LEGIÃO DOS SUPER-HERÓIS – HISTÓRIAS DE UM PASSADO QUE AINDA VIRÁ – Parte 13 – Morto ao chegar

LSH043AA primeira versão do vilão Starfinger (batizado no Brasil de Zoroastro em sua roupagem mais contemporânea) trazia certo mistério para os quadrinhos. Afinal, tudo indicava que ele era um dos legionários disfarçado. A brincadeira aqui era adivinhar quem deles era a possível ameaça, que surgiu em Adventure Comics 335, de Agosto de 1965, criado pelo escritor Edmond Hamilton e pelo desenhista John Forte.

O novo vilão surge com seu uniforme especial e de seus dedos saem uma enorme combinação de raios capazes de derrotar todos os legionários. Na verdade, os raios por si não são o único problema, já que Zoroastro os usa de uma forma como se conhecesse muito bem as fraquezas de cada herói. Isso se torna mais evidente quando surge a suspeita de que se trata de um legionário. Consegue, por exemplo, deter Superboy com um raio de kriptonita e quase mata o herói Astron, sendo que este só e salvo graças à intervenção de Mon-El.

LSH043BAparentemente agindo como um ativista, o vilão começa a atacar as sete maravilhas do século 30. Cada uma dessas maravilhas já desperta curiosidade suficiente nesta história. Temos, por exemplo, uma cidade INTEIRA que se desloca por trilhos gigantescos pelos mares. Outra maravilha é uma cachoeira reversa, criada graças a um equipamento que drena a água do mar e a joga para cima de uma encosta com pressão o suficiente para dar a impressão de que ela está indo na direção inversa do que seria uma queda. De maravilha em maravilha, Zoroastro vai ludibriando os legionários.

Por fim, descobre-se que o vilão é na verdade… Relâmpago! Mas… como e por que ele teria se tornado um vilão? Tudo é explicado quando se revela que o médico que cuidava do herói (o mesmo que lhe criou o braço mecânico quando o natural foi amputado), com sua sede por experimentos científicos, desejava roubar um novo minério capaz de rejuvenescer qualquer ser vivo. Para distrair a Legião, o cientista hipnotiza Relâmpago e cria os raios em seu braço. Junto com o conhecimento sobre o grupo (afinal, por ser médico particular de Relâmpago, tinha certa intimidade com todos), seu plano iria bem até ser descoberto como o verdadeiro Zoroastro.

Mas, enquanto novos vilões surgiam de forma insidiosa, velhos vilões ganhavam aliados perigosos demais até para eles mesmos.

LSH045AA bela e vilanesca Glorith surgiu como uma espécie de auxiliar do vilão Mestre do Tempo, em Adventure Comics 338, de 1965, criada por Jerry Siegel e John Forte. Apesar disso, seus poderes eram tão vastos que rivalizavam com os do seu líder. Além de sua beleza (maléfica, mas ainda assim muito evidente), sua mais poderosa arma era uma ampulheta capaz de fazer quem a segurasse rejuvenescer, tornando-se jovem, depois criança, depois bebê… até se tornar uma espécie de ameba involuída. Pois é essa arma que o Mestre do Tempo pretende usar contra seus inimigos da Legião dos Super-Heróis.

Glorith arma uma emboscada para a maioria dos legionários e eles acabam sendo transformados em versões crianças. Tudo acontece em um parque de diversões onde vemos a Legião Criançada se divertir. O escritor Jerry Siegel é esperto (ou malandro) o suficiente para explicar que os uniformes se adaptaram aos corpos reduzidos devido a serem feitos de um tecido futurista que se adapta ao crescimento de quem usa (no caso, encolhimento de quem usa).

O Mestre do Tempo, julgando-se vitorioso, aparece no parque e trai Glorith. Acontece que a ampulheta não funciona contra a vilã por ela usar um par de luvas especiais que anulam seu efeito. O vilão pede para que ela tire uma das luvas e faz com que toque a ampulheta. Glorith, dessa forma, rejuvenesce até a forma de ameba.

Após o ato de traição, Mestre do Tempo tem outra utilidade para os ingênuos mini legionários ao invés de transformá-los em ameba. Prometendo doces e brinquedos para a criançada, faz com que usem seus poderes para, inocentemente, cometerem pequenos grandes crimes. Os únicos que ficam de fora, por não terem caído na armadilha, são Brainiac 5 e Superboy. Esses na verdade, ficam presos por uma barreira temporal criada pelo vilão.

LSH045BMas, Mestre do Tempo descobriria que não basta ser vilão, tem que participar! As crianças, que pensavam estar pegando guloseimas, percebem que alguns objetos que roubaram não são exatamente doces prometidos pelo Tio Mestre do Tempo (acreditem, ele chega a chamar a si mesmo dessa forma!). O mini Transmutador, capaz de transformar a matéria, usa seu poder para que a nave do vilão se torne um enorme caramelo… inclusive (adivinhem) a máquina que criava a barreira temporal que impedia Superboy e Brainiac 5, que chegam para dar uma sova no inimigo.

Quase enlouquecido com a birra dos fedelhos, Mestre do Tempo fecha um acordo de fazê-los voltar ao normal em troca de ser deixado em paz. Brainiac 5 (sob protestos do Superboy) aceita a chantagem e seus colegas voltam ao normal.

Mas, Brainiac 5, ao contrário do que imaginavam, não ia deixar barato. Antes do acordo, percebe que o mini Astron quer o que pensa ser um brinquedo nas mãos do Tio Mestre do Tempo. Era nada menos do que um controlador portátil da barreira do tempo… que Brainiac ajusta para barrar a nave do vilão… deixando-o preso no planeta onde pousou. E, num trocadilho sem dó nem piedade, os legionários terminam essa aventura concluindo que foi fácil… como tirar o doce de uma criança.

Mas longe desse clima leve está a história que apresenta um dos membros mais obscuros da Legião dos Super-Heróis, apresentada em 1965, na revista Superboy n° 125, escrita por Otto Binder e desenhada por George Papp.

LSH046AChamar Psíquico de herói soa até meio estranho, mesmo que isso se justifique. Confesso que o pouco que conhecia do personagem era sua breve (e bota breve nisso) participação na saga Crise Nas Infinitas Terras. Até aí, mais me parecia um personagem que usava turbante e foi criado meramente para… sei lá… cumprir a cota de indianos (desculpem o estereótipo preconceituoso) dentro do mundo dos super heróis. Mal sabia eu que aquele “turbante” escondia segredos que desafiavam minha ignorância.

O herói de turbante conhecido como Psíquico surge em Smallville e mostra ser muito útil ao ajudar o Superboy. Seus poderes faziam com que fosse capaz de produzir uma espécie de campo de força poderosíssimo que ele usava das mais diversas e criativas formas. Até aí, começo a rir do estereótipo do indiano de turbante e o poder “psíquico” que remete a um misticismo transcendental.

LSH046BIntrigado, Superboy conhece um pouco mais desse heroico ajudante. Ele usava turbante para esconder a deformidade em seu crânio (e é aqui que paro de rir), já que nasceu com um cérebro enorme, o que provavelmente seja a fonte de seus poderes. A origem dessa deformidade deve-se aos seus pais, astronautas, terem ficado expostos à radiação durante uma missão.

