec Holland, já humano novamente (mas curiosamente o Monstro do Pântano, que não aparece em nenhum momento na história, está na capa da revista).

O elemental

No início dos anos 80, a revista Swamp Thing já havia sido cancelada devido às baixas vendas. Mas era tarde demais para esquecer o personagem, uma vez que uma adaptação cinematográfica estava à caminho dos cinemas. Para aproveitar-se do hype que seria gerado com o filme, a DC retornou ao personagem, com a revista Saga of the Swamp Thing, onde contratou Martin Pasko para escrever o personagem. Pasko tomou como base a última história onde o personagem havia aparecido (em um crossover com os Desafiadores do Desconhecido), que o mostrava como uma espécie de lenda urbana, e seguiu a partir daí. As histórias onde ele voltava a ser humano e que terminaram (literalmente) a revista foram ignoradas e deixaram de ser canônicas. Mesmo com melhora em relação às últimas histórias (e um filme nos cinemas), Monstro do Pântano não alcançava a popularidade, o que motivou a DC a agitar um pouco as coisas.

A editora decidiu, então, dar uma chance para um novato escritor britânico, dando-lhe liberdade total para trabalhar com o personagem. Alan Moore passou a ser escritor regular. Em sua edição de estréia, vemos o Monstro do Pântano sendo caçado e encontrado pelo exército, onde acaba alvejado e supostamente morto. Apesar de Moore ter iniciado na edição 20, foi a partir da edição de número 21 que sua fase do Monstro do Pântano se tornou um clássico. Nela, o Monstro do Pântano descobre que nunca foi Alec Holland e sim uma criatura vegetal que pensava ser Alec Holland. A partir daí, Moore desenvolveu uma rica mitologia ao redor do personagem, trouxe a volta de antigos vilões, transformou-o num elemental que era nada mais do que a encarnação de todo o verde e revitalizou o personagem de uma forma que teria sido impensável por outros autores até então. Outro ponto interessante da fase de Moore foi ter incluído a primeira origem (aquela publicada em House of Mistery #92) dentro da mitologia do personagem, quando ele descobre o parlamento das árvores, uma “sociedade” formada por entidades que anteriormente já foram elementais como o Monstro do Pântano, e agora estão “aposentados”, tendo como principal missão manter o equilíbrio do verde. Alex Olsen, o Monstro do Pântano “original”, é uma das entidades que hoje faz parte do parlamento.

Moore levou o personagem para os destinos mais inusitados: de encontros com super-heróis da DC ao fim do mundo, o Monstro do Pântano enfrentou vampiros, casas mal-assombradas, lobisomens, bruxaria, foi até o inferno buscar sua amada, retornou para enfrentar o fim de tudo, morreu mais de uma vez e até foi para o espaço. Na fase de Moore, cada edição era uma (ótima) surpresa. Personagens subaproveitados ou esquecidos pela editora foram magistralmente revitalizados nas histórias (como o Homem Florônico), alguns voltando a aparecer em outras hqs, assim como novos personagens surgiram nas páginas da revista e alguns até se tornaram mais famosos que o próprio Monstro do Pântano (como John Constantine). O personagem também participou da saga Crise Nas Infinitas Terras.

Moore escreveu o personagem por praticamente 4 anos e esta fase foi responsável por revitalizar o gênero de terror nos quadrinhos mainstream, além de ter sido a primeira HQ que ignorou completamente o Comics Code Authority e tinha como público os adultos, o que incentivou a criação do selo Vertigo (que publica apenas quadrinhos voltados para o público adulto).