Vindo do futuro, Psíquico teve a chance de demonstrar seu eficiente poder a Legião dos Super-Heróis. No entanto, mesmo se mostrando utilíssimo (seu campo de força conseguia deter vários legionários ao mesmo tempo)… misteriosamente ele é… rejeitado! Indignado com o resultado da seleção, o jovem herói volta ao passado e procura Superboy, a inspiração do surgimento da Legião, para que esse possa, pelo menos, conseguir uma satisfação do porque de sua rejeição. Superboy, que também está surpreso com a decisão de seus colegas, decide viajar ao futuro e conseguir a resposta.

Diante dos legionários, Superboy questiona o porquê de não terem aceitado alguém com um poder que é tão útil. É então (e aí vem o tiro de misericórdia em mim, que já me sentia culpado por ter rido no começo) que aparece o boletim médico de Psíquico. Nele, os exames mostram que a cada vez que ele usasse seu poder… perderia um ano de vida! O jovem, mesmo sabendo de seu destino, diz que deseja servir a Legião… nem que isto custe sua vida. Tocados pela coragem do herói, os legionários decidem torná-lo um membro reserva, utilizando seus poderes apenas se uma grave crise ocorresse.

Agora, me deem licença, pois acho que vou ali lavar meus olhos, que parecem ter sofrido o ataque de micro cebolas…

LEGIÃO DOS SUPER-HERÓIS – HISTÓRIAS DE UM PASSADO QUE AINDA VIRÁ – Parte 12 – Um raio não cai no mesmo lugar, já o relâmpago…

LSH040AChega a ser engraçado como o legionário Relâmpago sofre a piores consequências dentro do grupo. Foi o primeiro legionário a morrer em combate, mas nem o “descanso eterno” durou tanto para mantê-lo longe de encrencas. Logo, ele foi ressuscitado e tudo ia bem… até agora. Dessa vez, Relâmpago não morreu, mas sofreu uma gravíssima mutilação que marcaria o personagem nas histórias futuras, graças ao escritor Edmond Hamilton e o desenhista John Forte, na revista Adventure Comics 335, de Maio de 1965.

Imaginem uma história futurista, com planetas alienígenas e naves espaciais, apresentando uma versão de Moby Dick. Tudo bem, baleias no espaço seria absurdo demais… então o jeito era transpor apenas a essência da obra de Herman Melville para os quadrinhos, certo? É… certo… Mas o escritor Edmond Hamilton preferiu seguir pelo caminho do “absurdo demais”, ou seja, voltemos à ideia de uma baleia no espaço.

A Moby Dick…ou melhor dizendo… a Super-Moby Dick Espacial (lembrando os filmes antigos de monstros) era uma criatura com o formato de baleia e asas que lembravam um morcego. Ah, sim e voava pelo espaço normalmente. Alimentava-se de minérios e atacava naves espaciais para devorar suas cargas. Relâmpago é o primeiro herói a tentar atacar o monstrengo, mas não imaginava como o corpo dele reagiria ao receber uma descarga de seus raios. É então que o herói recebe uma forte descarga em seu braço, que fica dolorido, piora, gangrena… e precisa ser amputado, acabando por receber uma prótese mecânica como lembrança da malfadada aventura.

LSH040BAté aqui a tragédia segue a risca a fonte literária, mostrando Relâmpago obcecado em se vingar, tal qual o Capitão Ahab da obra de Melville. Essa obsessão começa a preocupar os outros legionários e também vai contra a constituição do grupo, que rege que a vida é sagrada e não deve ser tirada de forma alguma… independente da criatura que os ameace. Nem mesmo Superboy é capaz de agir, pois a criatura comeu kriptonita o suficiente para afetá-lo.

Após várias tentativas de capturar o monstro, a Legião finalmente vê Relâmpago chegar perto dele… e disparar um raio diretamente de seu braço mecânico. Surpresos, eles, que esperavam a morte certa da baleia, a veem diminuir de tamanho. Acontece que o braço mecânico do herói foi incrementado com raios positivos pelo mesmo cientista responsável pelo crescimento do animal.

E ainda que o universo das histórias da Legião estivesse cheio de criaturas bizarras como baleias espaciais, o mascote do grupo ainda continuava sendo o mais bizonho de todos, valendo até mesmo uma história que se passava entre seus conterrâneos, em Adventures Comics 334.

LSH042AA Legião persegue um maléfico cientista até o planeta de Proty II, a gosma mutante que serve de bichinho de estimação do Camaleão. Lá, descobrem que as criaturas semelhantes à Proty II, que também são capazes de tomar a forma do que imaginarem, estão a serviço do vilão.

Para revelar quem pode ser uma criatura que muda de aparência, Brainiac 5 cria uma espécie de spray que anula essa capacidade. Ao demonstrar sua criação, Camaleão e Proty II, os únicos que poderiam mudar de forma e ajudar mais efetivamente naquele ambiente hostil, acabam sendo borrifados e tendo suas capacidades anuladas temporariamente.

Os legionários acabam em desvantagem, mas são salvos por um misterioso herói com máscara de chumbo que prefere não revelar sua identidade. O novo personagem é tão misterioso que nem mesmo Satúrnia, ao usar seus poderes telepáticos para revelar sua identidade, é capaz de localizar algum memória passada. Chamam-no, assim, de Desconhecido.

Desconhecido tem poderes como superforça, supervelocidade e visão de raios x, muito parecidos com os de Superboy. O próprio Superboy não sabe quem ele é. Sua visão de raios x não penetra chumbo e, portanto, não pode ver através da máscara. Por falar em chumbo, chega à conclusão de que também não se trata de Mon-El, que tem poderes semelhantes mas é envenenado ao contato com esse metal. Também descarta a possibilidade de ser o Ultra Rapaz, uma vez que esse só pode usar um poder por vez.

LSH042BJuntamente com esse novo aliado, conseguem libertar os Legionários presos e desbaratar o controle do vilão, que se dizia um descendente do cientista que foi capaz de dar poderes camaleônicos aos proteanos.

No final da aventura, revela-se que o Desconhecido era ninguém menos que… Supergirl!!!!!!!!! Tudo aconteceu quando a heroína voltava ao passado e esbarra em uma nuvem de kriptonita vermelha. Com isso, sua memória desaparece e ela tem sua visão de raios x alterada, capacitando-a de ver através de chumbo. Com o pouco de memória que lhe resta (e a dica em um bilhete em sua capa), a heroína, que teme por sua identidade uma vez que não sabe que os legionários são seus amigos, cria a misteriosa nova identidade e volta ao futuro para ajudá-los.
Mesmo com o mistério resolvido, e a memória da Supergirl retornando, os legionários criam uma estátua em homenagem ao Desconhecido, pois foi esse herói que simbolizou a vitória contra mais essa ameaça.

LEGIÃO DOS SUPER-HERÓIS – HISTÓRIAS DE UM PASSADO QUE AINDA VIRÁ – Parte 8 – Pede pra sair!

Finalmente, depois de novamente salvar a Terra anonimamente, a Legião dos Heróis Substitutos recebem o reconhecimento da Legião dos Super-Heróis, que lhes dá uma chance de ouro. A proposta é que, após uma série de testes monitorada pelos legionários oficiais, um dos substitutos seja aceito no grupo. Essa prova aconteceu em Dezembro de 1963 em uma história escrita por Edmond Hamilton e desenhada por John Forte (equipe criativa das aventuras do grupo na época), na edição 315 da revista Adventure Comics.

Todos os testes são escolhidos em ambientes onde as situações são adversas aos estranhos poderes dos Substitutos. Cada um deles é acompanhado por um legionário que, com seu poder, resolveria a situação. Ou seja, teriam que provar ser tão dignos ou melhores do que os legionários, resolvendo situações que seriam facilmente solucionadas pelos heróis oficiais.

Polar tem que descongelar cientistas que foram petrificados no frio do espaço. Para isso, usa seu poder de congelamento (sim, algo muito estranho na situação) para levá-los para dentro de um vulcão. O poder congelante protege a todos do calor. O teste, bem sucedido, é acompanhado por Solar.

Noturna, com sua superforça que só funciona na escuridão, tem que enfrentar um ditadora que tem superforça devido à luz do Sol. Apesar da óbvia surra inicial, consegue organizar o povo oprimido para que criem uma fogueira alimentada por rochas negras, que gera uma enorme fumaça que cobre a claridade, deixando a ditadora mais fraca e, consequentemente, aumentando a sua. O teste é acompanhado por Superboy.

O Garoto Clorofila, com seu poder de acelerar o crescimento de plantas, tem que rachar uma montanha ao meio. Encontrando vegetação rasteira no topo dela, ele tem uma ideia. Planta um tipo de árvores no topo e acelera o crescimento das mesmas até que a montanha se parta. O teste é acompanhado por Relâmpago.

Ígneo, capaz de cuspir fogo, tem que ajudar o povo de um planeta, onde chove eternamente, a acender pelo menos uma tocha. Seu poder inflamável não é páreo para a torrencial chuva que cai o tempo todo. Mas, já desanimado, senta-se ao lado de um rio e percebe manchas negras saindo da água. É então que, utilizando o cinturão de voo da Legião e saltando ao lado do rio, faz pequenos buracos por onde começa a jorrar petróleo. Com seu poder acende pequenas tochas do líquido que brota da terra. O teste é acompanhado por Saltador.

Por último, Pétreo, capaz de ficar imóvel e duro feito uma pedra, tem que deter um enorme réptil de destruir uma aldeia. Ele fica imóvel, distraindo o bicho por alguns momentos. Mas esse logo o esquece e parte para atacar os habitantes da aldeia. Satúrnia, legionária capaz de controlar mentes e que acompanhava o teste, consegue deter a criatura controlando-a mentalmente, apesar do desespero de Pétreo diante do perigo.

No final, o grande vencedor é… Pétreo????? O único que, aparentemente falhou. Acontece que Satúrnia pôde ler a mente do inocente herói substituto, e sentir o desespero e preocupação com os habitantes da aldeia diante do perigo. Com isso, ele venceu a prova para entrar para a Legião que, afinal, prezava mais o caráter do que os atos heroicos. Mas Pétreo é tão “certinho” que recusa a vaga para continuar ao lado de seus companheiros substitutos.

A quase admissão de um novo membro se tornaria ainda mais importante uma vez que o fator “expulsão” seria adotado pela primeira vez em Janeiro de 1964. Procurando localizar criminosos alienígenas, os legionários descobrem que um de seus integrantes, o Ultra Rapaz, tem um passado criminoso mal resolvido. E a Legião dos Super-Heróis não perdoa! Decidem expulsar seu colega, mesmo ele tendo deixado (e escondido) sua carreira criminosa no passado e tendo provado seu valor várias vezes. Mais que isso, decidem que ele deve ser entregue as autoridades e o perseguem implacavelmente. De todos os integrantes, apenas a Garota Fantasma (futura Etérea) acredita em sua inocência (denotando até mesmo um interesse romântico pelo herói).

Com os seus agora ex-colegas em seu encalço, Ultra Rapaz e a Garota Fantasma (que tenta ajudá-lo a fugir) acabam sendo capturados pelos alienígenas criminosos que, enfim, eram a origem do problema. Surpreendentemente, o herói se alia aos criminosos e promete levá-los até a sede da Legião, entregando as armas secretas do grupo. Chegando lá, dispara uma arma congelante contra o grupo de invasores e os prende.

Após a captura dos alienígenas, Ultra Rapaz explica que tudo não passou de um arriscado plano para prender os vilões. Usando sua supervelocidade (lembrando que o herói tem praticamente os mesmos poderes que o Superboy, porém só pode usar um de cada vez), consegue alterar os registros da polícia colocando-o como um suspeito criminoso. Com isso, sabia que seria expulso do grupo e seria considerado fora da lei, o que atrairia os alienígenas para que pudessem incorporá-lo ao grupo e descobrir os segredos dos legionários.

Um arriscado e corajoso plano que destacou um pouco mais esse personagem.

E uma das mais belas futuras integrantes da Legião dos Super-Heróis surgiria no mês seguinte. Bela a ponto de causar uma pequena guerra dos sexos dentro do grupo.

Nura Nal foi uma candidata a vaga na Legião, com um poder tão peculiar que, aparentemente, seria rejeitada. Ele consistia em… sonhar. Quando a bela heroína dormia, tinha sonhos com o futuro e, assim, era possível evitar tragédias que ainda não aconteceram. No entanto, eu disse SERIA rejeitada. Isso graças a seu outro, digamos, poder: sua beleza. De fato, de tão bela, nenhum integrante masculino da Legião foi capaz de rejeitá-la. Já as meninas… Mesmo assim, como a maioria do grupo (e dos votos) vinham da ala masculina, Sonhadora foi aceita como nova Legionária.

Nas primeiras missões, demonstrando que seu poder tinha lá sua utilidade, Sonhadora começa a agir estranhamente. Seu primeiro passo (e interesse) é entender e praticamente decorar a constituição da Legião. Com isso, coincidentemente, as missões que participam levam os outros integrantes a situações onde acabam por quebrar as regras dessa constituição. Como integrante oficial, a heroína, que sabe as regras na ponta da língua, vai eliminando seus colegas por suspensão e até mesmo expulsão do grupo. Isso sem citar casos mais extremos, como o da Moça Relâmpago, que acaba perdendo seus poderes elétricos em uma missão com a nova colega.

Esse modo aparentemente vilanesco de agir é investigado por Astron (apaixonado pela nova colega), que acaba descobrindo o segredo de Sonhadora. Como ela era capaz de prever o futuro, em um desses sonhos previu a morte de sete legionários. A eliminação desses, portanto, era uma forma de tentar alterar esse futuro, uma vez que no dia da tragédia eles não estariam fazendo parte da equipe. Com essa atitude agora entendida como nobre, a desconfiança para com Sonhadora (além da dor de cotovelo das garotas) muda para a aceitação e consideração de uma nova amizade.