Curiosidades:
– Len Wein antes havia sido escritor do Homem-Coisa, personagem da Marvel com premissa bastante similar ao do Monstro do Pântano, mas lançado um ano antes. Gerry Conway, um dos criadores do Homem-Coisa – e que iria escrever posteriormente o Monstro do Pântano), atentou para o fato, mas Wein se recusou a alterar a origem do personagem;
No entanto, a Marvel nunca pensou em processar a DC por plágio, e por um motivo muito simples: ambos estão longe de serem a primeira “criatura do pântano” dos quadrinhos. The Heap, que surgiu na revista Air Fighters, é de 1947 e há um conto chamado “IT”, de Theodore Sturgeon e publicado em 1940 que foi mais tarde adaptado para os quadrinhos em “Supernatural Thrillers”, da Marvel Comics;
– Outra curiosidade é que Gerry Conway (criador do Homem Coisa, e que posteriormente escreveria Monstro do Pântano) e Len Wein (criador do Monstro do Pântano e que já havia escrito o Homem Coisa) eram colegas de quarto na época;
– O Morto do Pântano, personagem brasileiro similar criado por Eugênio Colonnese, foi criado 5 anos antes, tanto do Homem Coisa quanto do Monstro do Pântano;
– Monstro do Pântano foi publicado no Brasil pela primeira vez em uma revista chamada “Estréia”, pela editora Ebal. Apesar de não ser o único personagem da revista, era sempre ele que aparecia nas capas;
– Originalmente, o Monstro do Pântano não falava. Os balões de diálogo eram substituídos por balões de pensamento para sabermos o que estava se passando na cabeça do personagem;
– Monstro do Pântano não demorou para encontrar outros personagens da DC. O primeiro foi Batman, seguido por outros, como Desafiadores do Desconhecido e Gavião Negro;
– Curiosamente, o encontro do Monstro do Pântano com Gavião Negro deveria ser publicado na edição 25 da revista. Como ela foi cancelada no número 24, a história acabou levando meses para ser publicada em outra revista;
– As capas da revista eram um dos pontos fortes durante a fase de Moore. Magistralmente pintadas como as capas de terror de antigamente, lembrando verdadeiras obras de arte, era fácil querer arrancar aquelas capas, emoldurar e pendurar pela casa;
– Alan Moore sempre foi um “rato de banca” e sempre admitiu gostar de personagens obscuros. Talvez por isso ele tenha trazido quase todos eles para as histórias do Monstro do Pântano. Personagens esquecidíssimos como Sargon, o Mago, Barão Von Winter e Dr. Oculto voltaram a dar as caras na revista, mas foram sumariamente esquecidos novamente depois;
– O parlamento das árvores, criado por Moore, era uma homenagem aos “monstros do pântano” surgidos nos quadrinhos antes da criação de Alec Holland, o que incluía sua versão original como Alex Holland no século 19, mas também versões de personagens como The Heap e o Homem-Coisa.

 

Edições anteriores:

33 – Criadores de Terror: Bernie Wrightson

32 – Super-heróis com um “pé” no terror: Doutor Estranho

31 – Os 70 anos de Eerie #1

30 – Plantão Sarjeta do Terror – Sombras do Recife

29 – Criadores de Terror: Rodolfo Zalla

28 – Da TV para os quadrinhos: Além da imaginação

27 – Vigor Mortis Comics – Volume 1

26 – Super-heróis com um “pé” no terror: O Espectro

25 – Warren Publishing: Contornando o Comics Code

24 – Prontuário 666, os anos de Cárcere de Zé do Caixão

23 – Da TV para os quadrinhos: Arquivo X

22 – Criadores de Terror: Eugenio Colonnese

21 – Terror nas grandes editoras, parte final

20 – Terror nas grandes editoras, parte 2

19 – Uzumaki

18 – Terror nas grandes editoras, parte 1

17 – Do cinema para os quadrinhos: Evil Dead/Army of Darkness

16 – Terror no mundo real: o Comics Code Authority, parte final

15 – Super-heróis com um “pé” no terror: Doutor Oculto

14 – Terror no mundo real: o Comics Code Authority, parte 1

13 – Da TV para os quadrinhos: Elvira, a Rainha das Trevas

12 – EC Comics , epílogo: O Discurso Contra a Censura

11 – Criadores de Terror: Salvador Sanz

10 – EC Comics, parte 3: o fim

9 – Super-heróis com um “pé” no terror: Homem Formiga

8 – Interlúdio: Shut-in (trancado por dentro)

7 – EC Comics, parte 2: o auge

6 – Interlúdio: Garra Cinzenta, horror pulp nacional

5 – EC Comics, parte 1: o início

4 – Asilo Arkham: uma séria casa num sério mundo

3 – A Era de Ouro dos comics de terror

2 – Beladona

1 – As histórias em quadrinhos de terror: os primórdios

“O Sonho NÃO acabou”, um papo com Leandro Luigi Del Manto – Parte 1

Por Vagner Abreu – especial para o ArgCast

Olá galera!

A partir dessa semana, o Imatéria fará uma breve pausa. Acontece que estou fazendo uma pesquisa envolvendo a obra máxima de Neil Gaiman – a HQ Sandman – e eis que esse grande profissional da indústria dos quadrinhos e (posso dizer com orgulho) grande amigo meu, Leandro Luigi Del Manto, ofereceu apoio – certo, isso foi lá em Abril.

Obviamente, não seria eu o louco a perder a oportunidade de conversar com o homem responsável pela publicação na íntegra de Sandman no Brasil (Globo) – também editou uma porrada de obras geniais como Crise nas Infinitas Terras, Ronin e Batman: O Cavaleiro das Trevas pela Abril.

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Como tenho muito carinho pelos meus leitores aqui no Dínamo Studios, deixei de lado todas as pesquisas que estava fazendo para editar esse bate-papo para converter em um conteúdo exclusivo somente para quem nos segue!

Então, tome um chazinho para dormir, vista seu pijama e prepare-se para sonhar nessa primeira parte da entrevista que promete muitas revelações sobre a história das HQs no Brasil!

Já está pronto? Então…

Tenha Uma Boa Noite!

Parte 1 – A História das HQs Adultas no Brasil.

Vagnerd: Como foi que você começou a trabalhar como editor na Globo? Conte-nos tudo. Desde quando começou a trabalhar na editora até tornar-se editor-chefe.

Leandro Luigi Del Manto: Eu terei de me estender um pouco mais aqui, porque preciso contar quando comecei a trabalhar com quadrinhos em 1987, na Editora Abril. Lá foi a realização de um sonho de moleque.

A_Espada_Selvagem_de_Conan_01_(1984)Eu adorava as revistas de super-heróis da Marvel e DC publicadas pela Abril e era fascinado pela Espada Selvagem de Conan, um material bem mais adulto na época. Por causa dessa paixão toda, eu vivia mandando cartas com perguntas sobre lançamentos e, como eu comecei a acompanhar também algumas edições americanas, indagava quando é que iriam publicar determinadas histórias. Por causa disso, surgiu uma oportunidade de trabalhar na Redação de Quadrinhos.

A princípio, comecei como Assistente de Produção… Algo como um Office-boy interno, o garoto que xerocava as revistas pra mandar pros tradutores ou coloristas; o cara que ficava carimbando as páginas antes dos Editores fecharem as revistas, essas coisas.

O Primeiro Desafio da Carreira (na Abril)

Del Manto: Em questão de umas duas semanas, surgiu uma oportunidade de traduzir uma história com urgência, tipo fazer no final de semana, sabe? Era uma história dos X-Men com o Monolito Vivo, quase uma aventura solo do Havok. Como não tinha ninguém ali na hora que topasse a missão, me ofereci pra fazer. Me olharam meio desconfiados, mas resolveram me passar o teste. Ninguém sabia que eu já havia lido aquela história umas trocentas vezes na edição americana e foi uma moleza traduzir no final de semana. Detalhe: em 1987, tive de datilografar tudo (nada de computador!)…

Na Segunda-feira, entreguei a tal tradução e fui aprovado. Daí, alguns dias depois, mudanças internas na Editora abriram a vaga para um Editor, mas eu não podia ser promovido ao cargo porque não era Jornalista… Então, deram um “jeitinho” e fui promovido a Tradutor, mas exerceria as funções de um Editor. Foi tudo muito rápido e num momento incrível dos quadrinhos no Brasil.