Mas… e a Moça Relâmpago? Como ficaram seus poderes já que eles foram perdidos em missão? Na verdade, eles mudaram. Seu poder agora é o de tornar qualquer objeto (até mesmo um edifício) superleve, sendo capaz de levantá-lo. Futuramente, esta personagem seria conhecida como Pluma, nome mais adequado a essa nova capacidade. Afinal de contas, a Legião já tinha o seu integrante com poderes elétricos, que inclusive era o irmão de Pluma, conhecido como Relâmpago.

LEGIÃO DOS SUPER-HERÓIS – HISTÓRIAS DE UM PASSADO QUE AINDA VIRÁ – Parte 4 – Larica

LSH04AA última seleção de novos integrantes para a Legião dos Super-Heróis, apresentada em Dezembro de 1962, por Jerry Siegel e John Forte para a revista Adventure Comics n° 303, escolheu o jovem Digestor para suas fileiras. Seu poder é… Comer. Comer tudo que apareça pela frente. Tudo mesmo! Pode, por exemplo, mastigar a arma de um inimigo, as barras de uma prisão, as paredes de uma fortaleza… Daí por diante.

Mas Digestor apareceu em uma má hora. Não só pelo fato de Solar estar passando por uma pequena cirurgia no tornozelo, mesmo porque a ciência do futuro permite que se coloque uma mera cápsula dentro do pé do paciente para que essa cuide de sua recuperação, mas o pior estava por vir… havia um espião entre os legionários! As suas missões, passadas pela Polícia Científica, estavam sempre dando errado. O problema é que essas missões eram supostamente secretas. Como informações importantes estavam vazando? E o primeiro suspeito, claro, era o novato Digestor. Culpado ou não, o jovem acaba fugindo para não ser preso.

LSH04BBrainiac 5, integrante descendente do vilão Brainiac, inimigo do Superman no passado, e também forte candidato a espião, consegue elaborar um plano capaz de capturar o verdadeiro culpado que, como mostra, não é o Digestor afinal. Tratava-se de uma gangue liderada pelo médico responsável pela operação de Solar. A cápsula, colocada dentro do pé do herói, continha um espião que foi reduzido até caber ali dentro. Dessa forma, quando Solar participava de reuniões secretas, o criminoso dentro da cápsula em seu pé ouvia tudo e retransmitia para seus comparsas.

Presa a gangue, Digestor é inocentado e aceito no grupo após uma aventura tão bizarra quanto o seu próprio poder.

Mas até mesmo Digestor perderia o apetite diante da primeira tragédia dentro do grupo, já na edição seguinte: a morte de Relâmpago! Para chocar o leitor, não foi um dos (agora inúmeros) heróis de menos destaque que tem um fim, mas um dos principais fundadores da Legião encontra a morte, em uma história escrita por Jerry Siegel e desenhada por John Forte, em janeiro de 1963.

É dia de votar em quem será o novo líder da Legião dos Super-Heróis. Utilizando a máquina Votomática, cada um dos integrantes elege seu preferido. E a escolhida para ser a nova líder é… Satúrnia! No entanto, a jovem heroína, que tem poderes mentais, dá sinais de que andou manipulando a eleição, principalmente pela suspeita vitória unânime.

LSH04CApós ser eleita líder, Satúrnia começa a ter um comportamento estranho para com seus colegas. Ela obriga a cada um deles a cumprir um teste e, falhando, são proibidos de usar seus poderes durante determinado tempo. Além disso, os obriga a usar uma espécie de medalhão com sua imagem. Alguns membros estranham tal comportamento, mas, segundo o regulamento, as ordens do líder não devem ser questionadas.

O tal medalhão que são obrigados a usar tem a capacidade de roubar os poderes do usuário e transferi-los para Satúrnia. Agora, dotada de todos os poderes de seus colegas, a heroína parte para o espaço ao encontro da nave do vilão Zaryan. No entanto, sem que soubesse, Relâmpago a segue e destrói a nave com disparos de energia. A nave explode e fere mortalmente o corajoso herói, que acaba falecendo.

Antes de morrer, Relâmpago confessa que descobriu o porquê do comportamento estranho de Satúrnia. Antes da eleição ela recebeu uma mensagem do planeta Mernl, falando de forma profética sobre a morte de um legionário durante a batalha com Zaryan. Decide, então, sacrificar-se para salvar qualquer que seja o colega a ser morto. Para tanto, rouba os poderes deles e torna-se a única legionária a enfrentar o vilão, consequentemente sendo a única que corre o risco de ser morta. Relâmpago só descobriu o plano da amiga, pois esta se esqueceu de um legionário não presente: Mon-El, que está exilado na Zona Fantasma devido ao seu envenenamento por chumbo. Mesmo exilado, o herói aparece de forma intangível e descobre o suficiente para contar a Relâmpago. Satúrnia não contava com a intervenção do amigo, que acaba sendo a vítima fatal citada na profecia.

Com a morte de Relâmpago, há uma nova vaga de herói na Legião e os candidatos já se apresentam na edição seguinte. Novamente um festival de bizarros poderes. Temos desde o Garoto Antena, capaz de captar qualquer onda de rádio, do passado e do presente, através de anteninhas nascidas de suas bizarras orelhas, até um pretenso Garoto Dínamo, capaz de emitir rajadas elétricas, tal qual o Relâmpago faria. Mas este último logo é descoberto como sendo um repórter que simula ter poderes através de um aparelho, tudo para conseguir uma reportagem de dentro da Legião. Por último, tínhamos o Garoto Marvel (provocação à nova editora concorrente que surgia no começo da década de 60…?), que praticamente podia fazer de tudo um pouco. Tinha superforça, supervelocidade, visão de raios-X, visão de calor… tão poderoso quanto o Superboy, enfim. E ainda tinha a vantagem de ser imune a kriptonita e ao chumbo (uma vez que Mon-El, que também tinha poderes similares, era vulnerável a esse metal).

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O Garoto Marvel, após passar por inúmeros testes e conseguir a merecida vaga no grupo, revela ser… Mon-El. Aparentemente curado de suas fraquezas, o herói revela que Brainiac 5, o integrante supergênio da Legião, finalmente conseguiu criar um soro capaz de deixá-lo imune contra os males que o chumbo causava, tornando possível que ele pudesse sair da Zona Fantasma e finalmente fazer parte do supergrupo do futuro.

Era o fim de um exílio, na Zona Fantasma, que durou mil anos. E, agora, Mon-El finalmente se tornaria um integrante ativo da Legião dos Super-Heróis.

LEGIÃO DOS SUPER-HERÓIS – HISTÓRIAS DE UM PASSADO QUE AINDA VIRÁ – Parte 3 – O futuro não é grande o bastante: a Legião ganha seu próprio espaço

Legião 3AA Legião tinha em suas fileiras um dos personagens com o poder mais incomum entre todos. O Saltador, como ficou sendo conhecido, simplesmente inflava o próprio corpo e quicava feito uma bola de borracha em cima dos inimigos. Por outro lado, o personagem foi criado dessa forma mesmo, em Maio de 1961, por Jerry Siegel e Jim Mooney, para servir de ponto de humor dentro da série. Talvez, por esse jeito descompromissado, tenha se tornado um dos mais interessantes heróis da Legião. Contar sua origem se tornou parte de incentivo para novos integrantes nas tradicionais seleções de legionários (com candidatos de poderes tão bizarros quanto o dele).