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Lá eu tive o privilégio de editar obras fantásticas, como Batman: O Cavaleiro das Trevas, Crise nas Infinitas Terras, Ronin, Watchmen, Monstro do Pântano (do Alan Moore), Batman Ano Um, Demolidor (a fase de Miller e Mazzucchelli), Thor (do Walt Simonson), Questão, Super-Homem (de John Byrne), Mulher-Maravilha (de George Perez), e tantas maravilhas que me deram muita satisfação. E, é claro, editei a Espada Selvagem, que era a minha revista predileta!

Ah! Preciso contar uma coisa que será importante para daqui algumas linhas… Eu fui Editor da revista Superpowers, que publicava sagas especiais da DC (tipo uma Grandes Heróis Marvel, mas da DC).

Primeiro Contato com Sandman

Del Manto: Quando estava finalizando o fechamento da edição # 6, só com histórias do Monstro do Pântano escritas pelo Alan Moore, o Diretor Comercial (na época, o Eduardo Macedo), cismou que a capa era muito feia e não tinha apelo de vendas, não chamaria atenção dos leitores nas bancas.

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Ele me chamou na sala dele e tentei explicar que aquela capa era bonita e que tinha apelo, pois era o encerramento de uma saga do personagem e coisa e tal. Mas não tinha jeito… Usei de todos os argumentos possíveis, mas ele parecia irredutível e queria que eu mudasse a capa. O problema é que não tinha nenhuma outra capa tão boa como aquela (e ele detestou todas as possíveis opções). Num dado momento, chegamos a discutir um pouco e cheguei a pensar que seria demitido naquele mesmo dia. Acho que acabei vencendo pelo cansaço e acabaram usando aquela capa mesmo.

Pouco tempo depois, ele foi contratado pela Editora Globo, rival da Abril naquela época. Isso foi no finalzinho de 1988. Nesse período, eu tinha recebido algumas coisas legais da DC Comics: uma revista estranha chamada Sandman e alguns exemplares de V For Vendetta.

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Fiquei enfeitiçado por Sandman. Era diferente de tudo o que eu havia lido até então! E “V” era um deslumbre, com uma arte fantástica e, ao mesmo tempo, retrô (totalmente britânica!), com uma narrativa densa e assustadora. Fiz de tudo para que publicássemos essas duas séries lá na Abril, mas elas não caíram muito nas graças do pessoal. Minha ideia era fazer uma revista de antologias, só com histórias adultas da DC, com Sandman, V, Wasteland, Swamp Thing, Hellblazer etc. Foi uma decepção, sabe?

Nota do Vagnerd: Pelo visto seria algo como o almanaque “Vertigo” que a Abril foi publicar somente em meados nos anos 1990 ou a revista que Panini publicava até recentemente. Poxa, que oportunidade de negócio que a Abril deixou de criar desde os anos 1980, eih?

A Mudança para a Globo

Del Manto: Daí, num belo dia, quem é que me liga na hora do almoço? O Eduardo, com quem eu tinha discutido por causa do Monstro do Pântano e tinha ido para a Globo!

Editora-GloboEle me perguntou se eu não gostaria de ir até a Globo pra conversar um pouco, pois queria me fazer uma proposta. Dei um jeito de ir até lá na parte da manhã e conversamos. Ele me disse que a Globo queria entrar pra valer no mercado de quadrinhos adultos e tinha, inclusive, licenciado alguns títulos que ele tinha certeza que eu iria curtir.

Eu perguntei quais eram, mas ele me disse que só poderia falar se eu aceitasse a oferta. O salário era tentador, mas a chance de começar toda uma linha editorial do zero, com toda a liberdade que um Editor poderia querer… Puxa!

Parecia uma oferta irrecusável. Acabei aceitando e, quando fiquei sabendo quais seriam os próximos títulos que eu iria editar, quase caí da cadeira: Fantasma (a série de 13 números da DC); Marada, a Mulher-Lobo; Orquídea Negra (de Gaiman e McKean); Akira; e… SANDMAN!!!

Vagnerd: Qual foi seu primeiro contato com o Sandman do Neil Gaiman? Quando foi isso? Foi antes da revista ser publicada no Brasil? Antes de começar a editar a revista você conhecia o personagem?

Del Manto: Como disse na resposta anterior, meu primeiro contato com a obra do Neil Gaiman foi com a edição americana, ainda na época da Abril. No primeiro número da edição brasileira pela Globo, eu escrevi um editorial contando um pouco sobre isso… Foi curioso.

Eu peguei o # 1 americano pra ler dentro de um ônibus a caminho da minha casa, após uma festinha de final de ano na editora. Quando comecei a ler a revista, vi que se tratava de algo especial e decidi que iria ler em casa, com mais calma e atenção.

Quando cheguei em casa, li a revista inteira, escutando a trilha sonora do filme As Bruxas de Eastwick de fundo. Fiquei apaixonado pela história. Eu não conseguia entender por que uma revista com uma capa tão fantástica tinha desenhos internos tão diferentes, estranhos até.

Sandman #2 pg12-13

Mas o que me cativou na revista não foi exatamente sua arte. Foi o texto. A história tinha um “quê” de mágico. Palavras muito bem escolhidas e colocadas. Frases fantásticas. E aquele clima de horror (não terror) sempre presente, mas que nunca se manifestava de fato.

Aleister_Crowley_1310No dia seguinte, reli a revista mais uma vez e fiquei buscando algumas referências em alguns livros sobre magia e ocultismo (sim, sempre fui fascinado por isso!). [Alester] Crowley e a Golden Dawn [A sociedade mística em que Crowley foi membro por um tempo], a doença do sono, conjurações… Nossa! Aquilo era especial demais!

Daí, comecei a me acostumar com a arte interna do Sam Kieth, que lembrava um pouco o Bernie Wrightson [Monstro do Pântano]. Eu conhecia o Sandman “meio pulp” da Era de Ouro e uma versão mais super-herói dos anos 1970, mas aquele Sandman ali era algo totalmente novo. Cada vez mais, o título foi me cativando. Foi como uma paixão antiga se transformando em amor.

Vagnerd: Qual foi a sensação que teve ao pegar a revista do Sandman da Globo nas mãos pela primeira vez?

Del Manto: Ah! Foi uma sensação boa demais! E um susto! Sim, porque ela foi impressa num papel errado. Desde o início, a revista deveria ser impressa num papel mais simples para baratear os custos. Apenas as séries fechadas e graphic novels seriam impressas num papel mais luxuoso… Não sei por que Diabos acharam que Sandman seria uma série fechada com apenas cinco edições.

Algumas publicidades e cartazes de banca chegaram a divulgar que teriam só cinco números… Vai entender…

Daí, tive de convencer o Gerente de Produto que, pelo menos, lançássemos as primeiras sete edições com aquele papel, pois tratava-se de um arco fechado de histórias e coisa e tal. Do contrário, já haveria a mudança de papel no segundo número… O que seria desastroso!

Mas, passado o susto, foi uma satisfação imensa poder segurar em minhas mãos aquele primeiro exemplar! E aqui merece um crédito especial… Eu queria que as quartas capas de Sandman trouxessem sempre uma imagem especial, talvez uma ampliação de algum detalhe interno, re-colorizado, algo do tipo.

Sandman #2 pg26

Daí o Editor de Arte da Redação de Quadrinhos da Globo, Hélcio “Jacaré” Pinna, teve a fantástica ideia de ampliar um detalhe da própria capa da edição, para manter uma harmonia de estilos e coisa e tal.

Naquela época, isso tudo tinha de ser imaginado e montado com “xeroxes” e indicações de ampliação fotográfica etc. Nós não sabíamos exatamente se o efeito ficaria bom ou não. Mas o resultado final ficou fantástico! E passamos a usar isso em todas as edições. O próprio Gaiman disse que ele e o Dave McKean adoravam as quartas capas que fazíamos.

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Aguardem a semana que vem para conhecerem ainda mais sobre a carreira do editor que fez “o sonho não acabar”. Por falar nisso, também falaremos sobre a batalha para levar o título do Morpheus até o final.