O jovem e atrapalhado Chuck Taine foi incumbido de levar uma fórmula super elástica mas resolveu dar uma paradinha em um jogo de batalha de robôs. Essas batalhas eram o esporte preferido de seu planeta e o estádio estava lotado. O clima também era quente e Chuck, assistindo a uma partida, pede um refrigerante. Empolgado com a luta entre os robôs, o jovem troca as garrafas e acaba bebendo a fórmula que levava. Como consequência, seu corpo infla até ele se tornar uma enorme bolota elástica.

Com esse novo poder, Chuck tenta uma vaga na Legião dos Super-Heróis que, obviamente, não o leva muito a sério. Entristecido, acaba esbarrando em um assalto onde o criminoso usa luvas elétricas que impedem que cheguem perto dele. Até mesmo os legionários Satúrnia e Cósmico acabam levando suas descargas elétricas e sendo afastados. Chuck infla seu corpo e salta sobre o criminoso, que não consegue desferir descargas elétricas nele, uma vez que, pulando como uma bola de borracha, ele não está aterrado ao solo. Graças a esse ato, o agora conhecido Saltador consegue uma vaga na Legião e torna-se um dos mais improváveis heróis do clube.

Mas se integrantes bizarros já chamavam a atenção… o que dizer de Legiões inteiras e de todos os tipos? Em uma aventura passada do Superboy, o jovem Lex Luthor foi derrotado graças à intervenção de um integrante da Legião dos Super-Heróis. Quando Luthor soube que havia um grupo de heróis do futuro, ficou imaginando se também não haveria um espécie de Legião dos Supervilões.

Adulto, na época em que o Superboy já havia se tornado Superman, Luthor cria seus inventos de dentro da penitenciária. Lembrando-se da aventura passada, cria um transmissor que envia mensagens para o futuro, em busca da sua Legião. Incrivelmente, a resposta vem em forma de aparelhos futuristas que se materializam dentro da cela e permitem que ele escape da prisão. Na fuga, acaba encontrando a tal Legião dos Supervilões, responsável por lhe fornecer os aparelhos.

Criada em Agosto de 1961 por Jerry Siegel e Curt Swan, a Legião dos Supervilões basicamente era formada por versões adultas e maldosas do trio original da Legião dos Super-Heróis: Rei Cósmico (versão do Cósmico, capaz de transmutar matéria sólida), Senhor do Relâmpago (versão do Relâmpago, com os mesmos poderes de manipulação de eletricidade) e Rainha de Saturno (versão de Satúrnia, com vastos poderes de hipnose). Juntos, e orientados por Luthor, o trio inferniza a vida do Superman, até que este receba a ajuda da versão adulta dos três legionários originais. Sim, os “jovens” legionários poderiam visitar qualquer época do tempo. Mas optou-se por mostrar a versão adulta… talvez para combinar com uma história com o protagonista e os vilões adultos.

Voltando ao “passado”, lembramos que Superboy tinha um supercão. Algo natural para se identificar com o leitor médio, uma vez que o tema “um garoto e seu cão” era um exemplo a ser seguido. Mas a proliferação animal não parou por aí. Afinal, se havia um supercão, por que não haveria um supergato? E como se a coisa já perdesse o rumo, surgiu também um supercavalo e… um supermacaco! Esse super-reino animal é reunido de uma só vez em Fevereiro de 1962, em uma aventura também produzida por Siegel e Swan, formando uma espécie de Legião dos Super-Animais.

O seleto time dos super animais conta com: Krypto, o famoso supercão do Superboy; Raiado, gato da Supermoça que ganhou superpoderes após o contato com um estranho tipo de kriptonita; Cometa, o supercavalo da Supermoça e Beppo, o supermacaco que serviu de cobaia para que o pai de Kal-El (Superboy) testasse o foguete que levaria seu filho a Terra.

Mas tudo que era “super” já estava se tornando demais. Então, quando surgia algo que merecesse o título… bem… ao invés de “super” poderia se usar algo parecido. Algo tipo… “Ultra”. Criado em Julho de 1962, Ultra Rapaz e seu mentor, Marla, chegam a Smallville com a estranha missão de descobrir a identidade secreta do Superboy. Após resolver um mal-entendido e ajudar a salvar o melhor amigo de Clark, Pete Ross, Ultra Rapaz conta que ele veio do futuro, onde adquiriu poderes após sua nave ser engolida por um gigantesco monstro de energia. A descoberta da identidade do Superboy fazia parte de um teste para que o jovem entrasse para a Legião dos Super-Heróis. No final, o ato de colaboração pesou mais a favor de sua aprovação do que a tarefa em si.

Uma curiosidade: o nome verdadeiro do Ultra Rapaz é Jo-Nah, uma brincadeira com o Jonas bíblico, que também foi engolido por uma grande fera (no caso, uma baleia).

As histórias relacionadas a Legião estavam crescendo e sua mitologia também, o que pedia mais espaço (sinal de sucesso entre os leitores). E na edição de n° 300 da mesma revista onde surgiu, Adventure Comics, a Legião ganha mais espaço tendo suas aventuras publicadas mensalmente a partir de Setembro de 1962.

Na estreia dessa nova fase, os principais integrantes do grupo enfrentam seus próprios poderes, que parecem ter saído do controle. Para ajudá-los, o grupo chama o Superboy e este descobre que o vilão conhecido como Urthlo construiu um aparelho que controla o poder dos legionários. Para piorar, ele também tem uma espécie de visão de kriptonita que impossibilita Superboy de atacá-lo. Como toque final, o vilão usa uma máscara de chumbo, que impede o garoto de aço de descobrir sua identidade secreta, já que a visão de raios-X não funciona com esse metal.

Satúrnia, integrante da Legião, pede a Superboy que liberte Mon-El da Zona Fantasma. O que todos estranham é que o jovem havia sido mandado para aquela dimensão justamente por sua fisiologia sofrer envenenamento diante do chumbo. Assim que Mon-El aparece, ele começa a agonizar devido à máscara do vilão. Satúrnia o salva lhe dando uma espécie de soro que o deixa imune por algum tempo. Mas esse tempo é suficiente para que ele use seus poderes (similares aos de Superboy) para derrotar Urthlo.

Descobre-se que Urthlo é um sofisticado robô construído no passado pelo jovem Luthor (daí o nome: Urthlo é um jogo de letras com o nome Luthor). Mon-El, por sua ajuda, é aceito como sendo o novo legionário, mas tem que voltar para a Zona Fantasma até que se descubra uma cura mais permanente para seu problema com chumbo.