E mais: Del Manto contará sobre a ligação por telefone mais sinistra possível!

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É isso, você vai ter um pesadelo se perder a continuação…

Monstro do Pântano – Raízes Volume 1 [resenha]

“Wish I was back on the Bayou
Rolling with some Cajun Queen
Wishing I were a fast freight train
Just a choogling on down to New Orleans”

– Born on the Bayou, Creedance Clearwater Revival

mp-rv1Quem conhece um pouco da história das HQs sabe que durante a conturbada década de 50, o país do Mississipi foi alvo do Comic Code Authority. Um selo que, estampado nas capas das revistas, regulamentava as publicações infanto-juvenis na América. Essa regulamentação modificava o conteúdo dos roteiros, proibia o uso de certas palavras e limitava até mesmo as cores empregadas na revista.

Essa ação aconteceu após o lançamento do livro Sedução do Inocente (de Frederic Wertham) que associava as histórias em quadrinhos a atos de violência juvenil e também graças ao fato de que os leitores americanos da época estavam deixando de lado os aventureiros uniformizados para ler gibis com uma temática mais pesadas e com temas adultos que incluíram principalmente a violência urbana e o terror. Alguns exemplos de títulos dessa época incluem The House of Secrets e The House of Mystery (DC Comics) e Mister Mystery.

Pois bem, eis que o recente encadernado da Panini Comics (que chegou as bancas brasileiras em Maio do último ano) é um regate ao horror proposto pelas revistas citadas. Monstro do Pântano Volume 1: Raízes, reúne as seis primeiras edições de Swamp Thing junto com uma aventura em oito páginas publicada em The House of Secrets #92. Mas calma que já explico o porquê de o herói pantanoso fazer referências aos clássicos do terror.

 

 As Raízes quadrinhesca do Monstro do Pântano

monstro_do_pantano_raizes_02Apesar de ter sido publicado em 1971 (muito depois da regulamentação dos gibis) a proposta narrativa do roteiro de Lein Wein foi ousada para a época e arte assombrosa de Bernie Wrightson (Batman – O Messias) causa espantos e referencia os filmes da Hammer.

Nos primeiros capítulos, somos apresentados ao botânico Alec Holland, responsável pelo desenvolvimento de uma formula biorestauradora que servirá para acabar com muitos males do mundo. Mas uma organização interessada em lucrar em cima desse novo composto busca pelo esconderijo do cientista e o encontra num bayou da Louisiana.

Infelizmente, o confronto entre o botânico e o grupo resulta em perdas: A esposa de Holland é assassinada e após uma explosão do laboratório, Allec recebe resíduos da substância e é arremessado num pântano – de onde renasce como o Monstro do Pântano.

A história faz referência ao terror gótico típico de romances da época vitoriana. Principalmente ao Dracula, e O Médico e o Monstro. O ser pantanoso é uma criatura melancólica em busca de aceitação e vingança, além sofrer de uma pesada síndrome de Frankstein: Em um dos momentos mais marcantes a coisa, ao refletir sobre sua nova condição, sofre um choque ao perceber que de fato ele é um Morto-vivo.

Além de ter que lidar com a organização governamental. Toda uma sorte antagonistas entram em cena. Entre eles estão os Não-Homens, o mago Anton Arcane e até mesmo um lobisomem. O traço sombrio de Wrighton vemos uma diferença marcante entre os homens normais (com traços bem definidos) e as monstruosidades.

Ao leitor novato, cabe um alerta: O texto é bastante arrastado. Isso é característica da maneira como os quadrinhos eram escritos na época. São balões com muitas letras e quadros com as falas do narrador que reproduzem exatamente o que se vê no desenho. Mesmo com essa linguagem, ler esse clássico é imprescindível para conhecer as raízes de um dos selos de quadrinhos mais importante: A Vertigo.