LEGIÃO DOS SUPER-HERÓIS – HISTÓRIAS DE UM PASSADO QUE AINDA VIRÁ – Parte 2 – Arquétipos de aço

LSH007AÉ bem verdade que a Legião dos Super-Heróis surgiu em torno do Superboy. Apesar do grupo, em parte, ter se inspirado nos atos heroicos do defensor de Smallville, ainda assim ele era apenas um integrante honorário do grupo (não é sempre que se podia estar no futuro…).

Mais adiante, a Legião necessitaria de um personagem que representasse alguém com poderes similares ao de Superboy. Nesse estilo, muitos seriam os heróis e personagens que surgiriam em suas histórias. Mas um deles era tão parecido que mais parecia um plágio consentido. Seu nome era Dev-Em. Apesar de Dev-Em ter uma trajetória complicada, seria reconhecido como um legionário no futuro. Mas sua estreia nos quadrinhos estava longe de mostrá-lo como o herói que se tornaria.

Criado por Jerry Siegel e George Papp em 1961, Dev-Em não só nasceu no mesmo planeta Krypton de onde veio o Superboy, como também morava na vizinhança do herói, quando este ainda era uma criança. A vizinhança, inclusive, bem conhecia a fama de Dev-Em, um jovem inconsequente e irresponsável, capaz de causar as mais variadas arruaças. Um delinquente, enfim. Escondia-se sob a falsa imagem de jovem brilhante e inteligente, quando na verdade roubava invenções tecnológicas de seus vizinhos, assumindo a autoria das mesmas.

LSH008AQuando Jor-El, pai de Kal-El (Superboy), previu a explosão do planeta, Dev-Em tratou de usar o conhecimento roubado para criar uma nave que tiraria tanto ele quanto seus pais no fatídico dia. Após a explosão de Krypton, o jovem e seus pais, todos em animação suspensa, vagaram anos e anos pelo espaço, até o dia em que chegaram ao planeta Terra. Nessa época, a criança Kal-El, que havia chegado antes e foi criada por pais adotivos terrestres, já havia se tornado Superboy. Dev-Em, também um kriptoniano, sob o sol amarelo da Terra, também desenvolveu poderes similares ao garoto de aço e já arquitetava um ataque contra o herói.

Conseguindo capturar o Superboy, fez uso de uma máquina kriptoniana utilizada para enviar criminosos para a Zona Fantasma, fazendo com que ele se tornasse uma espécie de fantasma intangível e incapaz de interagir com o mundo, apesar de poder ver o que o vilão iria fazer. Dev-Em, com os mesmos poderes, disfarçou-se como Superboy e começou a vandalizar o planeta Terra, desacreditando o nome do herói. Após causar destruição suficiente, simplesmente devolve Superboy ao seu estado normal para que esse enfrente a ira do povo da Terra, que pensa que seu atual herói enlouqueceu. Com seu sadismo juvenil satisfeito, o delinquente usa seus poderes e leva a nave com seus pais para o futuro, onde encontraria com a Legião.

Superboy, que acaba tendo que encarar o desprezo do povo iludido, só consegue se livrar do problema graças a uma jogada do chefe de polícia local, que acreditou na fantástica história do kriptoniano delinquente que se passou por ele.

Outro personagem que utilizou Superboy como arquétipo, e que também integraria a Legião dos Super-Heróis no futuro, ficou conhecido como Mon-El. Criado por Robert Bernstein e George Papp, também em 1961, é apresentado como sendo o irmão mais velho do Superboy, tendo os mesmo poderes que este e o uniforme na cor inversa. Ou seja, enquanto o Superboy tinha (e “terá” como Super-Homem) um uniforme predominantemente azul com a capa vermelha, Mon-El tinha o uniforme vermelho com a capa azul.

O nome do personagem, como podem perceber, também tem forte ligação com o garoto de aço. Mon-El entra na vida dos Kent em uma segunda-feira (monday, em inglês). Utilizando a primeira sílaba desse dia com a terminação “-El” (do nome kriptoniano de Superboy, Kal-El) temos Mon-El.

Superboy intercepta uma nave que cai na Terra e descobre um estranho passageiro dentro dela. Mais que isso encontra uma espécie de carta de seu pai biológico, Jor-El, junto ao tripulante, explicando que este é seu filho… também! Ou seja, trata-se de um irmão de Kal-El. O irmão mais velho ao que tudo indica. Desmemoriado, o jovem é levado para a casa dos Kent (pais adotivos do Superboy), adotado e recebe o nome de Mon-El. E, assim como seu irmão caçula, adota uma identidade secreta (Bob Cobb) para guardar seu segredo.

Mas Superboy começa a desconfiar de seu “irmão” quando Krypto, o supercão, o estranha e descobre que ele é imune a kriptonita. Porém, ao tentar evitar um assalto a banco, feito por criminosos que lançaram enormes bolas de chumbo contra o prédio, Mon-El deixa-os escapar alegando que está enfraquecido. Essa atitude levanta mais suspeitas do Superboy, que agora imagina que se trata de um vilão disfarçado.

Como última cartada para desmascarar o impostor, Superboy pinta as bolas de chumbo restantes de verde, simulando meteoritos de kriptonita. Causando uma chuva desses meteoritos, o herói alerta Mon-El para o perigo que o metal representa para a saúde dos kryptonianos. Mon-El parece cair no truque e diz estar mortalmente enfraquecido. Superboy revela que não se trata de kriptonita, mas sim de bolas de chumbo pintadas, provando que Mon-El está fingindo… ou será que não?

Quase desfalecido, o colapso de Mon-El parece ter-lhe trazido a memória e ele conta a verdade para o Superboy. Ele não é de Krypton, mas de um planeta chamado Daxam, onde os habitantes também desenvolvem superpoderes na Terra. A única fraqueza desses poderes… é o chumbo! A carta de Jor-El falava sobre um filho, mas este filho era o próprio Superboy, e Mon-El a recebeu quando pousou por acaso em Krypton.

Mesmo desfeito o mal-entendido, Mon-El parece estar à beira da morte e o Superboy é obrigado a lançá-lo para a Zona Fantasma, uma dimensão neutra para onde os criminosos kryptonianos eram lançados, afim de que ele se recupere do envenenamento por chumbo. O herói promete libertá-lo no futuro… e bem sabemos quem se encontra no futuro.

LEGIÃO DOS SUPER-HERÓIS – HISTÓRIAS DE UM PASSADO QUE AINDA VIRÁ – Parte 1 – Aqui começa o futuro (pois o futuro tem que começar de algum ponto)

LSH-001-AA Legião dos Super-Heróis pode parecer confusa para os leitores brasileiros devido à infinidade de personagens que a integram. Na verdade, essa aparente confusão se deve mais ao fato de que várias de suas histórias não foram publicadas por aqui e o pouco que foi se apresentou de forma confusa, com “buracos” em sua cronologia que “trapaceava” a lógica do leitor no que diz respeito à cronologia. Afinal, de uma hora para outra surgiam diversos legionários que pareciam ter sido criados repentinamente. Ledo engano, pois muitos deles eram integrados gradualmente. O que acontecia, como dito, é que as histórias em que surgiam não eram publicadas por aqui. Mas, como veremos, o surgimento da Legião é bem mais modesto do que se imagina. A começar pelo despretensioso início de suas aventuras.

LSH005BNo final da década de 50, mais especificamente em 1958, o sucesso do Superman nos quadrinhos permitia que fossem publicadas histórias fora de sua linha de revistas normais, mostrando uma série de aventuras onde ele utilizava seus superpoderes na adolescência: as chamadas aventuras do Superboy. Em uma história com clima de ficção científica (muito comum na Era de Prata dos quadrinhos), Superboy vê sua identidade secreta ser descoberta por três adolescentes… que revelam saber a verdade por terem vindo do futuro… mais especificamente do século XXX. A visita ao mítico Superboy (mítico no século XXX, é claro) se deve a um convite para que ele integre a chamada… Legião dos Super-Heróis grupo a que pertenciam Cósmico, Satúrnia e Relâmpago.
Criados em uma história escrita por Otto Binder e desenhada por Al Plastino, em Abril de 1958, para a revista Adventure Comics n° 247, o trio fundador do que seria o famoso grupo aplica uma espécie de trote no menino de aço, sabotando discretamente os testes pelo qual passa. Tudo é revelado no final da aventura e o Superboy acaba tornando-se um membro honorário (e inspiração) da Legião.

O grupo fez certo sucesso e, apesar de terem sido criados apenas como personagens coadjuvantes de uma única aventura, em Dezembro de 1959 o trio da Legião dos Super-Heróis reaparece, dessa vez em uma aventura escrita por Jerry Siegel (criador do Superman) e desenhada por George Papp (co-criador do personagem Arqueiro Verde).

Já a terceira aparição deu-se na revista Action Comics, onde eram publicadas (e onde surgiu) as aventuras do Super-Homem… adulto. E de fato, viajam no tempo para uma época em que o motivo da visita é outro: encontrar a prima do herói… a Super-Moça. Estranhamente, os três legionários se apresentam como filhos dos três legionários que visitaram o Superboy no passado. A explicação estava no fato de que a Legião apenas aceitava integrantes com menos de 18 anos. Daí o motivo de procurarem a Super-Moça que, na identidade secreta de Linda Lee, era uma órfã de 16 anos.

Levada para o futuro da Legião, a jovem super-heroína conhece mais três legionários. Camaleão, capaz de alterar a própria forma física; Colossal, capaz de se tornar um gigante; e Rapaz Invisível, cujo nome já entrega qual é seu poder.

Diferente das provações pelas quais o Superboy teve que se submeter nas aventuras passadas, a Super-Moça provou seu valor agindo apenas com um auxílio mais comum. No futuro, o trânsito era tão intenso que já ocupava os céus. Para resolver esse problema, a Super-Moça utiliza seus poderes e cava um super túnel que atravessa o planeta, dando assim mais uma forma de acesso ao transporte. Mas algo dá errado… No meio das escavações, a heroína esbarra em um fragmento de kriptonita vermelha e seu corpo se torna… adulto! Como a Legião aceita integrantes com menos de 18, a Super-Mulher (como é chamada) não consegue sua vaga no grupo. Ao voltar ao passado, ela volta a ser a jovem Super-Moça, mostrando que o efeito da transformação foi temporário. Pena que seu rejuvenescimento aconteceu tarde demais e a Legião já havia voltado ao futuro.

Tempos depois surgia Starboy (que seria conhecido como Astron, no Brasil), um novo super-herói vindo do futuro e que tem poderes muito parecidos com os do Superboy. Esses poderes surgiram quando sua nave teve contato com um estranho cometa no espaço. Adquirindo invulnerabilidade, poder de voo e uma espécie de raio de calor, o jovem foi incentivado pelos próprios pais a assumir uma identidade heroica, o que lhe rendeu uma vaga na Legião.

LSH003BUm fato interessante no mundo do futuro na Legião dos Super-Heróis… é que parecia não haver ameaça alguma para combater. No início o grupo muito viajava ao passado para tentar ajudar seus amigos de outros tempos. Um recurso usado nas aparições do grupo (já que não havia o que se fazer…) era criar novos personagens que integrassem a Legião. E eles começavam a surgir em tamanha quantidade… que dava para se entender porque não havia nenhuma ameaça.

A vergonha pela qual passou a Supermoça durou pouco. Afinal, para super garotas… o certo é conversar com super amigas! Para convidá-la novamente surgem, duas novas integrantes, a Moça Fantasma (capaz de se tornar intangível e atravessar elementos sólidos e que seria conhecida futuramente como Etérea) e a Moça Tríplice (capaz de se dividir em três corpos distintos, porém idênticos).

LSH006BAs novas amigas levam Supergirl para o futuro, onde ela novamente mostra seu valor e finalmente consegue ser aceita na Legião. Também conhece outros novos legionários: Saltador (capaz de inflar seu próprio corpo até se tornar uma enorme bola saltitante), Solar (capaz de emitir rajadas de calor), Violeta Encolhedora (capaz de reduzir seu tamanho)… e Brainiac 5 que, apesar de ser descendente direto de Brainiac, um dos mais perigosos vilões do passado do Super-Homem, tem uma índole heroica. Com sua genialidade cria um cinturão que protege Supergirl dos efeitos da kriptonita. Voltando ao passado, e agora invulnerável inclusive contra kriptonita (o que lhe dá vantagem até mesmo sobre o Super Homem), Supergirl percebe que tem muito assunto para discutir com suas novas superamigas… principalmente devido ao seu interesse no bondoso e bom partido Brainiac 5.

 

Direitos Autorais nos Quadrinhos

Veja logo abaixo este ótimo artigo, escrito por Sérgio Codespoti para o UNIVERSO HQ , onde o leitor atualiza-se da briga que se arrasta por décadas à respeito dos direitos autorais do personagem Superman.
Confira.

Juiz norte-americano concede o copyright de Action Comics #1 à família de Jerry Siegel
Por Sérgio Codespoti (31/03/08), no website UNIVERSO HQ.


Action Comics #1O juiz federal norte-americano Stephen Larson decidiu, na quarta-feira, 26 de março de 2008, que os herdeiros de Jerome Siegel, mais conhecido pelos leitores como Jerry Siegel, tinham direito a uma parte do copyright do Super-Homem.Especificamente, a decisão de 72 páginas do juiz Larson garante à Joanne Siegel (esposa de Jerry Siegel) e Laura Siegel Larson (filha de Siegel) os direitos sobre o material do Super-Homem publicados em Action Comics #1, revista que lançou o personagem, e na prática “criou” o gênero dos super-heróis.

Esta é uma decisão complicada, que certamente será apelada pela DC Comics e pela Time Warner, grupo empresarial ao qual a editora do Superman faz parte.

A origem do processo

Jerry Siegel e Joe ShusterJerry Siegel e Joe Shuster, ambos já falecidos, se conheceram ainda adolescentes, na escola. Ambos freqüentavam o Glenville High School, na cidade de Cleveland, em Ohio, nos Estados Unidos. Os dois se tornaram amigos e passaram a ser colaboradores do jornal da escola em 1932.