A Saga de Alan Moore

mosntro_do_pantano_raizes_04 No Brasil, a chegada desse volume com contos somente antes publicados em periódicos da editora Ebal elevou a empolgação dos fãs. Diversos sites internet afora especulam que após essas edições com os autores originais de Monstro do Pântano, a Panini deverá seguir publicando a renomada saga escrita por Alan Moore. Isso principalmente pelo fato de Raízes ser semelhante ao encadernado com papel jornal de Hellblazer: Origens – que já se encontra na sexta edição.

A editora não confirmou a série do escritor inglês, mas já anunciou para outubro desse ano o lançamento do segundo volume do herói verde. Até o momento, nem mesmo a capa foi apresentada no site da empresa. Só me espanta que a saga de Len Wein tenha apenas 12 edições. Em nome dos fãs afirmo que esse álbum foi uma bola dentro da Panini e que pode ser a semente que irá germinar em uma nova série nas bancas.

Ficha Básica – Clássicos DC Monstro do Pântano Raízes: Volume 1; Formato: 17x26cm, Capa com lombada quadrada; papel Pisa brite; 164 páginas; Compreende The House of Secrets #92 e Swamp Thing 1-6.

Monstro do Pântano volta ao Universo DC

Segundo o site Bleeding Cool, o Monstro do Pântano[bb] ganhará em breve uma nova revista mensal. A grande novidade é que pela primeira vez em muito tempo, as aventuras do personagem voltarão a se interligar com o restante do Universo DC.

Conforme o site, a revista originalmente foi planejada para o selo Vertigo, mas Dan Didio, co-publisher da DC Comics, decidiu aproveitar a nova HQ para reinserir o Monstro do Pântano no universo normal da editora.

O Monstro do Pântano foi um dos títulos precursores do selo Vertigo, juntamente de Homem-AnimalSandman e outros. Como o selo traz histórias mais pesadas e adultas, ele foi se afastando cada vez mais dos demais quadrinhos da DC. Com o passar dos anos, seus personagens passaram a viver aventuras que não se relacionavam de qualquer modo com as dos demais heróis da editora. Isso fazia sentido em séries autorais ou passadas em seu próprio universo, como Preacher ou Fábulas, mas não fazia muito sentido no caso do Monstro ou Orquidea Negra, por exemplo, títulos que em seus primórdios tinham grande ligação com outros mais tradicionais, como Batman Superman.

Neste período de “isolamento”, alguns personagens da Vertigo até chegaram a fazer rápidas aparições nas revistas da Liga da Justiça e afins, mas tais ocasiões foram bem raras e discretas. Por outro lado, personagens como Homem-AnimalPatrulha do Destino Desafiador (que teve uma nova versão pela Vertigo) já voltaram ao universo tradicional há anos. Existiram ainda exceções como Zatanna Vingador Fantasma, que sempre transitaram livremente pelas duas linhas.

Ainda segundo o Bleeding Cool, o Monstro do Pântano será o primeiro de muitos, já que parece que a nova política da DC é mesmo retornar os personagens da Vertigo à continuidade, enfim satisfazendo a vontade de muitos leitores que nunca viram muita lógica nesta divisão.

A saga do Monstro do Pântano começa com o cientista Alec Holland tentando criar uma bio-fórmula restaurativa nos pântanos da Louisiana. Vítima de uma explosão causada por pessoas que queriam a tal fórmula, Holland falece. Mas seus restos se juntam ao pântano, criando um elemental da Terra, uma criatura formada pelo pântano, tendo forma humanóide, e portando sendo chamada de Monstro do Pântano.

Por muito tempo a própria criatura desconhece sua origem, se dando conta de que é uma nova entidade, e não Holland, muitos anos depois. Foi criado em 1972 por Len Wein Berni Wrightson, sendo uma nova versão de um personagem criado um ano antes pela mesma dupla. A fase mais famosa do personagem foi escrita por Alan Moore[bb].

O personagem teve seu primeiro filme em 1982, com direção de Wes Craven (A Hora do Pesadelo). Em 1989 foi lançada a continuação, O Retorno do Monstro do Pântano. Houve também um seriado com atores e uma série animada, lançados em 1990 e 1991, respectivamente.

Fonte: HQManiacs