Juntos, eles criaram uma história curta, O Reino do Super-HomemThe Reign of Superman), na qual o Super-Homem apareceu pela primeira vez, não como herói, mas como vilão. (

SupermanPor volta de 1937, a dupla estava tentando vender está história, já modificada e incluindo elementos clássicos da mitologia do personagem como a capa do uniforme, o logotipo e sua identidade secreta como Clark Kent, para diversos jornais.

A DC Comics, que na época era a editora National Comics, estava interessada, mas disse aos dois autores que deveriam modificar as tiras que haviam feito (o equivalente a quatro semanas de publicação diária) para o formato comic book, o que resultou numa história de 13 páginas.

Este material foi comprado pela National para a sua nova revista, Action Comics, que foi lançada em 18 de abril de 1938. Siegel recebeu pelo correio um cheque de 130 dólares, e devolveu à editora um documento assinado por ambos os autores garantindo à editora os direitos perpétuos do personagem.

O problema começa aqui

SupermanNesta época, os direitos autorais, assim como as leis trabalhistas e até mesmo os quadrinhos, ainda estavam em sua infância. O marketing e o licenciamento de produtos eram coisas raras, também nos seus primórdios, e ninguém tinha uma idéia realista de como mídias diversas estariam interligadas com os personagens de quadrinhos. Além disso, é um fato bastante conhecido que as práticas comerciais das editoras de HQs deste período eram abusivas, quando não criminosas (principalmente as editoras menores, que hoje já estão fora de atividade).

Devido ao sucesso espetacular de Action Comics e do Superman, já na década de 1940 Jerry Siegel e Joe Shuster estavam tentando obter de volta os direitos do personagem. Em 1948, a corte de Nova York defendeu a posse do copyright do personagem pela National Comics, e o assunto foi acertado mediante o pagamento aos autores de 94 mil dólares. Uma suntuosa quantia para a época.

SuperboyEm 1975, a DC Comics passou a pagar a Siegel e Shuster uma anuidade de 20 mil dólares, que posteriormente foi aumentada para 30 mil dólares.

Em 1976, o congresso americano aprovou uma lei, garantindo que qualquer autor de uma obra, ou seus herdeiros, pudesse encerrar a cessão de direitos autorais, desde que concedida antes de 1º de janeiro de 1978, e cujo copyright não tenha sido resultado de trabalho contratado (work for hire, em inglês).

Esta lei foi criada para garantir aos autores a possibilidade de renegociar um valor mais justo e honesto para suas obras, numa época em que o valor real de seu trabalho é muito mais aparente.

De acordo com a lei, dentro do prazo estipulado, e exercendo seus direitos legais, em 3 de abril de 1997, a Sra. Siegel e sua filha entraram na justiça com um pedido de Término da Transferência de Direitos (copyright), com base na legislação de 1976.

SuperboyA decisão judicial representa um primeiro passo vitorioso na luta de reconhecimento e justa remuneração dos autores. Muitos artistas, escritores e jornalistas especializados, entre eles Neil Gaiman e Mark Evanier, comemoraram com entusiasmo este fato.

A família Siegel está sendo representada por Marc Toberoff, que já havia resolvido com sucesso outra disputa similar, referente ao seriado James West (Wild Wild West) e sua adaptação para o cinema.

Conseqüências da decisão

Em primeiro lugar é preciso explicar que a decisão se refere apenas aos direitos nacionais do personagem. Os direitos internacionais continuam pertencendo da DC/Time Warner.

Esta decisão garante à família Siegel o copyright sobre o material produzido por Siegel e Shuster antes de serem contratados pela DC Comics. Na prática, isto significa apenas o material de Action Comics #1.

Superman - ReturnsPortanto, a DC e a família Siegel dividem hoje o copyright do personagem. E ambas as partes passam a ter que responder umas as outras, sobre os lucros obtidos com a exploração do copyright do Superman.

A situação poderá se complicar em 2013, quando teoricamente Mark Peary, o herdeiro de Joe Shuster, pode conseguir reverter o copyright de sua parte. Por lei, a mesma oportunidade garantida aos Siegels ocorrerá 75 anos após a data inicial, ou seja, em 2013 (1938 + 75). A atual decisão reforça esta possibilidade da reversão. Se isso ocorrer, a DC Comics não poderá publicar nenhum material do Super-Homem sem aprovação das duas famílias.

Caso a família Shuster também consiga reverter o copyright, as famílias dos autores do Superman ficariam com os direitos autorais até 2033, quando pela lei americana, expira o copyright, se o prazo não for prolongado pelo congresso (e existe muita pressão de companhias como a Disney, por exemplo, para que isso aconteça).

SupermanA decisão de Larson não define quanto a DC Comics tem que pagar para a família, pela exploração do Super-Homem, desde 1999 (quando teoricamente os direitos reverteram para a família), nem se outras companhias, como a Warner, que usaram o personagem em Superman Returns, por exemplo, também terão que pagar. Estas são questões que ficaram para outros debates e julgamentos.

Superman Returns arrecadou 200 milhões de dólares nas bilheterias norte-americanas.

Na prática, a vitória da família Siegel pode complicar o desenvolvimento de um novo filme do Super-Homem, ou até mesmo do filme da Liga da Justiça, do qual Superman participaria.

Smallville, que se baseia no Superboy, faz parte de outro processo, talvez ainda mais complicado, que continua a se desenvolver. Em 2006, os Siegel haviam conseguido obter os direitos do Superboy, mas o caso voltou a ser contestado e continua na justiça, ainda sem resolução.

SupermanQuanto aos elementos de Superman criados após Action Comics #1, como Metrópolis, Lex Luthor, Kryptonita, ou o aumento de poder do personagem (que originalmente não voava, nem tinha visão de calor), também serão resolvidos pela justiça, no futuro.

Outro ponto importante é que a marca registrada (trademark) do Superman pertence à DC Comics, e a família Siegel não disputa este fato. Mas reserva o direito legal de receber a sua parte nos lucros derivado do uso misto da marca registrada e do copyright. Este assunto não fez parte deste processo e deverá ser resolvido posteriormente.

No momento, esta é uma vitória de significado muito mais simbólico, e histórico, do que prático (pois grande parte dos problemas será resolvida em julgamentos futuros). Mas independentemente disso, é quase certo que a DC Comics deverá, no futuro, fazer outro acerto financeiro com a família Siegel, desta vez, muito mais justo em relação à importância do personagem criado.

Joanne Siegel disse que este era um sonho de seu marido, de voltar a ser o detentor dos direitos autorais do Super-Homem, e ela foi teimosa o suficiente para insistir até conseguir este resultado.

Laura Siegel Larson disse que passou toda sua vida à sombra deste momento, e que se sentia tão feliz que não conseguia explicar com palavras.

A Time Warner não deu declarações sobre o assunto.

Jerry Siegel faleceu em 28 de janeiro de 1996, e Joe Shuster morreu em 30 de julho de 1992.

Curiosamente, esta semana foi lançada nos Estados Unidos a revista All Star Superman #10, na qual Grant Morrison e Frank Quitely homenageiam os dois autores.

All Star Superman #10


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